quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Eu no divã

Durante uns bons anos da minha vida tinha um sonho recorrente. Estava dirigindo um carro fugindo de alguém e nunca tinha carteira de motorista, daí eu ter muito medo de ser vista. Às vezes o medo nem era assim tão grande, mas a sensação de frio na barriga não me largava. Há algumas semanas inscrevi-me numa auto escola e na mesma noite sonhei que estava aprendendo a dirigir. Não fosse por eu já ter feito 2 vezes a prova de condução e não ter passado, não veria qualquer drama nestes sonhos. Mas a verdade é que eles estavam entalados no meu subconsciente como se fosse a prova do meu fracasso. Sempre tive medo de dirigir. Lembro-me das primeiras aulas no inverno em que deixava o banco completamente encharcado de suor. E tinha um professor que me deixava ainda mais nervosa, gritava, se passava com os meus erros e eu cada vez mais aterrorizada no volante.
Depois de rodar na primeira prova, lá fui  eu tentar de novo. Fiz novas aulas em outra escola, desta vez com um professor mais calmo e que me rendeu uma quase, mas quase aprovação no exame. Ainda hoje acho que foi pura sacanagem ter rodado já nos últimos momentos e sem ter cometido qualquer erro. Foi porque eu avancei num cruzamento em que o outro carro vinha mesmo muito longe e devagar (visto que era um carro de auto escola também), havia tempo de sobra para passar e o examinador pisou no freio de mão o que me desclassificou na hora. Fiquei com tanta raiva que saí dali chorando. Tinha chegado tão, mas tão perto e...puf aquele homem me tirou a carteira das mãos. 
Agora tenho a oportunidade de recomeçar, no entanto ainda não fui em nenhuma aula por estar mais preocupada agora com as provas. Mas na semana que vem espero começar as aulas de código e ahhh vou voltar ao meu terror sim senhora. Preciso enfrentar este medo, pois agora com o Fabian estou comendo o pão que o diabo amassou, tendo que ir de trem, subir escadas com ele e com o carrinho, demorando 1 hora quando em 15 minutos ia e voltava. Para não falar no frio ou quando chove...
Dirigir para mim não é apenas dirigir um carro. Acho que é muito mais. Está ligado com um aspeto mais profundo da minha vida, está ligado com a minha crença de que não consigo ser independente, de que não consigo assumir minha vida, dirigí-la, ter o meu próprio dinheiro, uma carreira...
Dirigir para mim é um ponto crucial nesta etapa na qual me propus de me conhecer, aceitar e mudar o que me for possível. Espero que quando conseguir ultrapassar estes medos, eu seja mais capaz de ajudar outras pessoas que venham a ser meus pacientes ou não.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Estou de volta! Depois de uma prova chatinha de estatística e todo o tempo livre focada em estudar, fazer cálculos, decorar fórmulas, eis que agora me encontro de recesso de Natal e com mais tempo (para estudar). Nestes  últimos dias muita coisa aconteceu: tive a punção ontem e encerramento da doação de óvulos, na quinta foi a festa do Fabian na escolinha, na sexta a prova. 
O Fabian foi vestido de flor, não chorou quando viu o papai Noel, mas passou o tempo todo com a mão na barriga e com uma cara de sono! Quando chegamos em casa comeu muito e depois, que dormir que nada, o sono passou todinho. Devia ser de fome e não sono a carinha dele eheheh.
Alguma coisa tem mudado em mim, acho que desde que me propus  a falar sobre o que sinto, fiquei mais aberta a mudança. E parece mesmo uma sensação muito delicada, algo como se um fio muito fino tivesse desamarrando os meus medos, ardorosamente cultivados e os libertasse para a luz, lugar este que todos os medos anseiam por ir. E fui soltando, fui ficando mais leve. E fui capaz de sentir coisas que sentia antes, desta vez com mais clareza. Hoje continuo ainda com dificuldades de dar toda a atenção pro meu filho, mas já consigo ter momentos que são só nossos, consigo olhar mais no olho dele e sentir amor. Abraço e beijo muitas vezes e peço desculpa no ouvido dele, baixinho. Desculpa filho por não conseguir ser a mãe amorosa que mereces, mas eu to tentando e vou conseguir ser melhor a cada dia. 

A raiva que guardava em mim, amarrava meus pensamentos, impedia-me de viver. Eu só sentia raiva de ter de dar o meu tempo, de ter de ser uma pessoa que  não era eu. Sentia até muita impaciência com o meu cachorro, coisa que eu nunca tinha tido. Estava mais seca por dentro, mázinha também. Não é que tenha dado uma volta de 180º, nem tido qualquer epifania. Mas acho que cresci um bocadinho assim ó. Um centímetro talvez. Sinto-me mais leve. Os pés menos pregados ao chão. Os pensamentos mais soltos no vento.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011


Tão lindo na foto de Natal da escola!

Nunca fui muito amiga dos números... gosto é de palavras. E os números nunca me disseram nada.
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