terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Nós por cá

O Fabian ganhou dos meus padrinhos um balde com um monte de animais de zoológico, mas eles não vem nas cores originais e sim todos pintados de uma só ou amarelo, ou vermelho, ou azul... Agora ele começa a agrupar por cores, mas não sabe ainda mais que as duas: malelo e memelho. As outras eu tenho de dizer e ele repete. Quanto aos animais, está na fase do leão, às vezes vira-se para nós e faz "ruarrr" como o Simba do filme. Os leões são os que ele mais gosta do zoo, leva-os até para o banho. A zeba para ele é um papalo, a lhama, um mé (ovelha) e às vezes fica confuso com os animais das mesmas cores porque acha que deveriam ser da mesma espécie também.
Hoje demonstrou alguma curiosidade sobre o penico, veio trazendo ele do quarto e pôs na sala. Eu disse que podia mostrar para ele que pode pedir para fazer xixi e cocô. Pela primeira vez aceitou tirar a bermuda e a fralda para sentar. Ficou ali uns segundos e pediu para botar a calça. Eu sei que não devo pressionar, que uma hora dá o clic e sinceramente até não tenho paciência para ficar correndo atrás dos xixis pela casa. Se ele estivesse na creche com o exemplo de outras crianças, certamente já estaria mais avançado, mas é o que se pode fazer. Só peço que tenhamos a chance de retomarmos nossa vida. Aliás, este é o único presente de natal que peço. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Como irritar o marido

Por bem alto a música do Abba "Fernando". If I had to do the same again I would, my friend, Fernando, só para te ver assim! Lol!!!

A adolescência da velhice

Minha vó e minha mãe vieram passar o domingo com a gente e foram embora hoje cedo. Ontem fomos à praia e enquanto a vó e o neto brincavam no mar, fiquei conversando com a minha vó sobre a vida. Eu adoro conversar com ela, também adoro ela de paixão, senti muitas saudades quando morava em Portugal, saudades de visitar a casa dos meus avós, pena por não estar junto deles nos momentos bons e menos bons e por não estar presente quando o vô passou desta para melhor. 
Muita coisa mudou na nossa vida, o vô era a cola que nos unia literalmente, com seu jeito estourado e com aquele monte de palavrões que dizia, sempre foi uma pessoa sincera, vai daí que lhe puxei alguma coisa, não consigo fingir o que não sinto, mas ao contrário dele ao menos fico quieta. Acontece que quase 5 anos se passaram e só agora consigo enxergar mais a vó, pois ela andava meio que à sombra dele. Agora a vó clama por sua independência. Ela reclama por ter a vida especulada pelos quatro filhos, por ser puxada a fazer o que eles acham que deve fazer. Ela ainda aguarda que o meu tio que comprou a casa lhe dê a parte dela na herança do vô e espera com este dinheiro poder viajar, alugar um apartamento para ela ter sua privacidade, comprar um carro, em suma, ela quer aproveitar o que lhe resta da vida. Cada filho tem a sua visão sobre o que seria aproveitar a vida: minha mãe quer que guarde dinheiro para o caso de precisar mais adiante de uma clínica ou para doença. O meu tio quer muito provavelmente um quinhão deste valor, já que sempre esteve na merda e sempre estará. O outro tio que vai lhe pagar o valor, quer que não torre tudo de uma vez e que não dê para os outros irmãos, a outra tia também quer um pouco já que tá a espera do terceiro filho e as coisas nunca são fáceis. E no meio disto está a vó com 74 anos, louca para ter a sua independência, prestes a dar o grito do Ipiranga ela sonha e fala nisto quase sempre que conversamos. 
Isto me faz pensar sobre o ciclo da vida...nós nascemos e somos cuidados, crescemos, "adolescemos" em busca de liberdade, de ar, ficamos adultos e donos de nós, depois envelhecemos e voltamos a lutar por nossa vida, desta vez não contra os pais, mas contra os próprios filhos. É triste, mas tudo que é triste é um aprendizado diz a minha vó, ela quer mais é ser feliz. E já sabe de cor e salteado a lição de que liberdade traz sempre a consequência de nossas escolhas. Ela sabe que se gastar tudo e um dia precisar, vai provavelmente depender do SUS e que nenhum filho terá a possibilidade de pagar quatro mil reais para um lar de idosos. Mas se ela for feliz o quanto dure aquele dinheiro, aquelas viagens e a tranquilidade de um canto só dela, já valeu a pena. Quantos anos mais vai viver? Dois, cinco, dez? Que viva então intensamente, da melhor forma que ela achar e mande os filhos se catar, porque a rebeldia também faz parte da adolescência da terceira idade. 

Sobre sentir pena

Este final de semana fomos massacrados com tantas notícias sobre (mais um) tiroteio sem razões explicadas nos Estados Unidos. Pais chorando abraçados, crianças aterrorizadas, discurso do presidente. Tá e depois? Será que era suposto sentir pena? Ou torturar-me porque era incapaz de simpatizar com o sofrimento alheio? Já disse aqui que não consigo falar coisas só porque ficam bem, quero entender porque não consigo ir além do "que horror", isto esboçado quase sem emoção. Não penso que aqueles pais ou crianças tiveram culpa, mas também não penso no autor como um monstro isolado, ele é pura e simplesmente produto da sociedade americana. Sociedade esta que acha bonito ter uma arma como tem um iPhone. Que acha natural e "saudável" alistar uma criança com 7 anos em um clube de tiro, sim, quem não acredita veja Tiros em Columbine. Sociedade que criou em modos exponenciais o jogo do "ser popular" nas escolas, que seria como um estágio para a vida social adulta, tamanha é a importância que tem para os norte americanos. Uma sociedade que já começou muitas guerras que por consequência matou muitas  crianças de outras etnias, uma sociedade que ainda mantém uma guerra e que indiretamente está por trás de 99% de outras só pelo fornecimento de armas. Uma sociedade que está se lixando para o meu país, onde também dezenas de crianças morrem por dia, seja por vítimas do tráfico de drogas, pela fome e miséria (que diminuiu, mas ainda não está extinta), por assaltos, etc. E era suposto sentir pena das vossas crianças? Não. Não sinto. Sinto muito, mas não sinto nada. 
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