Sei que há tempos achei um absurdo o modelo "francês"de educar as crianças, mas hoje eu dou a mão à palmatória. Claro que sempre vai ter alguém para dizer para não generalizar, que há crianças mal educadas aqui como também há crianças bem educadas no Brasil, mas quando falamos de uma cultura, ou seja, em uma visão macro da realidade (ou da minha percepção desta, como é todo este blog), é um ~mal~ que se faz necessário. E a verdade é que nós brasileiros damos muita balda para eles. Meu filho por exemplo, acha que a atenção deve ser 130% voltada a ele, muitas vezes é assim, mas quando não está satisfeito, a exige. É uma criança que não consegue brincar sozinha, tem que estar sempre interrompendo as nossas conversas, de maneira que sou bem ríspida depois de lhe falar pela enésima vez que nos aguarde terminar para falar. Tenho inveja de quem só com um olhar se faz entender, tenho inveja daqueles pais que não deixam de ser gente só porque tem uns fedelhos para educar.
Na época que resolvi ter filho, eu já vivia fora, porém tinha uma rede de amigos que poderia de vez em quando deixar o Fabian para que pudéssemos passear. Culpa é coisa que não me assiste, não era daquelas que ficavam tão perturbadas que não curtiam o momento. No entanto, nossa vida deu uma volta literalmente: atravessa oceano pra cá, atravessa oceano pra lá e aqui estamos nós a sobreviver dois anos sem folga para respirar. Há dias em que passamos bem, mas há outros em que a vontade é de atirá-lo ao mar ou atirarmos nós tamanho é o desespero. E pergunto-me porque tem de ser assim?
Este modelo de que são as crianças quem devem se adaptar ao nosso mundo e não o contrário, pareceu-me na hora uma maldade, mas hoje vejo que é uma ótima forma para não enlouquecer. Principalmente nestes casos em que não há absolutamente ninguémmmm que possa ficar nem de vez em quando com elas.
Quando notei a forma com que os franceses lidavam com seus filhos, oferecendo-lhes autonomia e por sua vez, cobrando-lhes responsabilidades, era como se um mundo novo se abrisse. E no primeiro momento rejeitei, depois invejei, para agora tentar colocar alguns destes hábitos na nossa rotina. Aqui em casa tem sido um trabalho de formiguinha para que o pai (que é quem mais estraga) deixe ele fazer escolhas e obviamente, quebrar a cara quando não dão certo. Os brinquedos e desenhos são de responsabilidade dele, se não guardar, vão para o lixo, simples assim. Em hipótese nenhuma agora eu deixo ele interromper uma conversa de adultos. Eu e o pai não somos crianças para ficar o tempo todo à disposição para distraí-lo, ele deve aprender a brincar sozinho. Só não posso fazer mais por falta de dinheiro para pagar uma babá... mas já disse que assim que pudermos, coloco ele no avião para passar umas férias com a vó no Brasil. E faço sem culpa nenhuma de voltar a ser gente.