Há algumas décadas todos sabem, lugar de mulher era em casa. Na cozinha, no tanque, na tábua de passar. E eu não concordo com isto, antes que pensem, sou a favor do livre arbítrio. No entanto de uns anos para cá é quase obrigatório a mulher ter uma profissão, trabalhar, ter o seu dinheiro o que de longe significa independência financeira. É quase sacrilégio dizer que não se quer entrar no mercado de trabalho, de que gosta mesmo é de ser dona de casa, de cuidar do marido, dos filhos, gerir enfim, a casa. Ora se sou contra a mulher ter de obrigatoriamente se sujeitar as leis do marido, também sou contra aquelas pessoas que vem com conselhos ou bocas mesmo a dizer que se deve isto ou aquilo. A impressão que passa é que não se é ninguém se não trabalhar. E não é verdade. A ideia é de que também não se é feliz ou realizada por ficar em casa. Isto também não é verdade.
As mulheres de hoje tem pantufobia, tem alergia a casa. Não são todas é claro, mas me parece que a maioria. A começar pela minha mãe. Nossa senhora, lembro-me de ter 7 anos quando a mãe decidiu não trabalhar, no entanto passava na rua. Ela nunca lidou bem com esta situação, até hoje é das pessoas que mais me cobra a equação: os estudos + uma profissão + um trabalho = independência financeira = valorização na sociedade.
A realidade não é só o branco e o preto, há muitas formas e nuances para além destas cores. O que me impressiona é que com o tempo, as pessoas tendam a ficar dicotômicas: é só isto ou aquilo. Não sei se é a mídia, muito possivelmente que faça este trabalho, mas não só.
Também há uma certa culpa de quem opte por esta via ao dizer que não trabalha. Ainda estes dias tive uma discussão virtual com a minha cunhada porque simplesmente admiti que se fosse por mim era dona de casa. Obviamente que sei que tendo em conta a idade do meu marido e a instabilidade profissional, além do meu filho pequeno, este não é o melhor caminho.
Mas pronto, está lá no meu coração a vontade de ficar em casa, de andar de pantufas quando me apetecer ou de passar o aspirador de saltos e batom (como já fiz kkkk).