Parece que em breve teremos novidades. Será?
terça-feira, 7 de agosto de 2012
domingo, 5 de agosto de 2012
Vida leva eu
Certa vez quando ainda cursava História, li que os gregos costumavam dizer: "quer uma maneira de fazer os deuses felizes? Faça planos." É verdade. Sou uma pessoa de planos...que gosta de controlar o destino e nesta fase, a vida tem me mostrado muitas coisas. Não adianta conselho de ninguém, tem ensinamentos que só dependem da nossa experiência e de uns quantos galos na cabeça de tanto bater na parede.
Lembro-me do quanto sofri ou me alegrei antecipadamente tomando em conta a vida que eu levava como se ela não sofresse nenhum acidente de percurso e tudo aquilo que imaginei não desse uma guinada de 180°. Sofri porque não sabia quanto tempo ia conseguir ter um filho...imaginei uma casa vazia e eu velha sentada no sofá com um marido mais velho ainda que eu. Sofri por ter de fazer 5 anos em uma faculdade onde cada cadeira tinha trabalhos em grupo. Sofri por não ter a minha casa. Sofri por ser gorda e não ter força de vontade para emagrecer. Sofri por imaginar que passaria o resto da vida em Portugal e sofri porque achava que iria odiar para sempre aquele país. Sofri porque não me sentia capaz de dirigir. Sofri e sofri. Chorei. Ainda lido mal com mudanças, apesar de reconhecer que tudo na vida resume-se a isto. A esta altura estaria licenciada em Psicologia se não fosse a gravidez. E mesmo com ela, com 31 anos estaria então com mestrado concluído. E hoje estou aqui sem saber ao certo quando e se um dia vou conseguir retomar este curso. Lembro que a cada proposta que fizeram ao Fernando, íamos vendo a cidade, o custo de vida e imaginando como seria morar lá, até que as propostas não avançavam e ficávamos mais uma vez a ver navios.
Hoje a minha resolução de meio de ano é não fazer planos. Os budistas dizem que todo sofrimento vem do desejo. Não é questão de baixar os braços, mas é de não criar imensas expectativas pelo caminho, fazer novelas e sonhos em cima de um vislumbre de oportunidade. Deus sabe que a coisa que mais prezo nesta vida é segurança. Mas nunca se está seguro se vive-se com medo de que as coisas fujam do nosso controle. Acho muito interessante o modo popular do brasileiro que diz "deixa a vida me levar" e é feliz apesar de tudo. Tenho muito que aprender com o meu país. Deixar meu fado de lado e cantar um samba.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
As inimizades virtuais
Hoje em dia todo mundo tem pelo menos um punhado de amigos virtuais, aqueles que nunca vimos na vida, mas que de repente sabem até mais de nós do que os familiares mais próximos. Tenho pouco vivência de fóruns, mas tenho duas contas em sites de relacionamento, ou melhor, uma só ativa. E tal como na vida real acabamos esbarrando por uns chatos no caminho... aqueles que só falam indiretas que já nem sei para quem, aqueles que colocam suas raivas contra o governo pelo menos umas duas vezes por dia, aqueles que adoram por fotos de todos os momentos tediosos de seu dia como se fosse a-coisa-mais-espetacular-do-mundo, fazem-me imaginar quando é que vão por uma foto cagando. Ah também tem os muito iluminados, que para eles tudo está bom, tudo é maravilhoso, etc,etc. Como eu digo, eu não odeio ninguém (à princípio), eles é que vão me irritando aos poucos e de repente quando vejo, pum, mais um desafeto virtual lol. Ainda estes dias uma mãe em um fórum expôs um problema, para começar que eu já nem sei porque o colocam se ao que parece não estão abertas a nenhuma sugestão e vão sempre por fazer o que já estavam inclinadas antes de escreverem. Aí esta pessoa diz que é muito orgulhosa da iluminação dela, bahhh só dei risadas. Isto porque este ser tão espiritualizado foi um dos primeiros a se virar quando expus aqui os meus desabafos. Eu fico de cara mesmo com a máscara que algumas pessoas gostam de envergar na internet, chega a ser tosco. Será mesmo tão difícil ser autêntico? é que para mim o melhor é então não falar nada, pronto, do que tentar parecer o que não é. Ah, e ainda tem aqueles que tem facebook e espalham o que vão comer, com quem, aonde vão: "compras com Sidinha no mercado zaffari" como se fosse fazer muita diferença para a minha vida saber disto. E depois reclamam da falta de privacidade?! Hein?
Não sei se é só impressão minha, mas hoje em dia é muito mais fácil fazer inimizades do que amizades...isto porque geralmente as pessoas que agem assim expõem o seu lado mais chato constantemente. E só me vem rótulos à cabeça: a fútil, o pró-ditadura, o consumista, a despeitada, a miss tpm, a mãe-maravilha... Ah e ainda tem os defensores do "bom" português. Aqueles que não perdem tempo em dar uma lascada no "Brasileiro": "para mim sempre será correcto, facto, directo", nunca vou me adaptar, não vou escrever, bla bla bla. Já fiquei bem mais chateada, mas hoje eu olho, leio e suspiro. Meu Deus, tanta ignorância junta...e o pior é que vicia, não é?
segunda-feira, 30 de julho de 2012
O hospício
Já dizia o ditado: quem casa quer casa. Isto porque para mim cada casa é como se fosse um hospício particular, cada um com suas loucuras, com suas manias e que de vez em quando põe suas camisas de força a fim de receber visitas. Acho que isto condiz mais com a realidade do que "só quem está no convento sabe o que vai dentro", isto porque de freiras imagino que temos pouco (pelo menos eu).
Fui passar o final de semana com a sogra. São muitos cachorros como aqui na mãe, tudo fede. Aí depois tem dois gatos (como aqui na mãe). Aí ela diz bem sim senhora que não gosta de jeito nenhum de bicho dormindo com ela na cama. E eu vejo o quanto os gatos gostam de passear pela comida e deixar de presente alguns tufos que educadamente tenho de engolir. Pois. Aqui na minha mãe, nos apertamos para ver uma tv de 18 polegadas. Simmm, ainda existem aqui. Não porque não tenham dinheiro para comprar uma maior, mas porque gostam simplesmente de ficar apertando os olhos e tentar adivinhar qual o time que fez gol, se devem ficar felizes ou xingarem. Isto leva uns 30 segundos mais ou menos. Ah e tem o desespero do Fabian com os cachorros e a gente tem que falar uns 1200 nãos para que ele deixe o rabo em paz ou pare de montar na cadelinha gorda e velha da mãe. Também tem a neurose do microondas. Minha mãe acha que o microondas dá câncer, sabe? Aí temos que esquentar tudo no fogão, sujar panela e tals. Às vezes sinto-me na idade da pedra e são as discussões, as picuinhas do dia-a-dia, a falta de privacidade, de solidão que me dá uma vontade desesperada de atirar tudo para o alto e fugir. Quero desesperadamente a minha casa. O meu hospício onde eu posso ser louca à vontade e ninguém tem nada a ver com isto. Porque todo louco é territorial you know...não se pode entrar numa guerra de fechar as janelas de uma casa particularmente fria se a sua dona adora que entre um arzinho mesmo no pico do inverno. Eu fecho. Ela abre. Eu fecho. Ela abre. Não se pode mexer no lugar do sofá, no controle remoto, não se pode escolher o que comer, nem vale a pena ficar olhando para o desmazelo de uma decoração de carnaval e pensar no que poderia ser feito para que as coisas ficassem mais "normal". Mas não pode ser feito, isto de ser louco é assim, é o único lugar onde podemos ser nós mesmos, onde podemos falar mal da vida alheia sem medo de ser criticados. A nossa casa é um retrato de nossa vida interior. A nossa família pequena possui uma loucura simbiótica em que cada um cumpre o seu papel e onde qualquer elemento estranho desequilibra. Incomoda. Ambas as partes. É por isto que acho tão difícil gerir minha loucura tão particular, minha e do meu marido...e agora do meu filho. É por isto que preciso escrever.
Assinar:
Postagens (Atom)