quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Como cresceu

Eu achava um saco ouvir o tempo todo que eles crescem rápido e tals, na verdade para mim o tempo se arrastava dolorosamente. Parecia-me que inclusive os segundos eram lentos. A fase de bebê pouco aproveitei, vivia tão desiludida e triste com não ter voltado a forma, por não ter tempo para namorar e até para eu fazer as coisas mais básicas e necessárias da vida que tantas vezes pensei que não havia nascido para ser mãe. Hoje não sei se sinto saudade, é que só de pensar no que passei me dá arrepios... Mas sinto uma saudade de fotografia, como se fosse possível reviver aqueles pequenos momentos dentro de um quadro e puff, saltar dali antes que o bicho pegue. Hoje eu sinto que está passando rápido, deve ser porque hoje gosto de ser mãe. Hoje gosto de sua independência relativa, de sua comunicação, de se fazer entender e sermos (às vezes) entendidos. Hoje olho para ele e vejo que os traços de bebê estão se desvanecendo, que o rosto se alonga, que as pernas perdem as gordurinhas e que se não fossem as fraldas, pode-se dizer que já é praticamente um menino, pois tem altura de uma criança de três anos. Hoje queria que passasse mais devagar... mas é assim o tempo, fugidio sempre que buscamos e irremediavelmente teimoso quando o queremos longe.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Não sou nenhuma carola, mas já fiz comunhão e crisma porque a minha mãe encheu os meus ouvidos que quando eu casasse ia precisar. Hahá, o Fernando já casou na igreja e por isto eu não posso, quem dera ter bola de cristal, já poupava a chatice. Não acredito que se olhar para uma imagem ou ir em uma missa vá ser uma pessoa melhor e tals. Acho que a fé não tem nada a ver com religião. Não acredito em intermediários para falar com Deus, aliás nem acredito em um velhinho de barbas brancas que vê tudo lá de cima. Para mim Deus está em todas as coisas, é uma energia, a vitalidade de tudo que existe no mundo e principalmente, está em nós.
Quando adolescente frequentei alguns centros espíritas e confesso que é a doutrina que mais dá sentido a vida na minha opinião. Em primeiro lugar porque diz que ninguém precisa acreditar em Deus para ser uma boa pessoa: mais vale um homem de bem ateu do que um carola mesquinho. E hoje nos momentos menos bons é o que me faz levantar a cabeça e tentar encontrar uma explicação para o que tá acontecendo comigo, para acreditar que uma hora as coisas devem melhorar e possamos seguir nosso rumo. Porque se não tivesse esta certeza comigo eu não estava mais aqui. Porque é tão fácil ser infeliz e reclamar dos subsídios disto e daquilo quando se tem ao menos o ordenado do mês...Porque seria aparentemente mais fácil fugir dos problemas, da vida, enfim... As pessoas adoram fugir. Eu adoro fugir, mas acontece que na fuga esquecemos que, aos tropeços, os problemas nos perseguem. E de tal maneira que nos deixam os pés iliados e a cabeça na ilusão de que ao mudar o cenário as coisas ruins se foram.
A fé que eu tenho (que não sou lá uma pessoa otimista e confiante) tem dado motivo para refletir, porque eu acho que ninguém vem ao mundo a passeio, que não existe acaso. Que temos um propósito para estar aqui e estar na situação que estamos. Será mesmo que 2012 é um ano de grande mudança global? Não tenho dúvidas... Pessoal? Também não. Nunca imaginei estar nesta situação, voltar para o Brasil assim. E tenho aprendido muito. Relativizado as posses...não que não tenha vontade de ter o meu canto, as minhas coisas. Mas tenho sido "feliz" mesmo com aquilo que me resta. Tenho tido mais paciência com o meu filho e tenho amado cada vez mais este marido que faz de tudo para nos ver bem. A crise é momento de sofrimento, mas também nos leva além, testa nossas forças, nossa fé. Não há mal que sempre dure, ainda mais para quem luta e não fica de joelhos só rezando. E é isto que me faz seguir em frente. A certeza de que embora não entenda bem para onde me levam estas adversidades da vida, mais adiante tudo fará sentido. Isto é fé. Pelo menos para mim.      

Sonho em branco

Perfeito
Estilo Barbie, este ia ser uma ótima motivação para perder estes kilitos a mais
Adoro!
Não sei qual escolheria, este vestido é onírico, sentiría-me alguma criatura  mitológica , uma deusa até!
Este seria para um casamento na praia (Caribe?)
Esta é daquelas coisas que dificilmente acho que vai se realizar, mas que não custa sonhar. Não pensava em padre e madrinhas, só mesmo o juiz ou alguém muito inspirado com um lindo discurso, até porque já somos casados. Mas o que me encanta mesmo é o vestido branco, é ver ele de smoking uma vez na vida, são a mesa farta e o bolo com os bonequinhos no topo e ver o Fabian de terno e gravata em miniatura. Sou um pouquinho brega, admito, mas é um sonho de menina, daqueles que é difícil de esquecer com o tempo...

domingo, 14 de outubro de 2012

Sobre Buddah e caracóis

Uma coisa não tem aparentemente nada a ver com a outra, mas no nosso caso sim. E porque sinto-me às vezes um caracol que leva a casa nas costas e não tem bem raízes em qualquer lugar, ando eu em quatro meses pela terceira casa. Nos mudamos para a casa da sogra, de mala e cuia como se diz por aqui, o que quer dizer com tudo que temos (menos as caixas que vieram de Portugal que ainda se encontram empilhadas no quarto da minha vó).
Não deu mais para aguentar a minha mãe e o Fernando juntos. A minha mãe e suas agulhas que espetam o tempo todo nas horas mais impróprias (existe hora própria para ser xingado?). Cresça, diz a minha mãe. Seja uma boa mãe, fica com ele, dá atenção a ele. Não briga, não faz ele chorar. Acontece que para a mãe eu e o Fernando somos pais horrorosos apenas porque tentamos educá-lo, dizendo não quando é necessário, mesmo que ele chore. Qual é a criança que sorri quando se diz não? Mostrem para mim, porque me parece perfeitamente normal a reação dele. Fora o tempo inteiro que ela começa a me encher os ouvidos com a ladainha de que o Fernando é velho, que eu tenho que estudar, ter a minha profissão, ganhar meu dinheiro, etc, etc e etc. E a mania de achar que temos que esquecer o mundo e brincar as horas que ele está acordado, andar sentados como dois bobocas a brincar de carro, jogar bola, tudo isto depois de um dia de trabalho em que queremos pelo menos descansar um pouco. Concordo que devemos brincar, mas o tempo todo, tenha dó! Acho engraçado a maneira como as pessoas constróem uma novela e acham que as coisas aconteceram mesmo assim. A mãe deve se achar a heroína da história, mas eu só recordo de que brincava muito sozinha e raramente ela vinha me dar atenção porque tinha coisas para fazer (naquela época não tinha empregada). E não fiquei traumatizada por isto.
A minha mãe está doente, sim é verdade. Ela teve cancer de medula e no rim. Teve que fazer duas cirurgias e passou por químio quando o Fabian nasceu. Eu realmente sinto-me um monstro porque não consigo sentir compaixão, não consigo sentir qualquer coisa boa em relação a minha mãe. E sentimento não se escolhe, não se escolhe odiar ou amar uma pessoa. Simplesmente as coisas são como elas são. O que existe é um esforço para tentarmos modificar certas atitudes e o meu tem sido tentar ser o mais paciente que consigo. Mas não sou nenhum mestre espiritual, sou uma pessoa comum, que não consegue estar ali e escutar passivamente as críticas e deixar passar. Não, eu fico ferida, remoendo as coisas e depois desconto na comida. Mas procuro não alimentar a discussão, mas eu canso de ser saco de pancada. Ela está doente. Não, ela é doente. Mas eu não preciso aceitar isto, eu tenho escolha. E eu escolhi que não dá para conviver com ela. Faz-me mal. Ela fica mal de ver que nem eu nem o marido vamos mudar porque ela quer. Então resolvi me afastar que acho que é atitude mais sensata a fazer.
Isto depois de uma discussão na sexta à noite que claro, começou por causa das manhas do Fabian para dormir. Eu até acho que ele deve fazer de propósito, mas pronto, o Fernando deu um grito porque não conseguia trocar a fralda dele e ela exigiu que eu fosse lá porque não quer ouvir o genro tratar o neto assim. E aí começou tudo outra vez... e eu escutei e eu pedi para parar. E ela continuou. Eu subi as escadas e ela continuou e continuou. Até que eu explodi. E aqui estamos, depois de um clima péssimo e muito choro pela frente. Buddah diz que a felicidade é o fim do sofrimento. Não alcancei a iluminação, mas estou um pouquinho mais feliz.
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