quarta-feira, 2 de novembro de 2011

E será que algum dia?...

Há umas duas semanas (acho) tive uma discussão com uma amiga. Eram mágoas antigas que foram ficando para trás, que fomos passando por cima, mas ante um telefonema meu desesperado por causa dos problemas com a minha mãe, ela acabou me dizendo coisas que queria ter dito há algum tempo. Não sei se naquela hora era o que eu precisava escutar, muito provavelmente não e por isto ficaram a pairar na minha cabeça frases soltas, ríspidas, trêmulas, em círculos.
Quando ela veio aqui em casa perguntei o que queria dizer com aquilo e aí foi uma conversa longa, mas que eu fiquei magoada e ela também. No entanto, ela primeira vez consegui dizer algo que sentia e que até então me parecia sem importância, mas como dizem: quem fala o que quer, escuta o que não quer... E ela escutou bastante.
A ideia é que eu sempre que ia lá ou nos encontrávamos ouvia uma indireta e que muitas vezes era dita com brutalidade, mas eu sempre procurei entender e desculpar, achando que ela devia estar estressada ou coisa assim. E depois ela me diz o contrário, que eu digo coisas que a magoam e que por isto, ela que tem uma personalidade bem forte, não consegue se calar e zás nos meus dedinhos. Eu admito que às vezes não tenho muito filtro e que faço comentários bobos, mas são isto mesmo e nada mais, são apenas bobos e não maliciosos. Por exemplo, uma vez disse a uma outra amiga que finalmente a via bem vestida. Mas falei brincando e muito feliz por vê-la bonita, sem se esconder em roupas de mulher com mais de 70 anos, tendo ela 40.
Só que eu tenho menos 15 anos de vida que eles todos, amigos do meu marido. E quando vim para cá tinha apenas 21 anos, era uma menina boba, mas esforçava-me em me dar bem com todos. Sendo que meu lema foi estar sempre na minha e me afastar de polêmica e escândalos, que sentido faz eu fazer comentários só para magoar alguém?!
Mas isto são coisas minhas e quando ela faz coisas do tipo: no Natal, estava eu enorme de gorda, sem uma roupa que me servisse. Entro finalmente em um vestido que fica com os botões pedindo socorro e ela diz para a filha e para todos: olha a fulana tá igual a Nyne, os botões estourando. (porque tínhamos dado um vestido a menina e ficou pequeno, mas mesmo assim, ela gostou e não tirou). Isto vindo de uma ex-obesa que fez cirurgia para emagrecer... Ah poxa, só sabe olhar para o umbigo dela.
Mas o x da questão, que ela bateu tanto na tecla, era que eu tinha que aceitar os outros. Aceitar os outros como são. Ora e quem é que aceita alguém, assim, "realmente"? Eu não acho que estou no estágio evolutivo de Jesus ou Budah, ou Madre Teresa. Eu sou uma pessoa que ainda está na fase do tentar e de que respeitar é o máximo que consigo perto de aceitar. E que ainda assim, muitas vezes acho que isto podia ser diferente, e respeito apenas nas ações ou nas palavras, ou no silêncio. Embora na minha cabeça esteja uma vontade desaprovadora ou uma simples contrariedade por estar escutando ou convivendo com a pessoa tal.
Aceitar para mim é um degrau acima. É não revirar os olhos quando alguém diz uma coisa que nos irrita. É ver com complacência o adolescente que tudo sabe. É ter paciência com os mais velhos que tendem a ser muito mais inflexíveis que nós. Aceitar é ver com amor a outra pessoa, a essência, só a sua parte "boa". É dizer só com o coração, eu te vejo, eu te amo. Assim, não precisa mudar nada. Eu me adapto a ti. És lindo por dentro, mesmo com tudo que nos torna diferente, há algo em ti que nos une. Nós. Eu. Eu te aceito. Eu me aceito.
Aceitar para mim é isto. É a morte do ego. Pois só queremos mudar algo porque nós não conseguimos conviver com aquilo, seja o que for. Uma pessoa, um povo, um barulho, um hábito.
Mas como sou muito sincera comigo, ainda não aceito quase nada. Quem me dera que o mundo dançasse conforme a minha música, que as coisas fossem quase perfeitas. Que as pessoas fossem educadas, não fumassem na minha cara, respondessem ao bom dia, não empurrassem na escada rolante, deixassem eu passar na porta do metrô antes de entrarem. Quem me dera que a minha mãe não me cobrasse tanto, que o dinheiro fosse mais, que o corpo fosse menos, que o marido soubesse poupar como eu.
E quem somos a não ser crianças que ainda olham para o mundo como se fosse um brinquedo nosso, mas que apesar disto, se move com suas próprias regras, fingindo não nos pertencer?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Infantário

Conseguimos. Depois de tanto procurar, achamos a creche para o Fabian. É pequena, mas as pessoas são muito amorosas. No entanto é privada... mas é perto da estação e assim o pai pode levar e eu buscar quando volto da faculdade. A sala é pequena, mas as crianças estão tranquilas e também comem no primeiro piso e assim não passam o dia inteiro no mesmo ambiente. Como veem, nada é perfeito. Dentro das nossas possibilidades e a nível de distância, foi o melhor que conseguimos. Talvez no ano que vem o inscrevemos na creche da paróquia aqui perto, sai a metade do preço., mas por agora fica lá.
A adaptação está sendo boa, na medida do pssível. Chora quando o deixamos, mas depois se distrai sozinho. Hoje já almoçou lá e comeu tudo. Amanhã já vamos tentar que durma e venha com o lanchinho. Na semana que vem a minha mãe vai embora e eu vou ter de deixá-lo das 7:30 às 17hrs e é bom que já esteja habituado. Sendo que segunda e sexta posso buscá-lo antes pois não tenho aula neste semestre.
E é assim, passou-se 20 dias, muita coisa aconteceu e eu não tive tempo nem paciência de escrever...o marido já volta no sábado à noite e segunda minha mãe viaja bem cedo para o Brasil.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Correria


Ando numa correria para ver uma nova creche para o Fabian. Não dá mesmo para ele continuar em Lisboa... e por enquanto ele está com a mãe, até porque tá doentinho, de "baixa" médica em casa. O médico receitou antibióticos até o dia 27 deste mês.
Eu ando cansada, tanta coisa para estudar/rever, trabalho para fazer, casa para arrumar, estar presente para o Fabian, fazer ginástica... Não tem dado tempo para respirar e quando dá, quero é dormir! Falando nisto, lá vou eu!
Boa noite!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Abusa da paciênciaaaa

Pois é assim, a vida tem abusado e muito do meu saquinho de paciência! Mas um aviso: ele é pequeninninho e não estica muito, tá?
A chegada da minha mãe tem sido tempestuosa. Aliás, ainda não há um furacão com o nome Sandra? Pois ele passou por aqui em escala 5, devastando toda a área deste apartamento de 80 metros quadrados, deixando um rastro de azulejos pretos, roupas pela esteira, pingos no espelho, água por toda cozinha, panelas empilhadas pelo balcão... Mas o desastre mesmo é a ansiedade que a mãe está. Do tipo que ligaram da tomada e saiu por aí em curto circuito, andando aos pulos. Ela tem sido muito invasiva, chega e quer fazer as coisas do jeito dela, quer mandar na comida do Fabian, nos brinquedos, em tudo. O ponto alto foi o escândalo que se passou no infantário. Ela simplesmente detestou o lugar, as funcionárias, tudo. Eu sei que tem alguma razão de ser esta revolta, mas não pode ser assim, gritar no próprio lugar que ele não presta...
Todo mundo que tem paciência para me ler, sabe o quanto sou sincera. E eu sei que tem sido muito cansativo o caminho até a creche, para nós dois. Vejo que não foi a melhor escolha, fui pensando só no que iria poupar e não me dei conta do que seria carregar uma criança inquieta por 1h e meia nos braços na ida e 1h e meia na volta, pois mesmo sentada, tenho que ficar rija, segurando-o. Sei também que as funcionárias não são o espetáculo em pessoa. São carinhosas até por ali. Mas já vi que não dão muita assistência quando os bebês começam a chorar e também já vi uma bebê pequena a estar sempre (sempre!) na espreguiçadeira e só a pegam quando chora ou para trocar. Sei que o lugar tem janelas pequenas e altas e que também as crianças da sala de 1 ano não podem sair para o pátio, ficando confinadas o dia inteiro. Mas até onde este cenário não se repete no privado? Até que ponto a minha vizinha que tem os filhos na creche ao dobrar da rua e deixa lá 800 euros, é diferente? Pelo que vi a sala não difere muito e as crianças pequenas não saem de lá. Quanto as funcionárias não posso dizer porque não conheço. Enfim... ando estressada porque a mãe me deixa num tal estado que o melhor que posso fazer é ficar quieta. Mas isto foi o que sempre fiz...porque era melhor fazer a vontade dela do que ficar discutindo e porque a minha vontade murcha quando tenho que me explicar e fico sempre com a impressão que estou contra a parede.
Ontem estive eu à beira de um ataque. Nem sei como não gritei na rua, como não mandei a puta que o pariu o primeiro idiota que não paresse o carro na faixa de segurança (passadeira). Sentia o coração pulsar em eco pelos meus nervos, como uma bomba relógio. Precisava falar, precisava alugar algum amigo, mas não tinha ninguém. Nem mesmo o marido, pois ela estava sempre junto quando falamos no messenger.
O caminho para a creche foi o tempo todo cortado pela voz dela a chamar a atenção do Fabian para as árvores, o carro, a janela, o caminhão, o passarinho, as flores, o cachorro. Tudo isto em um rap angunstiante, sem pausas. E se aquilo já me deixava o estômago às voltas, imagina o Fabian? Aí reclamou que ele anda chupando muito bico, que está sempre mexendo nas orelhas e que anda depressivo com o lugar que eu deixo. Só cobra, cobra e cobra de mim uma postura, uma decisão que nem se eu fosse gênio da lâmpada conseguia deixa-la satisfeita. Será que eu não vejo que ele está infeliz? Será que tu só pensa em ti e não tá nem aí pro teu filho?
Pois eu estou numa fase braba. Estou aí e sinto pena de não estar mais. Porque estou aí por alguns momentos. Quando consigo estar bem e brincamos, dou o peito, banho, canto. Mas até isto não basta. Já veio com a novela que não tenho leite. Que se tenho deve ser uns pingos. E dá-lhe mamadeira no guri.
Eu sei, se não me imponho agora, as coisas vão piorar e daí, eu é que não quero ir para o Brasil me estressar no ano que vem. Porque se está assim agora, na minha casa, o que fará lá no território dela?
Hoje fico por aqui. Tenho muito em que pensar...
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