sábado, 27 de junho de 2015

Surpresa


Se você olhou para o fundo e só viu sujeira, olhe de novo!
Estava triste porque o "indiozinho" morreu esta semana. Isto fez com que sobrasse apenas um peixe no aquário: uma fêmea que estava tão estranha que eu achei que era questão de dias para morrer também. Mas hoje de manhã o aquário acordou assim, quase trinta mini platis nadando.  E quem descobriu foi o Fabian (confesso que pensei que era mais uma das histórias mirabolantes que ele inventa)!


De onde viemos?



Não lembro exatamente quando comecei a fazer este gênero de perguntas, mas lembro-me da primeira vez que este livro veio me parar às mãos. Aparentemente a mãe achou mais fácil do que explicar sem gaguejar e eu lhe sou eternamente grata por esta decisão. Este livro é uma das memórias mais doces da minha infância, pena ter se perdido como a maioria delas, pois gostaria que o Fabian o lesse.
As ilustrações são engraçadinhas, e as comparações então nem se fala. Tipo, sexo é muito bom, quase tão bom como pular corda. Orgasmo é como se fôssemos espirrar: dá aquela agonia e é tão bom quando finalmente conseguimos soltar aquele aaaatchimmm. Mas mesmo sendo uma coisa boa, não podemos fazer sexo o tempo todo, assim como não podemos pular corda o dia inteiro. 
O livro mostra as diferenças entre o corpo do "papai" e da "mamãe" e explica a mecânica sexual como a poesia dos corpos que se amam tanto, mas tanto, que o único jeito de ficarem mais perto um do outro é o pênis encaixando-se na vagina. Depois contam como é a longa jornada do espermatozoide apaixonado até o óvulo, originando o "bebê". "De onde viemos?" Termina com o nascimento do mesmo, após mostrar todas as fases de crescimento dentro do útero da mamãe. 

Aos sete anos era como se tivessem me contado um grande segredo, ai as maravilhas de se crescer nos anos 90! O Fabian, aos quatro anos, disse para a professora que eu tinha um bebê na barriga porque tinha muitas bolinhas dentro de mim. A professora achou que era verdade e o marido ao ser perguntado, fez até o sinal da cruz. Achei que estavam ensinando sobre isto na escola, mas não, ele apenas transpôs o que aprenderam sobre as galinhas, vacas e cabras para nós. De qualquer forma, ainda não surgiu a curiosidade sobre como estas bolinhas ou bichinhos saem do pai para a mãe. É, cegonha, aqui em casa não tiveste qualquer papel.

terça-feira, 23 de junho de 2015

La bureaucratie

Ou a 'burrocracia' para os íntimos.
Supostamente burocracia seria um conjunto normativo de regras segundo as quais uma organização, seja ela o Estado ou uma microempresa, se utiliza para funcionar. Seria digamos assim, o óleo para que os parafusos e maquinaria possam exercer o seu trabalho. Mas não é. No fundo o aspecto inofensivo daquele funcionário atrás de uma mesa com um carimbo na mão, esconde uma sociedade perversa e secreta: os burocratis. Eles andam aí ( inserir musiquinha do Arquivo X) para atrapalhar a vida de quem ousar se intrometer nas roldanas do Estado. Requerer direitos então? "Magina". O marido está há dois meses tentando receber o salário desemprego, mas pulando o fato dos desgraçados da primeira empresa que trabalhou, terem feito de tudo para não entregar um maldito papel (ficamos um mês nisto), pulando o outro fato da segunda empresa ter resolvido que apesar do contrato ter cessado no meio do mês, só lhe davam o papel na primeira semana do mês seguinte, temos também o querido, o fofo do funcionário público. Ora, porque a norma é esta: para que simplificar se podemos complicar? Por que não deixar para pedir mais um documento naquela hora que o sujeito à sua frente já veio e voltou milhentas vezes ao invés de pedir tudo de uma vez só? Porque há um curso qualquer a nível mundial desde a China até o Uzbequistão que os ensina a olhar com a cara mais pachorrenta do mundo e dizer que "nada não, é só isto". Não é óbvio? Como é que ninguém ainda não fez nada para conter esta máfia? Rá, e quando penso naquele povo do Brasil que acredita viver em uma ditadura comunista gayzista feminista, penso no quanto são inocentes. O buraco é bem mais embaixo, depois não digam que não avisei ( mas eu sei que a coxinhada só vai lembrar disto quando recorrerem ao consulado para ter cidadania européia  porque o tatatatataravô era italiano). 

Tipo muito eu


Acho que toda vez que a Maria Bethânia canta "Fera Ferida" ela dá uma olhada na platéia e dedica a mim. Então quando abre os braços e balança o cabelo soltando "acabei com tudo, escapei com vida, tive as roupas e os sonhos rasgados na minha saída", tenho a certeza de que ela está narrando minha epopéia Portugal-Brasil/ Brasil-França com as minhas malas lotadas de incertezas e um filho de três anos pela mão. Quem me conhece sabe o quanto gosto do meu país, mas zanguei-me com ele, com tudo que deu errado, com as pessoas, com a demora da vida sempre a jogar-nos como as melancias em uma carroça, e por Deus que não aguentava mais ouvir que com o tempo elas se ajeitariam e a gente teria de novo uma casa, emprego, escola (carro?), enfim. Ainda estou amargurada, tanto que nem nos meus pesadelos penso em voltar ao Brasil com medo de ser puxada àquele redemoinho de 2012. E falo como se fôssemos parentes distantes que alguma briga de família afastou. Mas sigo gostando, de um jeito ordinário, sem vergonha, acompanhando de longe o passado em bicos dos pés. Nós já fomos felizes em cantos guardados na minha memória, quando pedalava aos domingos com meu vô; quando abraçava as amigas de praia depois de um ano separadas; quando eu e o Fernando demos as mãos pela primeira vez... 
"Eu sei que flores existiram, mas que não resistiram à vendavais constantes". Até hoje com o punhado de família que ainda tenho contato (menos que meia dúzia de gente), ouço lamentos como que para me sentir culpada porque vai fazer dois anos que não nos veem, paciência. Skype tá aí para isso. Não me sinto preparada para voltar, tampouco  me sinto forte o bastante para tirar o marcador desta página, a qual sempre volto seja por medo ou raiva do presente. Já sei que esse caso não tem solução: mas se for pra ser fera ferida que seja na Cotê D'Azur...ao invés de num apê em Porto Alegre.

sábado, 13 de junho de 2015

Os franceses têm razão

Sei que há tempos achei um absurdo o modelo "francês"de educar as crianças, mas hoje eu dou a mão à palmatória. Claro que sempre vai ter alguém para dizer para não generalizar, que há crianças mal educadas aqui como também há crianças bem educadas no Brasil, mas quando falamos de uma cultura, ou seja, em uma visão macro da realidade (ou da minha percepção desta, como é todo este blog), é um ~mal~ que se faz necessário. E a verdade é que nós brasileiros damos muita balda para eles. Meu filho por exemplo, acha que a atenção deve ser 130% voltada a ele, muitas vezes é assim, mas quando não está satisfeito, a exige. É uma criança que não consegue brincar sozinha, tem que estar sempre interrompendo as nossas conversas, de maneira que sou bem ríspida depois de lhe falar pela enésima vez que nos aguarde terminar para falar. Tenho inveja de quem só com um olhar se faz entender, tenho inveja daqueles pais que não deixam de ser gente só porque tem uns fedelhos para educar. 
Na época que resolvi ter filho, eu já vivia fora, porém tinha uma rede de amigos que poderia de vez em quando deixar o Fabian para que pudéssemos passear. Culpa é coisa que não me assiste, não era daquelas que ficavam tão perturbadas que não curtiam o momento. No entanto, nossa vida deu uma volta literalmente: atravessa oceano pra cá, atravessa oceano pra lá e aqui estamos nós a sobreviver dois anos sem folga para respirar. Há dias em que passamos bem, mas há outros em que a vontade é de atirá-lo ao mar ou atirarmos nós tamanho é o desespero. E pergunto-me porque tem de ser assim? 
Este modelo de que são as crianças quem devem se adaptar ao nosso mundo e não o contrário, pareceu-me na hora uma maldade, mas hoje vejo que é uma ótima forma para não enlouquecer. Principalmente nestes casos em que não há absolutamente ninguémmmm que possa ficar nem de vez em quando com elas. 
Quando notei a forma com que os franceses lidavam com seus filhos, oferecendo-lhes autonomia e por sua vez, cobrando-lhes responsabilidades, era como se um mundo novo se abrisse. E no primeiro momento rejeitei, depois invejei, para agora tentar colocar alguns destes hábitos na nossa rotina. Aqui em casa tem sido um trabalho de formiguinha para que o pai (que é quem mais estraga) deixe ele fazer escolhas e obviamente, quebrar a cara quando não dão certo. Os brinquedos e desenhos são de responsabilidade dele, se não guardar, vão para o lixo, simples assim. Em hipótese nenhuma agora eu deixo ele interromper uma conversa de adultos. Eu e o pai não somos crianças para ficar o tempo todo à disposição para distraí-lo, ele deve aprender a brincar sozinho. Só não posso fazer mais por falta de dinheiro para pagar uma babá... mas já disse que assim que pudermos, coloco ele no avião para passar umas férias com a vó no Brasil. E faço sem culpa nenhuma de voltar a ser gente.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pílulas de sabedoria

Eu acho lindo este amor incondicional que as pessoas sentem pelos seus filhos, me comove. Pena ( como disse uma comentadora childfree) é que o amor seja apenas para eles, o resto do mundo fica com este azedume: 

"PRA VOCES TODAS SUAS FILHAS DA PUTA ESPERO QUE UM DIA SEJAM LARGADAS A PRECISAR DE AJUDA!!! QUE QUEIRAM CONSOLO E EM VEZ DISSO VOS APEDREJEM, TAL E QUAL COMO ABANDONARAM VOSSOS FILHOS A CHORAR OU AINDA PIOR, LHES BATERAM! AS CRIANÇAS NAO TÊ. CULPA, NAO PEDIRAM PRA NASCER! CABRAS DEVIAM SER INFERTEIS. QUE NOJO. "


Ao contrário de você anônimo/a eu não desejo nada mais, sua vida deve ser mesmo uma merda pelo que demonstrou neste comentário. 

terça-feira, 9 de junho de 2015

O sino



O Fabian não sabe o que é uma igreja. Ele a chama de relógio. É fascinado com o sino: "o que ele tá dizendo"? Qualquer coisa como é hora de ir pra casa, respondemos. Já entrou diversas vezes na igreja de Saint Raphael, olhou para as velas e para as imagens. A única coisa que lhe digo é para fazer silêncio, não tenho a mínima vontade de contar as ladainhas que fizeram parte da minha infância. Não, querida sogra, lá não é a casa de Deus. "Quem dormir sem rezar três aves Maria e um pai nosso vai pro inferno", dizia a madre ossuda do colégio de freiras. "Tem certeza de  que é só isto?", falou-me outra vez o padre na minha primeira confissão antes da missa de comunhão. Falou como se soubesse que já havia descoberto as maravilhas do sexo à sós. Ele sabia. Mas e isto é pecado por quê? Deus daria uma coisa boa destas ao alcance de nossas mãos e depois proibiria? Condenaria ao inferno eterno? Não acredito em Deus, no Deus caprichoso, volúvel e mesquinho que os homens criaram.
Não acredito nos seus fiéis. Como aqueles que se escandalizaram perante uma mulher trans crucificada durante a parada gay de São Paulo. Ó que horror, ainn respeitem a minha religião! Pois eu digo que isto não é fé, mas sim vaidade. Quando olham para a foto, não sabem interpretar e pensam só em "como me sinto ofendido com isto", não passam de umas ovelhas ignorantes.  Não veem que este símbolo está sendo usado como forma de protesto direcionado a uma sociedade que os julga e crucifica todos os dias. Além do mais, bafafá armado por quem quer impedir o casamento gay, a adoção por casais homoafetivos, e que certa vez se dispôs a implementar  um projeto de "cura homossexual". A bancada evangélica e cristã (quase uma redundância se não pensarmos que os evangélicos são uma espécie de radicais católicos com muito mais interesse no cu alheio) cresce a cada eleição, o que traz uma dúvida sobre até quando seremos um país laico. Alguém aposta que daqui uns anos o dízimo possa fazer parte da vida de qualquer cidadão brasileiro tal qual o imposto de renda? 
Voltando à pergunta: o que o sino diz? Como se cada vez ele quisesse falar uma coisa... Como ensinar metafísica para uma criança de quatro anos? Como dizer que Deus é só um personagem usado para manipular, enriquecer, matar, e que ele não existe? Que aquilo que acredito está em todas as coisas, é uma energia, não tem forma, não se ofende com polêmicas de facebook, nem se restringe a uma parede e uma cruz? 
Não sei o que o sino diz....mas acho que tá na hora de ir para casa.


Se 'Deus' for mesmo brasileiro, ele é chegado em uma zueira, portanto acho que a ideia de hackear a página do Feliciano foi dele.




segunda-feira, 1 de junho de 2015

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