sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Recomeçar


É assim que me sinto, fechando um ciclo e recomeçando outro. Não lembro onde, mas li uma vez que os ciclos tem em média sete anos e fazendo as contas é bem significativo, pois só agora consigo ter a maturidade que faltava para dar esse passo. Meu sonho desde a escola era fazer psicologia. Era eu quem escutava as amigas e sempre tinha um conselho útil ou uma observação para dar. A medida que o tempo foi passando, a ideia foi sendo substituída por outras áreas, letras, pois gostava de escrever e história. No vestibular escolhi psicologia como primeira opção e história como segunda. Não havia estudado muito, visto que ia fazer só para perder aquele "medo", mas passei em história. E fui fazendo, estudando, escrevendo e até gostei da ideia de me tornar professora. Porém vim para Portugal e me deparei com outra realidade. De certa forma até pior que no Brasil. Salários baixos, falta de segurança pois à princípio seria difícil ser funcionária e muitos ainda são recibos verdes, também com relação à disponibilidade geográfica. Essa história de ficar mudando de cidade ou região a cada ano é frequente. E além de tudo para reconhecer meu curso aqui, tinha que voltar a estudar.

Fiquei três anos em estado "vegetativo" por assim dizer. Trabalhei duas vezes em um lugar, mas com contrato de pouco tempo. No mais fiz um curso de inglês e de informática com alguma base de administração. Tive muita dificuldade em me adaptar, em gostar de viver aqui, aceitar as pessoas como elas são. E são bem diferentes do que imaginei.

Um dia falando com uma amiga, ela fez um comentário: porque não faz psicologia? Lá dentro acendeu aquela luzinha de desenho animado. Nossa, porque eu não pensei nisso antes?! Lá fui eu, me inscrevi na Universidade de Lisboa e surpresa das surpresas: consegui a vaga!!!

Estou na minha segunda semana de aula, com muita coisa para estudar, muitos amigos novos e muita esperança.

Sim, estou numa fase de grande mudança e um pensamento muito especial traduz o que estou passando:


"O primeiro passo para a mudança é a aceitação. Uma vez que você aceite a si mesmo, você abre as portas para a mudança. Isso é tudo o que você tem que fazer. Mudança não é algo que você faz, é algo que você permite."

domingo, 6 de setembro de 2009

Férias

Tenho andado ausente e sem muita vontade de escrever. Não que esteja triste, mas falta inspiração...

Essa semana o maridão tirou férias e aproveitamos para ficar mais tempo juntos, pois por incrível que pareça só o fim de semana é pouco ;)

Não fizemos grande coisa, nem viajamos, a única diversão foi o show do Armandinho, um cantor gaúcho que veio a Lisboa nesta sexta. Foi muito bom! Até porque lá no Brasil para vermos ele assim de pertinho era preciso muitas horas em fila e muito aperto perto do palco. Aqui não, foi super tranquilo. Talvez na próxima vez que ele venha não seja assim tanto. Vamos ver...
Deixo aqui uma música dele a qual me indentifico muito, pois reflete um período da minha adolescência.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Up







Eu simplesmente a-d-o-r-o filmes infantis e não escondo! Lá vamos nós, eu e o meu marido para o cinema sem nem ao menos disfarçar que não trazemos nenhuma criança conosco. E é tão bom! Tá certo, a Idade do Gelo 3 é um mimo, muito engraçadinho, ah o Cid! ehehe Mas UP é sensacional, superou todas as minhas expectativas. Em primeiro lugar porque apesar da fantasia inerente a qualquer filme do gênero ele traz muitas verdades sutis da vida adulta: entre elas a morte. Não é o primeiro a fazê-lo, Bambi que o diga, mas é o primeiro a dar um significado para ela e contextualizá-la com direito a alguns minutos de tristeza e silêncio completo na sala.
Segundo porque o Sr. Frederickson é mesmo um rabujento de se apaixonar!! E terceiro: aquela linda casa flutuante a pairar na maior parte do filme. Queria ter uma, não como a da Dorothy, mas suave como esta...a voar e voar para longe e para o alto.
O filme traz a baila a questão das promessas de adultos, dos nossos sonhos adiados, da modificações que a vida nos traz e a forma com que lidamos com os problemas que involutariamente atraímos. E também o recomeço que é a parte principal. Acreditar que nunca é tarde o bastante para recuperar os sonhos, por vezes transformados pelas circunstâncias...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O caso da tia

Estava remexendo no meu e-mail antigo e encontrei este arquivado. Não sei, fiquei perplexa ao ler, pois nada mais antagónico do que o sentimento que sinto por esta pessoa hoje. É estranho...como pode ter se transformado tanto?
Vou começar do início. Quando nasci a minha tia era até então o bebê da família, tinha 16 anos. Tomei o status de caçula e não só: parece que foi o fim de um ciclo dela com os meus padrinhos e o início do meu, com viagens, presentes, mimos e "estragos"...
A tia começou a trabalhar cedo, a namorar cedo. Tinha um monte de amigos, saía, ia para as festas. Meus avós eram super liberais e inclusive ela até levava o namorado para dormir em casa. Eu achava a vida dela o máximo, tinha ela como modelo a seguir e não a minha mãe. Para mim ela era a mais bonita (apesar de não o ser realmente), mais inteligente, enfim, queria ser assim quando crescesse. No entanto tive uma relação muito atribulada com ela, eu sempre a tratei bem, tinha o maior carinho, mas ela sempre me deu patadas e me criticava por tudo. Por eu ter o cabelo muito comprido, por eu não fazer ginástica, por eu ser muito dependente, mais tarde por não trabalhar, por não ter namorados e ser muito "criançola"... Depois de alguns anos de reflexão hoje eu vejo que muitas coisas que dizia era por ciúme.
Ela teve um papel muito importante no meu namoro com o Fernando, foi ela que nos "apresentou virtualmente", mas esta é outra história. Também depois que nós decidimos namorar sério, fez um monte de fofocas e falações para nos separar...
Mas isso era de se esperar, toda a família havia ficado contra nós, portanto, mais um...
A mágoa veio mesmo quando ela voltou para o Brasil, após ter morado sete anos em Portugal. As críticas voltaram e eu já não tinha mais a ingenuidade de uma criança. As palavras foram me magoando e acho que com o tempo fui colecionando mais tristezas. Sempre fui uma pessoa agressiva-passiva, o que não saía para fora porque não podia, ou não conseguia, ou não me deixavam, ia me enferrujando por dentro.
Finalmente ela foi para São Paulo, arrumou um emprego lá e surpresa das surpresas, alguns meses depois quando vim morar aqui, aparece grávida. De quem? Um cara que ela tinha conhecido dois meses antes e deve ter sido tipo na primeira. Mas não fiquei completamente surpresa, pois já havia sonhado com isso (tenho sonhos premonitórios). Não deixei de ficar triste...mais triste ainda porque esta pessoa que ela escolheu é de uma baixeza de sentimentos para não dizer palavras mais fortes. É do tipo de gente que se acha o máximo porque pode ter um filho entende? Como se um maluco qualquer não o conseguisse. Depois as coisas mudaram para pior, ele foi pouco a pouco a deixando submissa e isolando-a da família. Ela que era uma pessoa independente, de gênio forte, opiniática como diria a minha dinda, ficava como um cachorrinho atrás dele. E quando fui passar o Natal no Brasil, outra supresa. Com um bebê de 8 meses no colo, anunciou que estava grávida novamente de 2 meses. E o neto era o presente daquele indíviduo para o meu vô doente e a minha vó. Numa situação terrível de desemprego mútuo. Mas acho que naquela hora fiquei cega de revolta. Pensava porque eu que sou jovem, que tenho uma relação estável de 6 anos com o meu marido não podíamos sequer pensar na possibilidade? Depois disso seguiram-se pérolas do tipo: queremos 4, o fulano não vai fazer vasectomia como o Fernando; É bom para eles terem um pai (se referindo ao meu pai biológico que não quis nada comigo); Porque tu fechou a cara quando a tua tia anunciou o teu primo? Inocência das inocências. Este homem ainda deixou o clima mais pesado. Acho que simplesmente não precisava disso na familia...
Enfim...hoje está ela com dois filhos, continua com ele e brigada com um dos meus tios por causa do estrupicio...
Não, não há ainda espaço para perdão no meu coração. Eu tento o esquecimento, pois apesar de relativizar a situação, porque é óbvio que naquela palhaçada não há amor, não consigo ir além.
E aqui fica o e-mail que achei. Fica suspenso até que eu não-sei-o-que possa se modificar dentro de mim.

"oi tya!
que bom receber a tua "cartinha". fiquei muito feliz quando tu disseste que irá vir daqui a uns dois anos e para o Rio... eu tenho um sonho de conhecer o Rio...é muito interessante tua análise sobre o ciclo da vida, sobre ser mãe... acho que quando as pessoas começam a refletir sobre isso, é sinal de amadurecimento e sinal de que agora estás preparada para essa mudança. um casal sem filhos, digo, assim depois que o tempo passa e eles decidiram por não ter uma criança, é triste, falta algo com que se realizar... principalmente para a mulher, Deus é sábio, pois através da maternidade é possível despertar os sentimentos adormecidos. é também, dedicar o tempo que era somente nosso (aquele que não dividimos com ninguém), para usá-lo em função daquele novo ser. deve ser fantástico saber que carregamos no ventre, o milagre de um recomeço, de um espírito confiado a nós, necessitando de amparo, de ternura.talvez tu estejas te sentindo um pouco pressionada, inconscientemente, talvez essa seja a exigência de teu eu interno há muito tempo, mas que estava lá, guardado, dormente. te assusta esse seu despertar, não? é normal, sempre dá aquele friozinho na barriga quando chega a hora...e não te preocupes, o tio sérgio vai no embalo. tu sabes que já receberam no mundo espiritual essa "criança" e que ela já está se preparando para vir ao teu lar. tu sabes, bem lá no fundo que tu és capaz, que tu já fizeste isso antes e, que ser mãe é também um aprendizado assim como qualquer educação de sentimentos (não que seja fácil). e que não dá para pensar muito nos acertos que se quer ter, mas somente no amor que se pode dar.
um beijão da nyne"
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