quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coisas que enfeiam o verão

Ou melhor, que enfeiam a vista...
Saia mullet...se houvesse uma figura no dicionário para a palavra esdrúxula, teria de ter esta imagem acima. Coisa mais sem pé, parece aquelas calças saruel, ninguém sabe quem inventou, quem disse que era bonito, mas todo mundo usa. A impressão que dá é que a distinta criatura a roubou do varal de alguém, mas que ao puxá-la saiu rasgada, colocou e saiu andando. Para piorar é só combinar com bota...realmente um espanto.

Tênis sneakers agora em versão verão. Se no inverno já estava terrível, imagina agora em cores mais berrantes e com buracos para ventilação. Pessoas que usam isto me lembram aquelas peruas que vão a academia maquiadas, reboco e rímel, aliás parece pensado para as mesmas, as tais que não descem do salto nem para dar uma corridinha na esteira. Conselho: deixe para as peruas e suas calças legging. 
Os shorts de cintura alta. Tá bem, percebo, mais tecido para cima e polpa da bunda de fora. É uma questão de opinião, mas acho muito esquisito que há alguns anos atrás todo mundo gozava da mamãezinha quando via aquelas fotos antigas dela com um centro peito jeans e agora ficou in? Para as magrinhas ainda é passável, mas se temos um kg a mais podemos correr o risco de nos darem os parabéns e a pergunta de praxe: menino ou menina? Sim garotas, estes shorts deixam vocês com barriga de sapo! Ou papo de sapo, sei lá. 
Na dúvida, um bom vestidinho solto não tem erro.



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Das coisas que não esquecemos

Poucas coisas na vida pode-se dizer que são marcantes para toda a existência. Há algumas que são momentaneamente boas ou ruins, mas que com o passar dos anos vão se desvanecendo entre outras lembranças apagadas que com o tempo já não sabemos se realmente lembramos daquilo ou se mais que a metade são invenções para preencher as lacunas de nossa história. Todo mundo diz que o nascimento de um filho é das coisas mais preciosas para uma mãe, mas confesso que pouco me recordo do momento e do que senti. Eu tento, mas não chego lá. Tenho fiapos soltos, um pé, um choro, mas não consigo reconstruir isto e reviver. 
Quando levantei cedo em uma manhã de domingo, estava de mau humor, mas a minha mãe dissera que ia encontrar uns amigos. Cuidadosamente havia escolhido a minha roupa: um conjunto azul de calça fuzô de que particularmente detestava. Lembro-me de andar de ônibus, de sentir os pés balançar   acima do piso de lata. Quando chegamos ao parque que já conhecia, minha mãe agarrava-me a mão. Estava um dia lindo de sol sem nuvens e sem vento, e eu procurava ansiosa pelos amigos dela, estranhando o fato de que nunca vi minha mãe com amigos nenhuns. Atravessamos a rua e lá estava um homem de bolsa a tiracolo. A minha mãe o conhecia, aproximou-se dele e me disse: este é o teu pai. Fiquei completamente paralisada, sem saber o que fazer ou dizer. Ela simplesmente me largou com aquele estranho por alguns minutos, talvez, mas pareciam horas e o abismo entre nós pareciam anos, os anos de ausência dele em minha vida. Ele foi educado e ofereceu-me pipocas e algodão doce, coisas que qualquer criança não conseguiria resistir e que se não fosse vindo dele, eu talvez aceitasse de bom grado. Depois de mostrar-me na máquina filmadora o que supostamente ele chamou de meu irmão, ele deixou-me novamente com minha mãe. Ela convidou-o para almoçar, mas ele não aceitou. E educadamente retirou-se de minha vida. Eu achei que poderia finalmente ter o seu rosto em um papel denominado pai. Mas seu rosto também recusara-se a ficar. Por muito tempo senti aquele abandono, aquela rejeição pelo simples fato de eu existir como sendo parte de mim. O que tinha de tão errado que fizesse ele não me amar? Um adulto pode entender coisas muito difíceis como a perda de alguém. Pode lidar com isto de muitas formas, pode escolher fazer terapia, correr, chorar, gritar com seus subordinados no trabalho. Mas uma criança não. Uma criança é um ser em formação que está a recém aprendendo como lidar com seus sentimentos, aprendendo que o mundo não é a extensão dela mesma. Mas uma criança é frágil demais para suportar as escolhas dos outros, a sua incompetência emocional. Porque uma criança só quer uma coisa: ser amada. E não, agora que sou mãe sei que apesar de simples, este desejo não é fácil. 
Por muitos anos meu pai foi odiado silenciosamente, porém apesar de não falar no assunto e de dizer-me bem resolvida, a nossa origem é das coisas mais marcantes da existência. E eu odiava o meu pai. Odiava o abandono. Odiava ter conhecido ele não porque o mesmo quisesse, como imaginei por muito tempo, mas sim porque minha mãe havia insistido o bastante para que aquele encontro fosse possível. A ideia de que eu sou mais eu e ele é que está perdendo de conviver comigo bastou por um período. Mas para aceitar isto lá no fundo são outros quinhentos.
Uma coisa é certa. Quando se é pai conseguimos enxergar com outro olhar. Vemos além da mágoa e reconhecemos de que nossos pais não são os depositários de tudo que aconteceu de bom Pu ruim conosco. Eles foram o molde, mas nós somos agora nova forma e constatamos que são falíveis assim como nós o somos neste momento. Meu pai foi uma criança birrenta que não quis assumir responsabilidades, que lutou para que eu não nascesse. Se disser que o perdoo estarei mentindo. Mas o entendo, hoje o entendo apesar de toda dor que ele sequer imagina que plantou em mim. No entanto a lacuna que ele deixou em minha vida nada o preencheu, nem meu avô, nem meu padrinho, nem meu padrasto. Por ironia do destino , quem me ajudou muito a superar isto foi meu marido. Ele foi o pai que escolhi. E por consequência, o pai que escolhi para o meu filho.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Da série #sou louca 2

Quando estou muito, mas mesmo muito triste não escuto música, nem saio para correr, nem escrevo. Tá bem, às vezes escrevo. Mas tem horas que a tristeza e a fadiga é tanta que até a vontade de escrever se esvai. E é aí que gosto de imaginar o meu velório. Imagino o caixão, as pessoas em volta a cochichar, os familiares chorando e se lamentando o quanto eu era boa, inteligente, bom coração, etc etc. E não sei porque, mas isto me faz sentir melhor, parece que aquelas pessoas me dizem tudo o que preciso ouvir naquele momento. E então páro e vejo que a tristeza já não é assim tanta e que apesar de tudo ainda estou viva, e nada é tão definitivo quanto o fim desta jornada (porque há outras mais para mim). Uma pessoa que conheço costumava dizer assim: se não existe solução para um problema, é porque solucionado está. Traduzindo: não vale a pena pensar e dormir e sofrer sobre um assunto que não depende muitas vezes de nós. A chave é aceitar. E seguir em frente. No entanto, sei eu que sou uma dramática, preciso de uma pausa para por o velório as ideias em ordem e ir à minha vida (sem trocadilhos).

Bonequinha de luxo & a dureza da riqueza

Há uma linha que separa isto...disto.
Hipocrisias à parte, o dinheiro compra muita coisa e sim, dependendo da personalidade do fulano, pode comprar até felicidade. É claro, tirando aquelas histórias trágicas de um rico paraplégico, doente terminal ou coisas do gênero de novela mexicana (tá e às vezes brasileira), o dinheiro traz sim conforto, proporciona momentos bons e sim porque não, felicidade? Parece que virou moda ser low profile, new hippie em um sentido de procurar prazer nas pequenas coisas, naquilo que de preferência é de graça, aliás acho até uma falta de senso este pessoal de grana andar pelas revistas a dizer que não, que passeio de iate que nada, eles curtem é um bom piquenique com os filhos, aquela farofada na praia...não, que viagem ao Caribe, a melhor coisa é voltar para casa depois de uma maratona desgastante de compras em New York. Ah pleaaase! Eles acham que sou o que? A última songa monga da Amazônia? Eu percebo que seja chato ser rico e andar a esfregar isto na cara dos pobres mortais, mas assim também é demais. É que não convence! Que mal há em ser rico? Parece que as pessoas tem culpa por isto, como se sozinhas fossem responsáveis pela crise mundial. Não to defendendo que se vá de jatinho visitar as crianças na África, mas pronto, um pouco de sinceridade...não queiram comparar nossas vidas porque há milhões de dinheiro coisas pelo meio. Eu sou daquelas que não mentem que se me saísse por milagre o euromilhões (milagre porque nem sequer jogo hahah), não andava a arrumar a vida dos parentes, nem doar metade as instituições. Eu ia era aproveitar e muito. Depois, pensava no que fazer.
É que a gente sabe que dá para ser feliz sem dinheiro... mas que dá mais trabalho dá. Não tenha dúvida, viu Caras?
Web Statistics