sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Doar vida


Não contei nada até agora, mas já me encontro no meio por assim dizer de uma estimulação para engravidar. Não é para mim, mas para alguém que não conheço, ter esta chance. Desde que entrei nestas andanças de tratamentos, tive vontade de doar óvulos, no entanto era um pouquinho estressante estar a pensar em alguém primeiro se eu queria tanto engravidar. Portanto, achei necessário esperar que eu conseguisse e depois esperar que o Fabian tivesse maior e que não amamentasse mais para que pudesse passar por este processo.
Quem lê deve pensar: esta mulher é maluca. Ainda estes dias estava a falar da maternidade e agora isto? É, o ser humano é cheio de contradições não é mesmo? O problema que eu tenho não tem nada a ver com este "setor" de desprendimento ou seja lá o que queiram chamar. Não é porque eu tenha problemas de vinculação ou com a maternidade em si, que não entenda e me identifique com mulheres que querem engravidar e não conseguem. Acho que uma coisa não interfere na outra ou... talvez sim. Sei lá. Quem sabe, seja uma forma de dar oportunidade para alguém de ser feliz como eu achava que seria. Quem sabe? Uma forma de nascer de novo como mãe, apenas simbolicamente, visto que apenas doo uma célula. Mas sabemos que não é só uma célula, é uma semente carregada de sonhos, de vida, de planos que estes pais já fazem há muito tempo...
Durante este mês de dezembro estarei em tratamento e, com sinceridade, desejo o melhor para este casal, que tenham sucesso nesta tentativa e sejam felizes com as suas escolhas.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Este Natal...


Vai ser assim, só nós três. Vai ter peito de peru (que um inteiro já é demais), molho de natas com queijo e cogumelos, batatas com casca assadas com azeite e uma torta de bombom (que vou fazer pela primeira vez).
A ávore já está montada e já caiu em cima do Fabian apenas 20 minutos depois. Caiu não é bem a palavra certa. Foi puxada, esticada e cedeu. E ele não conseguiu tirar a bolinha, mas em segundos ficou rodeado delas, saltitantes e chorou. Agora é assim, chora de manha um grito fininho de tinir os ouvidos.
Sorte dele é que desta vez só as bolinhas de plástico foram penduradas, isto porque já previa que teimaria em lhes arrancar o tempo todo. Mas gostou das luzes piscando e do boneco de neve na parede.
Este natal vai ser o primeiro em que não teremos presentes, nenhum de nós. Vamos (tentar) celebrá-lo como deveria e como era antes da mídia toda despir-lhe o significado. Não, eu não sou fundamentalista e nem pretendo que seja sempre assim. Mas devido as circunstâncias aposto que será uma boa experiência. :)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Eu no divã


Ultimamente tenho pensado muito nas minhas atitudes como mãe. Já falei tantas vezes aqui da minha dificuldade de vinculação com o Fabian que até perdi a conta. A verdade é que eu não sei se toda mulher tem mesmo este instinto ou se depois de instinto ele torna-se algo muito maior: o tal amor incondicional. Eu juro que isto fica me angustiando a cada vez que leio sobre isto. E confesso que também acreditava que ia acontecer comigo, instantaneamente quando me tornasse mãe. A verdade é que estou à espera do tal amor incondicional. Porque muitas vezes me passa pela cabeça que me arrependo de ter tido esta escolha, que odeio ser mãe e não consigo me adaptar a esta mudança. Muitas vezes olho com irritação para o meu filho e odeio a ideia de alguém depender de mim. E porque eu? Porque não aguento o choro, o puxar na roupa, aquele lamento por horas... eu não sei, algo dentro de mim vem à tona, borbulhando, desato a gritar, a dizer coisas ofensivas e muitas vezes disse a ele que não queria que ele tivesse nascido. Logo eu que tanto infernizei o marido para ter um bebê. Não me reconheço. Na hora sai tudo aos solavancos, depois dá um nó, a garganta murxa e dá vontade de recolher o que disse, mas é tarde. E isto acontece muitas vezes.
Às vezes penso que esta história de mãe é como qualquer outra experiência: ou se gosta ou não se gosta. E eu não gosto a maior parte das vezes. Mas nunca na vida posso expressar o que sinto. Porque é feio. A sociedade nos obriga a encenar um papel de mãe. Algumas passam a sentir mesmo este tal amor e as que não sentem devem fingir até o fim. É assim que sinto. Pelo menos acho que não sou a única em 6 bilhões de humanos neste mundo. Acho...
Porque para o homem é mais fácil? Porque se exige menos? Não é incomum ouvir alguém dizer que não gostou de ser pai. Meu próprio padrinho dizia. O Alexandre Frota também. O que quer que isto signifique. Mas já leu alguma mulher dizendo aos 4 cantos o que sente sobre a maternidade? Não estou falando daquelas pessoas pertubadas que matam, torturam e sei mais o que. Estou falando de pessoas ditas "normais", como eu lol.
Sinceramente não sei se me faltou amor. Sei é que é difícil dar. Quando se é filho se está sempre na posição de receber, mimo, carinho, cobrança, amor talvez. Minha mãe diz que era amorosa, mas eu não sinto isto. Nunca foi muito de abraços. Se ela diz que fez isto e aquilo para mim, deve ter sido antes dos dois anos, porque depois disto eu lembro bem e a história não foi bem esta.

terça-feira, 15 de novembro de 2011


E assim devagar estou voltando ao meu corpo. Parece brincadeira mas sinto como se o tivesse abandonado quando se tornou um planeta estranho, infértil e gigante. Aos poucos sua atmosfera foi modificando e permitiu que houvesse vida ali novamente. Ainda não é o meu corpo, mas este nunca será o mesmo, o que espero é que fique melhor do que era. Com o tempo.
Já se foram 17 quilos, faltam 4. As roupas já servem (a maioria), tem sido muito bom experimentar e ver que antes mal cabia um perna e agora as duas cabem perfeitamente e deixam uma bunda e uma barriga passar. Ah isto dos espelhos! Volto a olhar para eles. E digo (que ninguém me ouça): mas tu tá muito linda! Um arraso de mulher sim, sim! Estou gostando deste novo eu. Acho que finalmente nasceu em mim uma mulher, linda, decidida. E que a-d-o-r-a dizer não! Nãoooooooo! Bem comprido. Quer passar o Natal aqui? Não. Vamos acampar na praia? Nãooo. Fica com os meus filhos hoje? N-ã-o. Faz para mim esta parte do trabalho? NÃO!
Chega, cansei. Cansei de querer agradar os outros e não estar nunca aí para mim. Agora é assim: se puder ajudar, ajudo. Mas primeiro eu, eu e eu. Ufa, pronto: me assumi.
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