quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Hoje vai ter uma festa

Estou cansada, meus olhos imploram para que volte a dormir. Ontem esfreguei com escova todas as paredes da parte de baixo da casa da sogra. Ficou um brinco! Tirei o pó, dos móveis e dos lustres e dos quadros que ela tem. São muitos, inclusive um é o rosto do meu marido quando tinha uns trinta e tenho adoração por este. Mas hoje estou meio down, fiquei menstruada, com aquela vontade básica de esgoelar o marido e o filho. Hoje o Fabian vai ver filme toda manhã, ao menos não escuto a voz dele por um tempo. Eu digo que não preciso ficar bêbada para ter ressaca, basta estar naqueles dias e ter uma noite péssima com o Fabian me pedindo a chucha cinco vezes, para acordar como se as pessoas usassem um megafone nos meus ouvidos. Ainda por cima tenho que passar roupa porque o marido tirou da secadora e amarrotou-as, sendo que se houvesse boa vontade, dobrando com paciência, não era preciso ferro. Irra!! Acho que vou precisar de um chocolate, afinal quem disse que os diamantes são os melhores amigos de uma mulher? Para mim quem resolve tudo é o bom senhor chocolate!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

It's me

 Sou assim uma pessoa meio compulsiva-obsessiva, oscilo entre oito ou oitenta. Entre uma vontade louca de viver e uma paralisia viciante frente ao computador. Sei que deveria buscar o equilíbrio e de fato às vezes busco, mas ele foge. Foge porque a inspiração precisa de um que de loucura. E desprendimento. E honestidade. Escrever é para mim um exercício de espelho. É como se tirasse todas as notas do pensamento e me pusesse a analisá-las, a alisá-las na esperança de reter um pedaço de mim que se esconde algures da minha memória. Na esperança de reencontrar alguém que deixei de ser, fixo alguém que poderia ter sido e ele foge. Por algum motivo ele tem medo de mim. Talvez porque lhe roubo os pensamentos. Talvez porque se lhe segurar ele passa a ser novamente eu. E morra. Escrever é viajar por si mesmo, é dar enredo a sua vida, é dividir sua experiência entre as personagens. Aqui sou diretor do futuro e tudo sei sobre o passado e presente. Aqui não há tempo, as cenas repetem-se e nem sempre na mesma ordem. Mas não confundo-me, sei cada pedaço de minha história. E acuso-me mais leve quando a escrevo e reescrevo. Porque escrever é uma forma de treinar para ser. Mas é também saber que a unidade empobrece a alma, pois que os desencontros são as farpas que nos fazem crescer. É ter a consciência de que ninguém está só, que por trás de cada homem, muitos outros escondem-se e por trás de cada sombra, um universo espera para ser contemplado. Conhece-te a ti mesmo. Escreve sobre ti mesmo. Ou simplesmente escreve. A mágica acontece quando ninguém vê.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O tal

Eis aqui o motivo maior (entre tantos outros) para eu perder uns quilitos. Comprei na Mango quando ainda estava grávida tal foi a paixão desde que o vi. Já me serve, mas temo que fico com um ar de Kristen Stewart. Vocês sabem, a tal que está sempre prestes a dar um traque. 

Cinco coisas que só fazemos quando somos turistas

Todo turista é meio como um Mr. Bean solto em uma cidade que se visita pela primeira vez. Turistas são como crianças de dois anos que maravilham-se com a coisa mais banal possível e agem como se aquela estátua suja fosse o próprio Davi. E quando há um grupo deles, com aquelas câmeras gigantescas no pescoço, eu passo com medo que eles me fotografem acidentalmente em suas fotos panorâmicas. Mas apesar de achar muito engraçado, identifico-me com eles porque eu mesma já fui e pretendo voltar a ser turista. Eis algumas coisas que nunca faríamos se fosse a nossa cidade.

Visitar igreja# 


Batman visita a Capela Sistina

Primeiro podíamos ter em conta que a maioria das pessoas que conheço são católicas não praticante. E o que quer dizer mesmo isto? Quer dizer que algum dia entraram na igreja, um dia que não foi por suas próprias pernas, e que algum gordo de lençol lhes derrubou algo gelado nas carecas. Pessoas assim só entram na igreja se for a capelinha da Nossa Senhora de Deus me acuda lá do alto de  Belém do Pará. Pessoas assim olham para mim quando digo que nem a pau entrava na Notre Dame como se eu fosse uma gárdula. É que igreja é tudo igual. Maior ou menor, tem sempre aquelas pinturas no teto, os anjos pelados, a Cruz, a paixão de Cristo. Não importa se foi Michelangelo quem pintou ou o Zé do Pipo. Tá bem, não sou nenhuma ignorante para saber que um é um génio e o outro, bem o outro deve ter sido contenção de despesas, mas é que olhar tudo da lááá de baixo não se vê grande coisa, além de geralmente ser um lugar escuro e no qual não permitem fotografar com flash. Ou seja, nem a porcaria de uma foto decente vou poder levar para casa!



Lugares inusitados#
Afinal ir à Paris e não conhecê-la profundamente, é o mesmo que não ter ido.

Ah que bom deve ser o ar dos esgotos de Paris! É imprescindível conhecer aquele monte...aquele monte de canos e tubos e subir aquelas escadas intermináveis....com....com aquele cheiro de cocô francês. Não sei, mas desconfio que não cheiram tão bem quanto os seus perfumes. E porque diabos isto é interessante? Nunca me passou pela cabeça acordar e dizer: hoje vou conhecer os esgotos de Porto Alegre, mal posso esperar!!


Andar feliz em transporte público#

Olha que fofo, até Porto Alegre tem um!

Não é bem um lugar imprescindível para ver, mas sim um transporte. E aqui aproveito para dizer, andar de trem, ônibus e aqueles ônibus abertos, o que costumo chamar de supra sumo do torturismo. Quando somos turistas aceitamos de bom grado aquela espremessão daquele monte de gente em volta de nós, fazendo uma massagem involuntária nas nossas costas, bundas e pressionando nossas barrigas. Mas não faz mal, olha ali à direita temos o arco do triunfo! Cadê a porra da máquina?! E lá sai uma foto da careca do cara ao lado e um dos arcos meio torto e um dedo da periguete que estava bolinando seu marido. Um à parte para aqueles ônibus em que há uma luta para ver quem senta em cima e de preferência bem na frente. Eu acho aquilo um raio de ruim tanto no inverno com a chuva, quanto no verão com o sol queimando a cabeça rosa daqueles gringos que mais parecem tomates em fim de feira. Fora que se corre um risco terrível de tomar vários tapas daquelas árvores que odeiam turistas. De acordo com as minhas estatísticas, os chineses são os mais atingidos. Vai se lá saber porque.


Comer na tasca mais podre#


Com gosto de vingança: viu mãe, comi sem lavar as mãos e vou sair sem escovar os dentes!

Quando estou na minha cidade faço de tudo para evitar lugares com higiene duvidosa, mas quando somos turistas sentimos que podemos dar férias aos sabonetes protex e encaramos qualquer, digo qualquer coisa que tenha uma fila maior de vinte pessoas. Deve ser muito bom mesmo! É a nossa tentativa de nos misturar com os nativos e incorporar sua cultura, esperando que ela nos prenda pelo estômago. Nem sempre funciona, é verdade. Quem acaba preso, ou melhor, solto solto é o nosso amigo intestino.Turista prevenido deve ter sempre papel na bolsa e uma cara de pau daquelas para entrar nos restaurantes do caminho em busca de alívio.


Parar para ler o nome de cada estátua#
Carlos Drumond de Andrade, escutando bêbados desde 2001

Até hoje passo por alguns monumentos na minha cidade e sequer sei  quem é, quem fez e o porque está ali. Mas já tenho mais fotos do que tiraria em um ano das estátuas de Lisboa e Paris. Tenho um monte de fotos de pessoas e cavalos de pedra, de vários ângulos que na hora parece uma coisa legal, mas em casa tenho vontade de deletar tudo. Uma coisa que as fotos digitais trouxe foi a falta de objetividade em uma viagem. Se ainda tivéssemos que depender dos rolos não tirávamos tantas fotos de florzinhas e pombinhas na praça nem de placas de rua. Mas também não tirávamos aquelas fotos que todo mundo tem que esconder antes de editar todas em um cd. Paraaaa tudo! Vocês sabem de que fotos falo!
Agora sério, deixo aqui uma mensagem para todos os turistas acidentais ou não:
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.
 Amir Klink
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