A minha mãe mora num condomínio de seis casas, uma colada na outra. Pois de uns tempos para cá uma mulher e duas adolescentes estão tornando nossas noites um inferno. Ou melhor, pelo menos as minhas porque a mãe e surda que e uma porta. Eu acho que as pessoas tem o direito de se divertir e fazer o que quiserem com as suas vidas, mas bom senso e bom e eu gosto. Muito. Resultado disto e que cada vez que dão uma festinha, meu padrasto chama a policia para acabar com a bagunça. E eles vêm sempre porque ele e coronel aposentado. Alias, expliquem-me uma coisa:porque gente jovem gosta tanto de gritar uhuuuuuu? E que e ridículo, irritante e a certo ponto eu começo a ter vergonha alheia. E porque sentem uma estranha atracão pela buzina a altas horas da madrugada?
Ontem estive a espiar de camisola no portão o bate boca. Se tem coisa que gosto, e ver o circo pegar fogo lol. Para o meu espanto, a tal mãe das meninas estava junto e compactuava com aquela falta de respeito. Imagina se eu faço isto com o Fabian, mas e nunca. Porque uma das coisas que já nasci sabendo e respeitar os outros e outra que aprendi nestes anos, e exigir respeito em troca. Afinal somos sozinhos neste mundo?!
Ps : teclado fora de formatação...
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Os gostos mudam...
Já gostei mais de cachorro. Alías, já gostei mais de bichos. Hoje não, não é que vá sair por aí maltratando, mas já não me dói quando vejo algum animal perambulando ou quando escuto os gemidos da cachorra velha aqui da mãe. Fiquei mais dura sim, sem paciência. Às vezes tenho até raiva de tanto bicho. Não sei como a mãe vive com estes cachorros todos e as duas gatas, é um cheiro terrível, mesmo que a empregada limpe, logo vai um ali e faz um chichi ou um coco... Bicho para mim agora é como filho: um só e já tá sobrando. Eca, vou eu querer uma casa cheirando a merda...
terça-feira, 4 de setembro de 2012
então é isto.
Sabem aquela sensação de quando se vê novela em que começa-se a estressar quando a mocinha só sofre, só sofre, quando acontecem mais e mais imprevistos e o final feliz não chega e apercebe-se que ainda tem mais um mês pela frente? É pior. Porque a vida imita a arte, mas infelizmente não no final feliz.
Sexta ligaram para o marido para saber se ele ainda estava interessado no emprego e ele disse que sim, mas perguntou se dava para conseguir um aumento, visto que o salário seria o mesmo que ele ganhava em Portugal, só que em reais, sem fazer conversão. Eu já disse que aqui o custo de vida é muito alto e ficaria beem apertado para nós. A mulher com quem ele falou ficou de retornar segunda com uma resposta e na mesma sexta ele ligou para a empresa de São Paulo para saber se poderiam dar um retorno sobre a entrevista. Moral da história, estávamos confiantes, pelo menos um deles iria sair. Fizemos as contas, vimos preços de aluguel, de restaurantes, de escolas para saber o mínimo possível para se viver em São Paulo. Tinhamos preferência por este, pois seria direto com o banco, com possibilidades de crescimento ao invés daqui de Poa que seria um emprego terceirizado e com salário fixo. Agora ficou sabendo que lhe retiraram do processo de seleção sem ao menos lhe dar o retorno e disseram para a pessoa que fez esforço para contratá-lo que ele não estava interessado. Meu coração anda apertadinho, miudinho. Já disse que é a última esperança aqui no Brasil, se não der ele vai para a França. E já conversamos sobre isto. Nos abraçamos e choramos. Esta é a terceira vez que o vejo chorar nestes 9 anos. Não quer ficar longe de nós e principalmente do Fabian. Não quer repetir a sina de não ver os filhos crescerem. E eu não sei de mais nada. Quero o tiro de misericórdia porque to muito, mas muito cansada disto tudo.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
E porque estou perto dos trinta...
Tenho pensado um pouco sobre isto. Voltei a conviver com a minha vó, viúva há quatro anos. Pois e não é que a minha vó que é super antenada e tem até facebook, arrumou namorado pela internet e agora anda a passar mensagens e receber telefonemas como se fosse uma adolescente? Eu gosto disto. Acho que a vida é assim mesmo, bola pra frente que atrás vem gente. Mas ela tratou de todo assunto com o maior dos cuidados com os filhos, porque tinha medo da reação deles e porque muitas das vezes tinha até medo da própria reação diante de um novo relacionamento.
Vamos combinar que envelhecer não é a melhor das coisas neste mundo. Envelhecer deixa-nos frágeis, dependentes de atenção porque os amigos que partilhavam da mesma época vão morrendo e aos poucos, não sobra-nos nenhum confidente. E porque os filhos tem sempre a sua vida, e porque os netos já não aparecem regularmente, às vezes só quando querem alguma coisa, e porque as pernas e as costas já doem tanto que um simples passeio transforma-se numa competição de iron man. E porque as pessoas de repente não tem mais paciência para as suas histórias que provavelmente já ouviram mais que uma dúzia de vezes. E porque muitas vezes fica-se apenas com as fotografias e os causos e conta-se e fala-se sozinho ou deixa-se a tv ligada para calar o silêncio pesado de uma casa vazia. E porque olhamo-nos no espelho e de repente passaram-se décadas. E uma ruga aqui que não estava ali e um papo, uma pele caída. E celulites. E seios caídos ou barriga ou ambos. E desejo, não temos mais desejo porque o desejo foi feito para gente jovem. E até a natureza sabe disto. E se quisermos muito, procuramos hormônios e lubrificantes, mas se não tivermos aquele amor do nosso lado de que vale?
E sentimo-nos sós como nunca havíamos estado. Porque vemos que somos os mais velhos da família e muito provavelmente logo não estaremos mais aqui. E isto traz um misto de alívio e medo. Porque as pessoas tem medo da morte. As pessoas tem medo de "não-ser". E de serem esquecidas. Medo da morte física, mas principalmente medo da morte no coração e pensamento daqueles que amam. Sentir antecipadamente que seu nome sairá cada vez menos nas conversas dos filhos, dos netos e que provavelmente o bisneto que ache ao acaso uma foto sua não saberá de quem se trata, de quem foi e para que viveu. As pessoas tem medo do tempo que lhes resta. Se estão a aproveitá-lo bem, tem medo de serem um fardo. Tem medo de incomodarem com as suas limitações, com as suas manias e talvez com as suas demências. Isto porque velho plenamente feliz é só para comerciais de vitaminas e margarina para baixar colesterol. A vida não é assim. A vida constantemente te faz lembrar disto e não da melhor forma. Já não consegues mais por os sapatos, depois já não consegues mais fazer isto ou aquilo que dantes tão simples, agora precisa de mais tempo, mais força ou de ser feito pelos outros.
Dizem que envelhecer traz sabedoria. Porque a beleza física abandonou o corpo, deixando um vazio a ser preenchido com coisas que não sabemos bem ao certo. E aos poucos as pessoas vão tendo mais paciência para esperar os domingos em que alguém vem tomar café com elas. E vão valorizando mais um raio de sol porque suas juntas doem menos no calor que no frio. E vão sorrir quando verem um beija-flor porque alguém veio lhe dar bom dia. E vão chorar quando verem um filme ou quando ouvirem o sorriso de uma criança e vão fazer as pazes com o passado. E assim devagarinho, vão se tornando o que sempre foram, mas que a obrigação de ter tempo para tudo não deixou que aprendessem a conviver consigo.
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