quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As inimizades virtuais

Hoje em dia todo mundo tem pelo menos um punhado de amigos virtuais, aqueles que nunca vimos na vida, mas que de repente sabem até mais de nós do que os familiares mais próximos. Tenho pouco vivência de fóruns, mas tenho duas contas em sites de relacionamento, ou melhor, uma só ativa. E tal como na vida real acabamos esbarrando por uns chatos no caminho... aqueles que só falam indiretas que já nem sei para quem, aqueles que colocam suas raivas contra o governo pelo menos umas duas vezes por dia, aqueles que adoram por fotos de todos os momentos tediosos de seu dia como se fosse a-coisa-mais-espetacular-do-mundo, fazem-me imaginar quando é que vão por uma foto cagando. Ah também tem os muito iluminados, que para eles tudo está bom, tudo é maravilhoso, etc,etc. Como eu digo, eu não odeio ninguém (à princípio), eles é que vão me irritando aos poucos e de repente quando vejo, pum, mais um desafeto virtual lol. Ainda estes dias uma mãe em um fórum expôs um problema, para começar que eu já nem sei porque o colocam se ao que parece não estão abertas a nenhuma sugestão e vão sempre por fazer o que já estavam inclinadas antes de escreverem. Aí esta pessoa diz que é muito orgulhosa da iluminação dela, bahhh só dei risadas. Isto porque este ser tão espiritualizado foi um dos primeiros a se virar quando expus aqui os meus desabafos. Eu fico de cara mesmo com a máscara que algumas pessoas gostam de envergar na internet, chega a ser tosco. Será mesmo tão difícil ser autêntico? é que para mim o melhor é então não falar nada, pronto, do que tentar parecer o que não é. Ah, e ainda tem aqueles que tem facebook e espalham o que vão comer, com quem, aonde vão: "compras com Sidinha no mercado zaffari" como se fosse fazer muita diferença para a minha vida saber disto. E depois reclamam da falta de privacidade?! Hein? 
Não sei se é só impressão minha, mas hoje em dia é muito mais fácil fazer inimizades do que amizades...isto porque geralmente as pessoas que agem assim expõem o seu lado mais chato constantemente. E só me vem rótulos à cabeça: a fútil, o pró-ditadura, o consumista, a despeitada, a miss tpm, a mãe-maravilha... Ah e ainda tem os defensores do "bom" português. Aqueles que não perdem tempo em dar uma lascada no "Brasileiro": "para mim sempre será correcto, facto, directo", nunca vou me adaptar, não vou escrever, bla bla bla. Já fiquei bem mais chateada, mas hoje eu olho, leio e suspiro. Meu Deus, tanta ignorância junta...e o pior é que vicia, não é?

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O hospício


Já dizia o ditado: quem casa quer casa. Isto porque para mim cada casa é como se fosse um hospício particular, cada um com suas loucuras, com suas manias e que de vez em quando põe suas camisas de força a fim de receber visitas. Acho que isto condiz mais com a realidade do que "só quem está no convento sabe o que vai dentro", isto porque de freiras imagino que temos pouco (pelo menos eu). 
Fui passar o final de semana com a sogra. São muitos cachorros como aqui na mãe, tudo fede. Aí depois tem dois gatos (como aqui na mãe). Aí ela diz bem sim senhora que não gosta de jeito nenhum de bicho dormindo com ela na cama. E eu vejo o quanto os gatos gostam de passear pela comida e deixar de presente alguns tufos que educadamente tenho de engolir. Pois. Aqui na minha mãe, nos apertamos para ver uma tv de 18 polegadas. Simmm, ainda existem aqui. Não porque não tenham dinheiro para comprar uma maior, mas porque gostam simplesmente de ficar apertando os olhos e tentar adivinhar qual o time que fez gol, se devem ficar felizes ou xingarem. Isto leva uns 30 segundos mais ou menos. Ah e tem o desespero do Fabian com os cachorros e a gente tem que falar uns 1200 nãos para que ele deixe o rabo em paz ou pare de montar na cadelinha gorda e velha da mãe. Também tem a neurose do microondas. Minha mãe acha que o microondas dá câncer, sabe? Aí temos que esquentar tudo no fogão, sujar panela e tals. Às vezes sinto-me na idade da pedra e são as discussões, as picuinhas do dia-a-dia, a falta de privacidade, de solidão que me dá uma vontade desesperada de atirar tudo para o alto e fugir. Quero desesperadamente a minha casa. O meu hospício onde eu posso ser louca à vontade e ninguém tem nada a ver com isto. Porque todo louco é territorial you know...não se pode entrar numa guerra de fechar as janelas de uma casa particularmente fria se a sua dona adora que entre um arzinho mesmo no pico do inverno. Eu fecho. Ela abre. Eu fecho. Ela abre. Não se pode mexer no lugar do sofá, no controle remoto, não se pode escolher o que comer, nem vale a pena ficar olhando para o desmazelo de uma decoração de carnaval e pensar no que poderia ser feito para que as coisas ficassem mais "normal". Mas não pode ser feito, isto de ser louco é assim, é o único lugar onde podemos ser nós mesmos, onde podemos falar mal da vida alheia sem medo de ser criticados. A nossa casa é um retrato de nossa vida interior. A nossa família pequena possui uma loucura simbiótica em que cada um cumpre o seu papel e onde qualquer elemento estranho desequilibra. Incomoda. Ambas as partes. É por isto que acho tão difícil gerir minha loucura tão particular, minha e do meu marido...e agora do meu filho. É por isto que preciso escrever.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ex mulher, a bruxa da vida real

E tem quem não sinta raiva (por mais pequenina que seja) da ex mulher do seu marido? Se tem, meu Deus, canonize esta pessoa!! Porque eu às vezes ignoro, às vezes espumo, às vezes tenho vontade de botar o nome dela numa encruzilhada com galinha preta e milho ehehe. Se bem que tenho a consciência que muita desta raiva é por causa das atitudes do meu querido esposo, de tudo que ele fez em nome dos filhos e que claro, a dita aproveitou. Pois bem, ele deixou-lhe tudo: a casa, os móveis, o carro e uma pensão gordita até os filhos completarem 25 anos. E depois ele deu a metade da casa que pertencia a ele aos dois filhos como herança de pai vivo. Até aí tudo na boa, porque o ciúme não nasce do nada. E eu que ajudei tanto este homem, paguei as dívidas, vivi com muitas restrições, vivi de aluguel enquanto a outra não pagava, não viajei, não fiz nada ganho o que? O meu filho ganha o que? O que me irrita são dois pesos e duas medidas. Porque ele garantiu tudo para os outros e para nós que estivemos do lado dele em todos os momentos ruins não temos a mínima consideração? Alguém me explica o porquê das ex-mulheres terem este estatuto imaculado? Pois já xinguei, já chorei feito criança mal criada e a mim resta apenas aguardar que a vida melhore. E como não sou santa, minha vingança ainda vai ser um par de chaves da minha casinha a circular nas fuças do facebook dela. Ai como sou infantil!

Moral de cueca

Tá bem ouvimos desde pequenos que não se deve julgar, que temos de nos colocar no lugar do outro e bla bla bla. Mas até que ponto o que pensamos é julgar e até que ponto é minha opinião? Eu tenho uma definição pessoal: acho que julgar é quando não me limito apenas a pensar e ajo e falo com base no que (penso) que sei. Porque sinto muito aos politicamente corretos, o mundo não é cor de rosa e não há como não julgar, como não ser críticos perante a vida, como não pré-conceituar as coisas. O ser humano precisa de lidar com as ferramentas básicas para interpretar o seu ambiente e é perfeitamente natural pré julgar, pois é o que fizemos durante milhões de anos para sobreviver. Mas hoje a situação é diferente e na maioria dos países o que se impõe é uma questão de sobrevivência "civilizada". Uma sobrevivência social, tanto quanto devemos ouvir e sorrir nas rodas de amigos ante algum comentário que nos enraivece particularmente. Ou simplesmente ficamos calados para não ouvir toda a missa bem intencionada sobre os bons valores que acho que só Cristo e o Buda conseguiram seguir. Pois eu admito que  sou um pouco dura nas minhas opiniões e às vezes sou até uma mula, dificilmente volto atrás. Sou assim. Para mim a gordura tem um quê de desleixo, a pobreza um pouco de merecimento, a religião um pouco de cegueira, a maternidade um pouco de prisão. Mas como sempre, da minha boca não sai nada, mas da cabeça ainda  sou livre para pensar o que quero (ainda bem).
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