Alguém por aqui tem um calo? Não refiro-me ao calo nos pés, mas aquele na garganta. Sabe? Aquele que quando ouvimos alguma coisa que mexe conosco sem saber como, já sentimos o coração saltar, as têmporas inflarem e uma vontade maluca de fazer ou dizer alguma coisa. Isto acontece quando por um motivo qualquer a conversa ou leitura cai sobre aqueles assuntos incômodos: a nossa opinião que defendemos quase como se fosse a nossa identidade. Como já disse por aqui, sou uma pessoa agressivo-passiva, não gosto de combates, vozes gladiadoras e luta de egos. Não gosto ostensivamente, mas aqui dentro fico numa indecisão se falo ou não. E se acabo por calar fico matutando por dias o que poderia ter dito...

Agora custa-me ver que há um pensamento tão tacanho em pessoas jovens, em uma Universidade. Dou um exemplo: foi disponibilizado também um livro em português do Brasil, pois o livro obrigatório em original está em inglês. Estas pessoas escolheram o livro em português. Não imagino o quanto está difícil de compreender a língua. Quanto reclamam disto ou daquilo. Bem, eu não tenho Q.I. acima da média e consigo compreender plenamente um texto em português de Portugal. Tirando algumas expressões que com boa vontade pode-se entender o significado pelo contexto da frase, não vejo nenhum problema. E não desgosto, pelo contrário, gosto de ler textos tanto de um país como de outro. Acho rico esta variedade, a cultura, a troca. Não compreendo como as pessoas fazem disto um drama. Ah mas estaria sendo muito ingênua se não mencionasse uma palavrinha mágica: despeito. É incômodo. É o calo deles que roça no meu e se ninguém ceder não há crescimento. Lá volto para minha auto análise e vejo a importância do silêncio. Não o silêncio magoado que é apenas silêncio por fora e gritos por dentro. O silêncio de derrotar-me um pouco, só desta vez (10 passos dos A.A. get it?). Respiro fundo e deixo passar. Crescer, crescer, este é o caminho...devagar e sempre.