quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sexo frágil

O marido tem lidado mal com a situação. Claro que ninguém fica feliz numa hora destas, ainda mais se o país tá em crise e se tem mais de 50 anos... Mas tem estado depressivo, baixou a imunidade, gripou-se, tem sinusite e começou a doer o pé com gota. Tosse o tempo todo e manca. Fica com pena de si mesmo e a mim sobra animar, abraçar, dar apoio e ajudar a segurar o barco.
É um momento novo para nós, ele nunca foi despedido na vida, sempre que mudou de emprego foi por sua decisão, por isto acho que não ter passado nenhuma vez pelo desemprego deve doer mais. É o que ele diz, em parte sente-se culpado por nos "meter" nesta situação. Se fosse sozinho, não havia tanto problema e só ele passava fome, mas tem nós agora. Eu já contei para minha mãe e ela tá ajudando na escola do Fabian. No entanto, se ele não arrumar alguma coisa logo, to ponderando ficar com o Fabian e pegar neste dinheiro que a mãe ajuda para completar a renda. A creche é tão cara que se eu fosse trabalhar ganhava o mesmo...
Aqui já ponderou-se ir para São Paulo, Paris, Barcelona. Vamos ver, é preciso ser uma proposta por longo prazo, não dá para se fazer uma mudança sem o mínimo de certezas. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Primeira festinha

E ontem o Fabian teve seu primeiro compromisso social lol! Foi a uma festa de aniversário de um amiguinho, na mesma escola onde eles "estudam" :)
Porta-se muito bem quando os pais não estão, depois é só choramingos e empurrões nos outros meninos. E claro, fitas para não ir embora.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Acho interessante as pessoas que dizem que gostam de mudar, ou que nos desafiam a ser pessoas mais maleáveis. Mudar não é fácil. Seja de país, seja de estado de espírito. Seja de manequim, seja de idade. Seja para casar, seja para ser pai. Quem diz que mudança é fácil deve ser algum mentiroso compulsivo ou coisa assim. A verdade é que o ser humano é uma espécie de hábitos, que gosta de uma certa rotina, que se acostuma, é verdade, com quase tudo, mas que leva imenso tempo para tal. Antes de aceitar, fica geralmente a bater com a cabeça, a dar murro em ponta de faca e a desejar ardorosamente que as coisas voltem a ser como eram. Que a realidade se adapte a si. Sim, é claro que o passado é que era bom. Parecemos crianças birrentas a lutar contra a maré. E aí...cansamos...nos adaptamos. 
Demorei cinco anos para me adaptar em Portugal. Lembro-me das brigas que tinha o o marido porque queria voltar. Porque não suportava o sotaque português. Não queria ligar a tv, não queria sair à rua. Aquilo incomodava-me. Aqueles erres, aqueles eles, aqueles tês e o som anasalado da pronúncia me feriam, agrediam-me de um modo que não consigo explicar. Era como se me lembrassem o tempo inteiro que era uma intrusa, que não pertencia aqui.
Não fiz esforço algum para gostar de Portugal. E na minha cabeça nem havia espaço para isto. Simplesmente um dia acordei e dei por mim a achar normal ouvir este sotaque em toda a parte, já não prestava mais atenção em como chegava a mensagem, mas na mensagem em si. Deixou de ser importante os acentos, as diferenças de cultura, o meu sentido de preservação finalmente relaxou. Tinha conquistado meu espaço.
Tudo isto para dizer que, embora varie o tempo de adaptação, mudança é sempre trágica, no sentido em que é uma morte. Uma parte de nós morre naquele momento, mas não morre fácil, agoniza, clama atenção, ao mesmo tempo em que se inicia um parto difícil. Morre e nasce algo diferente e geralmente o processo é tão lento que não sabemos ao certo o momento em que deu-se a ruptura entre o velho e o novo. Daí não fazer qualquer sentido uma pessoa que queira mudar. Porque? Porque quando se quer mudar a qualquer custo, cria-se uma resistência, porque a vida tem o seu tempo para acontecer. Por isto a frase que li no Livro do Perdão, fazer muito sentido: mudança não é uma coisa que se faz, mas uma coisa que se permite. Ou seja, não é um processo ativo, mas pelo contrário. Então não me venham dizer que é fácil, viu mensagens de facebook?
Conversa de sexta à noite, antes de dormir.
Marido: Te amo muito, muito obrigado por fazer parte da minha vida. - Suspiro. Beijo.
Eu: Amor...
Marido: Hum?
Eu: To com medo.
Marido: Eu também...eu também.  - Abraços.
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