sábado, 13 de junho de 2015

Os franceses têm razão

Sei que há tempos achei um absurdo o modelo "francês"de educar as crianças, mas hoje eu dou a mão à palmatória. Claro que sempre vai ter alguém para dizer para não generalizar, que há crianças mal educadas aqui como também há crianças bem educadas no Brasil, mas quando falamos de uma cultura, ou seja, em uma visão macro da realidade (ou da minha percepção desta, como é todo este blog), é um ~mal~ que se faz necessário. E a verdade é que nós brasileiros damos muita balda para eles. Meu filho por exemplo, acha que a atenção deve ser 130% voltada a ele, muitas vezes é assim, mas quando não está satisfeito, a exige. É uma criança que não consegue brincar sozinha, tem que estar sempre interrompendo as nossas conversas, de maneira que sou bem ríspida depois de lhe falar pela enésima vez que nos aguarde terminar para falar. Tenho inveja de quem só com um olhar se faz entender, tenho inveja daqueles pais que não deixam de ser gente só porque tem uns fedelhos para educar. 
Na época que resolvi ter filho, eu já vivia fora, porém tinha uma rede de amigos que poderia de vez em quando deixar o Fabian para que pudéssemos passear. Culpa é coisa que não me assiste, não era daquelas que ficavam tão perturbadas que não curtiam o momento. No entanto, nossa vida deu uma volta literalmente: atravessa oceano pra cá, atravessa oceano pra lá e aqui estamos nós a sobreviver dois anos sem folga para respirar. Há dias em que passamos bem, mas há outros em que a vontade é de atirá-lo ao mar ou atirarmos nós tamanho é o desespero. E pergunto-me porque tem de ser assim? 
Este modelo de que são as crianças quem devem se adaptar ao nosso mundo e não o contrário, pareceu-me na hora uma maldade, mas hoje vejo que é uma ótima forma para não enlouquecer. Principalmente nestes casos em que não há absolutamente ninguémmmm que possa ficar nem de vez em quando com elas. 
Quando notei a forma com que os franceses lidavam com seus filhos, oferecendo-lhes autonomia e por sua vez, cobrando-lhes responsabilidades, era como se um mundo novo se abrisse. E no primeiro momento rejeitei, depois invejei, para agora tentar colocar alguns destes hábitos na nossa rotina. Aqui em casa tem sido um trabalho de formiguinha para que o pai (que é quem mais estraga) deixe ele fazer escolhas e obviamente, quebrar a cara quando não dão certo. Os brinquedos e desenhos são de responsabilidade dele, se não guardar, vão para o lixo, simples assim. Em hipótese nenhuma agora eu deixo ele interromper uma conversa de adultos. Eu e o pai não somos crianças para ficar o tempo todo à disposição para distraí-lo, ele deve aprender a brincar sozinho. Só não posso fazer mais por falta de dinheiro para pagar uma babá... mas já disse que assim que pudermos, coloco ele no avião para passar umas férias com a vó no Brasil. E faço sem culpa nenhuma de voltar a ser gente.

7 comentários:

  1. Perfeito seu texto, concordo com tudo! Não acho que devamos deixar de ser nós mesmas por causa dos filhos, deixar de viver,fazer as nossas coisas para ficar 24 horas por dia lhes dando toda a atenção. Afinal de contas precisamos respirar, e merecemos um tempo só nosso, ou enlouqueceremos. Eu mesma já estou quase louca... =0
    Bjos.

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  2. Olá anônima! Pois é isto mesmo, em primeiro lugar vem o casal ou o pai/mãe se forem separados, depois os filhos. O problema é que hoje os pais vivem para satisfazê-los, acham sempre que eles são "coitadinhos". Aqui o Fabian já ajuda em algumas coisas tipo por a mesa, a roupa dele ele põe na máquina (não tenho ainda caixa para roupa suja), arruma os brinquedos, leva o copo/prato para a pia...
    Beijinhos

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  3. Nao podia estar mais de acordo. Nunca fui o centro da vida dos meus pais, e não sei que tipo de pessoas egocêntricas estamos a criar, com esta centralidade que se dá hoje aos filhos, em TUDO na nossa vida...

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  4. Mas qual é o problema de dar autonomia às crianças? Autonomai dentro das suas capacidades?
    Eu não sei se seria capaz de deixar os meus filhos sozinhos em casa como fiquei, mas o meu mais velho de 8 anos ainda não vai sozinho para a escola, quando eu com 6, ia e vinha de autocarro.
    Já sofri na pele o resultado de educações em que os meninos são o centro do mundo....cruzes credo são os adultos do pior.
    Quando andamos sempre em cima deles, eles não respiram, nós não descansamos e damos cabo do relacionamento.
    Todos precisamos de respirar, e o que funciona numa criança não funciona noutra.
    Bjs

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  5. Concordo com tudo o que vc escreveu. Hoje a impressão que dá é que devemos viver para satisfazê-los! Eu crio a minha sozinha e somente eu sei o que eu passo! Amo-a demais, faço a minha parte (educo, cuido da alimentação, levo na igreja) mas ser mãe é muito sofrido! Sempre imaginei que deveria ser trabalhoso porém é muito pior do que imaginei. Tomo medicamentos e tem dias que tenho vontade de sumir. Deus ajude a todas nós.

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  6. Espero conseguir ser firme na educação da minha filha. Desde que ela nasceu não faço nada que não seja cuidar dela. Me comprometi a ficar 2 anos sem viajar, sem sair para me divertir, vivendo em função dela. Mas depois que ela completar 2 anos, vai ter que entrar nas minhas regras. Porém quando disse para o meu marido e minha mãe que pretendo colocá-la na escolinha com 2 anos e meio, meu Deus! Praticamente me chamaram de cruel.
    Sou a pessoa que mais ama minha filha e a que cuida melhor dela, mas no final todo mundo se acha no direito de se meter e exigir que minha vida como mãe se torne uma "escravidão"

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