sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ah o Natal!

Ah o Natal! O Natal é daquelas coisas em que ou se ama ou se odeia. Impossível ficar em cima do muro quando se trata dele, até porque o natal serve mesmo para testar a quantas anda a convivência com a família. Já sabes desde a adolescência que é particularmente difícil livrar-se daquelas reuniões afinal nem estar longe é desculpa suficiente.  Das coisas que enfrentamos no Natal está entre uma delas a comida fria, a mesa ricamente decorada em que metade das coisas ninguém gosta, mas fica bonito para foto (amendoas, frutas secas, panetone, etc). O coitado do peru de pernas abertas enfeitado com fio de ovos e recheados com coisas que na verdade nem queremos saber. Também há o cd do Roberto Carlos tocando em looping, depois de gastar a Simone querida com "então é Natal" e em meio ao desespero da cena, há os parentes. Às vezes dezenas deles. São como aquela vez em que pegamos gripe com direito a nariz entupido, dor de garganta, dor de ouvido, frieira e hemorróidas. Não sabemos quem incomoda mais, é como o iron man da paciência. Eis a lista de situações que já deves ter passado em algum natal...
Então é verdade que você está dando mais que chuchu na cerca?

Tia fofoqueira: este personagem nada faz a não ser olhar de alto a baixo e dar aquele sorriso de já me caguei enquanto faz perguntas e mais perguntas sobre como foi o ano, se estás namorando, se estás trabalhando, quanto ganhas, a curiosidade não tem limites. Geralmente a tia  não escuta minimanente o que dizemos. Ela faz o seu próprio enredo porque fofoqueira que se preze tende a ser mais criativa que escritor de novela. Depois de sugar as novidades ela sai de cena entediada e procura outro para o mesmo fim. Solução: inventares tu mesmo o enredo, contar que estás tirando aulas de voo, que namoras o marido da tua vizinha,  e que ultimamente andas com o teu ginecologista ao mesmo tempo. É só ver o queixo da tia cair e deixar um rastro de maionese no vestido florido. Depois te afastas com um "emagreceste né tia", quando se sabe que é justamente o contrário.
Não traumatiza o cachorro Alicinha!

O primo/a mal-educado/a: pode ser filho da tia aí de cima. Este anjinho é usualmente tratado com o nome no diminutivo: Adolfinho, Ricardinho, Maurozinho sai de cima da árvore do avô. Não subas no capô do carro. Não puxes o rabo do gato, meu filho. E sempre são aquelas sentenças chochas em que a criança sequer pára o que está fazendo. Funciona como um olhem-me que estou a tentar ser boa mãe, mas o fulaninho não deixa. Solução: depois do Adolfinho derrubar a árvore de natal e conseguir abrir alguns presentes antes da meia noite, convide-o a ver o que o papai noel deixou para ele. Eu usaria o meu olhar bruxa da Branca de Neve para aconselhá-lo a parar com isto, caso contrário irei de noite buscar todos os seus presentes.
Quero ver quantos likes ganha o tio dançando lambada!


Cunhado bebum: Sabe aquelas pessoas inconvenientes quando estão sóbrias, mas que conseguem se superar quando bebem? E quando cantam e te zapam para dançar enquanto passas com a farofa? E depois desatam a falar aqueles segredos cabeludos que todas as famílias tem, como o quanto a avozinha deu na mocidade, a virilidade do sogro ou a sua própria,  quanto deus é justo, mas mais justo é ainda o vestido da fulana. Solução: Grave. Grave tudo. E depois coloque no facebook ou no youtube. Provavelmente na próxima ele vai pensar mais vezes antes de começar com a cerveja.
O que seria das lojas de meias  no natal se não fossem as avós? Fala sério, alguém melhor para lembrar que as suas meias andam furadas e com elástico frouxo? Hein? Hein?

Avó surda: Não adianta berrar, mesmo assim ela entende errado. A avó gosta de agarrar no braço para conversar e depois a conversa é mais ela falando e tu sacudindo a cabeça do que outra coisa. 
Solução: concorde com tudo, mesmo que se tenha entendido que ia casar com o açougueiro ao invés de acabar com o formigueiro.
Espelho espelho meu, existe alguém mais puta do que eu? 

Irmã decotada: Ela não desiste de lançar olhares  para qualquer coisa que pareça ter um volume nas calças. Ela é só roupas curtas e justas e decotadas que as tantas parece que vai haver ali uma competição para ver o que salta primeiro. Quando sentamos à mesa ela faz questão de sentar próximo da vítima da vez e faz questão de soltar aqueles gritinhos finos e risada escandalosa enquanto cruza nervosamente as pernas para ter certeza de que todos visualizaram sua calcinha rendada. Solução: Além de ir tesuda para a festa e mostrar o que se tem de bom, cantar a música do Caetano "Não enche" e fazer com que soe extremamente casual enquanto olha para ela.
E depois que inventaram a rede social é possível se vingar com os cliques mais engraçados desde olhos entre abertos, bocão pronto para tascar uma perna do peru, as celulites das exibidas-coloridas-de-plantão e claro, tudo isto terminando com um "amo muito minha família gente, uhhuuu é tudo para mim, amo vocês!". Ah, não esqueças de marcar os fulanos no álbum. Ótimo, agora...já sei a próxima resolução de ano novo. 

O protótipo de beleza da mulher-macho

Já se sabe que conceito de beleza é relativo e muda com o tempo, com a cultura e com a idade. Mas agora o modelo da vez aqui no Brasil é a mulher-stallone. Coxas estilo pernil de porco, seios de silicone pulando com aquele toque de bóia de salva vidas, abdome tanquinho. Para completar cabelos extremamente compridos, roupas justas/coladas/curtas e saltão. Sério, as mulheres da vez mais parecem travestis na parada gay. Onde estão as curvas da mulher brasileira? Aquele bumbum, os seios pequenos, a cintura fina de pilão? Eu se fosse homem estava muito mal servido...
                                            Isto ou isto?

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O "feicebuque"


Fome emocional

Eu já tive magra, depois já tive gordinha, depois já tive magra bem estilo revista de dieta e me mantive  assim até a redondez, ops gravidez, desde então já tive mais magra quase quase no meu peso mas...depois descambei a comer. Minha vida mudou 180 graus e eu que sou tão ansiosa descarreguei nos doces e em tudo que via. Isto não deveria ser desculpa, é verdade. Mesmo sem ter grana para academia eu devia correr/caminhar na rua, fazer abdominais em casa, pular a maldita corda. Não estou aqui para dizer, sim Jeanyne, coitadinha de ti, tens todos os motivos e mais outros para estar assim uma patrola desenfreada. Não. Eu engordei de novo porque desisti de mim. Por estes meses tenho estado em desespero, com a ansiedade lá em cima e deveria ter escolhido outra válvula de escape. Afinal se é para ser compulsiva então que fosse com exercício e não com comida. Ah se as coisas fossem fáceis assim. O problema é que a comida alivia a tensão, por alguns momentos me sinto preenchida. É como se com a barriga cheia, os problemas desaparecessem ou diminuíssem. É uma forma de compensação que o inconsciente cobra por ter se chateado emocionalmente e por não cuidarmos e escutarmos ele quando deveríamos. É aquela chupeta para calar a criança. Não resolve nada, antes o contrário, mas dá imenso jeito na hora. O problema é depois que vemos o resultado no espelho, nas roupas que voltam a apertar. O problema é ter de enfrentar a realidade, a de que queremos nos esconder novamente, esquecer biquini, esquecer as celulites que pulam quando caminhamos, as pernas que flexionam a nos lembrar do quanto nos afastamos de nós. Junte isto ao desânimo de não ter vontade de dar um mea culpa e recomeçar sem ressentimentos e aí me têm. 
Toda noite deito a cabeça no travesseiro e penso que amanhã vou fazer diferente. Mas o amanhã chega e a fome volta. O desespero volta. E eu cedo. Às vezes é por pura preguiça de me exercitar, às vezes é porque chove, às vezes porque venta, às vezes porque não tenho com quem deixar o Fabian ou até tenho, mas ele não quer ficar e assim vai passando. 
É dolorido admitir que a comida as tantas passa a ser um conforto, uma droga que entorpece por algum tempo. Ela está ali quando ninguém mais está para nós. Está ali para camuflar o amor que falta conosco, que está para o marido, para o filho, mas não para nós. Mas depois fica um vazio. E este vazio que fica pede para ser preenchido novamente. Se pudesse fechar os olhos e escutar este vazio, o que será que ele me diria? Acho que tenho fome de aceitação, de segurança, de amor...fome antiga, fome de quando era uma criança pequena. E você, tem fome de que?
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