segunda-feira, 23 de abril de 2012

Conversa de sexta à noite, antes de dormir.
Marido: Te amo muito, muito obrigado por fazer parte da minha vida. - Suspiro. Beijo.
Eu: Amor...
Marido: Hum?
Eu: To com medo.
Marido: Eu também...eu também.  - Abraços.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Estamos muito embaixo aqui em casa. O marido tem até o meio do mês para sair do trabalho e sequer deram um mês de aviso. Isto de ser recibos verde tem destas. Estamos à procura de emprego e a procura de bom humor, esperança, já agora.
É difícil sentirmo-nos inseguros. Talvez esta decisão nos leve para fora, quem sabe? Eu que não sou muito adepta das mudanças, eu que tenho os pés com raízes nas pontas...queria ser mais daquelas pessoas que veem tudo com um desafio. Daquelas que leem  "O Segredo" e fazem mural de visualizações. Ao invés disto fico ansiosa, com medo, muito medo do futuro.

domingo, 15 de abril de 2012

Eu no divã: "Filhos para que tê-los, mas como saber sem tê-los?"

Conselho que muito provavelmente nunca me ouvirão dizer (principalmente para quem está louco para ser pai). E é por isto que não tenho coragem de aparecer muito nos fóruns de infertilidade nos quais vejo pessoas tão desesperadas quanto eu era, tão amarguradas com a vida e com os outros, tais como eu era há três anos atrás.
Se alguém pensa em ter um filho porque ele vai completar a sua vida, não tenha. Um filho vai preencher as suas horas de solidão com choros, com noites em claro. Não, ele não lhe fará companhia e, pelos menos nos primeiros anos, ele só vai querer saber das necessidades dele. Se alguém pensa que um filho pode lhe fazer feliz...bem eu pensei que fizesse. Mas não. Um filho pode trazer alguma alegria, mas dificilmente alguém que nunca está satisfeito ficará com uma criança o tempo todo a exigir atenção. Ainda mais se este alguém gosta de estar sossegado, de ver internet, fazer sexo com seu companheiro a hora que tiver vontade. Se alguém quer ter um filho porque só lhe vem a cabeça bebês de novela (que choram só na hora que a cena pede), ou porque os amigos todos tem, ou porque o negócio é casar, assentar e...ter filhos. Não tenha. Um filho não se devolve, não se empresta, um filho vai depender de você por pelo menos duas décadas. Pensou que é muito tempo? Talvez você já esteja cansado, sentido-se sugado, velho, e já não ache que viajar, ir no cinema, botar aquela roupa especial faça de novo parte da sua vida.
As pessoas romanceiam muito esta história de ter filhos. Há mas dá trabalho e é bom. Será? Eu não acho bom na maior parte das vezes que a vida não dependa de mim. Que as decisões dependam de um ser de menos de um metro de altura. Se vamos ou não sair, se ficamos mais tarde acordados, se vamos "namorar", se ele vai chorar e atrapalhar tudo. 
Eu nem sei, acho que se não consigo sentir prazer nisto que todo mundo sente (ou pelo menos dizem que sente), não sei mesmo que tipo de monstro eu sou. Ou de pessoa. Que vê muitas vezes o filho como um obstáculo para a sua "felicidade". É uma ironia porque uns anos antes, era a fonte, o Santo Graal que persegui tão ferrenhamente. 
Hoje minha vida é em função do Fabian, buscar na creche, fazer mamadeira, dar comida, trocar fralda. Eu até sei que isto vai mudar, daqui uns anos ele está mais independente, vai poder ficar em casa sozinho, vai ter  festas de aniversário aos fins de semana. Mas não quero, tenho medo, de ficar como uns amigos, que já estão tão habituados a terem os dois filhos a tiracolo que quando tem estes momentos, olham-se sem saber o que fazer. 
Muitas vezes eu penso, se pudesse voltar atrás. Se pudesse ser tudo um sonho e eu acordasse com aquele corpinho que tinha, e visse que a maternidade não era bem a minha área, ia desistir dessa ideia de engravidar, de fazer tratamentos e tratamentos. Porque eu na maior parte do tempo, queria voltar e seguir por outro caminho. Mas isto não é possível, e a parte mais difícil neste momento da minha vida é aceitar. Aceitar e tentar viver da melhor forma as escolhas que fiz.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Destino & os sonhos

Eu acredito que somos nós que fazemos. Que temos escolhas, que podemos optar mesmo naqueles casos que não depende só de nós, podemos sofrer ou sofrer (menos), enfim. Mas tem uma coisa que me deixa com a pulga atrás da orelha, e não costumo comentar com muita gente sobre isto, pois acham que sou meio maluca. Acontece que como acredito que nossa vida é fruto de nossas escolhas, porque diabos tenho estes sonhos premonitórios? Na verdade não é bem déjà vu, que seria a sensação de que algo já aconteceu ou a impressão que se conhece tal pessoa de algum lugar. Não, é mesmo uma repetição: fulano está com tal roupa vestida, ciclano vira-se e diz blabláblá (a mesma frase do sonho), fulaninha ri e diz blablabla (a mesma coisa que também sabia que ia dizer). E eu fico, não sei bem, presumo que devo ficar com uma cara estranha e ainda bem que ninguém lê pensamento. Só me ocorre, pumba! Aconteceu outra vez. E não sei o porquê disto, deve me acontecer umas 20 vezes por ano talvez mais, se lembrasse mais dos sonhos. E são fatos cotidianos, bobos até, na maioria das vezes. Lembro de ter  recém chegado em Portugal e sonhei que a  minha vó me ligava para contar que a minha tia estava grávida. Ainda bem que comentei com o marido, senão nem ele acreditava. Uma semana depois liga a minha vó e o resto vocês já sabem. Também já sabia eu.
"Quem fica julgando o destino dos outros nunca descobrirá o seu". Paulo Coelho
A primeira vez que me dei conta deste dom ou sei lá, melhor dizendo, desta esquisitice, foi quando eu tinha uns 16 anos. Um ano antes tinha eu sonhado que estava numa sala de aula muito cheia e depois entrava um professor. Ele apresenta-se diz que ia falar sobre qualquer coisa da Rússia e vira-se para o quadro. Escreve czar e diz que em russo se diz "tizar", mas que hoje era aceito falar-se "quizar". Imagina a minha cara quando um ano depois estou sentada no fundo desta sala de aula e o professor entra, se apresenta, escreve no quadro e diz a mesma coisa que sonhei um ano antes? 
O engraçado é que não percebi quando o professor entrou que já o conhecia de algum lugar, a lembrança só vem à tona quando tudo se encaixa, quando o ciclo se fecha. Só depois dele escrever czar eu senti um frio na barriga e já estava à espera da frase. Aí sim gelei, como é possível? E já sim, já aconteceu sonhar comigo e com outra pessoa que falávamos coisas triviais e a pessoa disse tal coisa e eu lembrei do sonho que tinha tido em que ela dizia isto e numa fração de segundos o cérebro lutou para contrariar este sonho em que eu dizia assado, mas no fim acabei por dizer o mesmo que sabia que havia dito. Confuso? 
Pois então aonde é que ficam as escolhas? Como é possível eu ter este vislumbre do futuro? É possível que ninguém nunca acredite em mim a não ser o marido, mas pense se tivesse acontecido contigo. E não, infelizmente não consigo acertar o euromilhões!!! Ahhhh!!!
Se nossa vida é fruto de nossas escolhas como é possível saber o que o outro vai falar, com que roupa vai estar, o que eu vou dizer? É uma questão que vem e vai na minha cabeça.Será que existe qualquer coisa como um destino? Será que nossas escolhas não são assim tão nossas? 

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