quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Os signos

Como já disse, de todas as religiões que conheço, identifico-me mais com o Espiritismo. Acredito que temos muitas vidas e que estamos em constante evolução. As injustiças terrenas que vemos são obstáculos que nós mesmos herdamos do passado, através de nossas próprias escolhas. Agora sempre teve uma coisa que me intrigou e isto são os signos. Não sou muito adepta destes horóscopos diários, acho uma grande baboseira. Mas quanto as características principais de cada signo e a sua ligação a um dos quatro elementos da Terra, vejo muitas semelhanças. Não creio que o dia e a hora em que nascemos determina qualquer coisa, mas acho aqui entre nós que deve existir uma forma de categorização espiritual conforme as singularidades mais evidentes de cada um e daí a sua programação para renascimento no corpo físico respeite os meses correspondentes. 
Eu sou do signo de capricórnio, fortemente ligado à terra, que valoriza a segurança e os bens materiais. O marido é de aquário, do ar, é como anda sempre às voltas com sonhos e mais sonhos. Somos um a puxar o outro, eu a trazê-lo para a terra e ele a elevar-me um pouco mais para o céu. E agora temos um leão, do fogo. A terra apaga o fogo e o ar possibilita sua existência, tal e qual a nossa relação com o Fabian. Poderia ficar horas divagando sobre isto e pensando em exemplos que poderiam ilustrar esta minha "teoria". A verdade é que vejo em cada crença um pouco de sentido. E quanto mais abrangente e tolerante, mais me sinto atraída.  Tenho vontade de estudar novamente livros espíritas e budistas. Não que tenha grande paciência para meditação, mas acho que ajudaria na minha ansiedade, estar a aprender coisas novas e ao mesmo tempo tão velhas.

E se...?

E se o mundo dos bloggers fosse como a vida real? Seria assim:






Lulu fechou a janela do quarto da filha com persianas ultra resistentes. Mandou colocar insufilme nos vidros para que ficassem espelhados e escuros para quem visse de fora. A filha de Lulu só pode frequentar a sala e a cozinha (peças com janelas amplas e sem proteção) se usar uma máscara da Tinkerbell com os olhinhos furados para que veja alguma coisa. Lulu só permite que vejam suas roupas, seu vestido de bolinhas brancas e vermelho que usou para o Natal. Lulu trata a filha pela sua inicial ou às vezes lhe chama por apelidos quando está sob observação. Às vezes Lulu vai ao contador e vê que recebeu mais de cem olhares aquele dia. Por vezes algumas dezenas lhe batem à porta, para dizer que sim ou que não (mas a maioria das vezes que sim), a comentar sobre alguma pergunta que ela lhes fizera enquanto estava no sofá da sala e o homem-mais-perfeito chegou. Lulu também recebe algumas criaturas mal intencionadas. Elas vem de máscara de esqui, batem à porta e lhe dizem desaforos, criticam seu modo de agir, a educação que dá para sua filha, o seu jeito de pensar alto para que eles escutem. Ela quase nunca os deixa entrar, às vezes responde e às vezes instala um sensor para máscaras de esqui na porta. 
De todas as coisas engraçadas que lhe aconteceram desde que resolveu deixar as portas e janelas de sua casa aberta, foi as pessoas a tocarem na porta e deixarem bilhetes: visitem a minha casa. Lá também tem janelas para ver. E tem gente para pensar alto também. Pensar com palavras. Ela sorri e vai. Outras vezes não retribui a visita por pura preguiça. Cada casa tem as suas regras e algumas chegam a ter demais. Outras de menos. Algumas parecem casas de alterne, com luzes neon e, outras parecem conventos e também há aquelas que são como aqueles filmes. Tudo está sempre no lugar. Lulu desconfia que não. Será que devem chorar para o banheiro? 
De qualquer maneira, deixar as janelas abertas foi uma decisão sua, pois também gosta de olhar para a casa dos outros. Lulu que se chama Sonia apenas para os íntimos (os que possuem passaporte diplomático para o seu mundo), acha estranho e perturbador o fato de que a internet transformou-os a todos em voyeurs digitais. E até talvez a culpa seja sua, pois mesmo quando estão dormindo, há pessoas a espiar pelas cortinas os fantasmas deles que lá ficam a nutrir-lhes sua sede de vida.

Pois então

E aquelas pessoas que moram sob o mesmo teto com o companheiro há anos e insistem em chamá-lo de namorado? Ó minha filha, não estamos no século retrasado sabia disto? Não é preciso papel, é só juntar as escovas de dente e pronto. Viu que simples? Ah e depois tem outras que chamam de namorido. Bah...só me ocorrem dois pensamentos: acham que estão vivendo em pecado ou querem permanecer virgens até o casório? Aff depois a conservadora sou eu.

Uma relação precisa de dois

Um pouco óbvio, não? A menos que possa considerar como relação a conversa que tenho comigo durante todo o tempo e que ninguém ouve. Mas sim, uma relação precisa de dois. E um comportamento precisa de outro para coexistir. O que quero dizer com isto? Quero dizer que uma pessoa só tem juízo de nós sobre nossas ações. Pessoas não lêem pensamentos, mas enxergam atos. E o que elas e nós observamos vai ser na maioria das vezes os moldes com que iremos nos relacionar. Simples ação da física: ação gera reação, que gera ação novamente. E a tendência é que um comportamento sufocante e dominador vai achar o seu comportamento submisso. Um comportamento cuidador, vai achar algum que queira ser dependente de cuidados. Descobri também que me é impossível me fazer entender a minha mãe. Não há diálogo entre nós, apenas um irritante monólogo em que escuto sempre as mesmas coisas. Hoje meu padrasto amputou o dedo e ela vem me dizer coisas de anos e anos que eles não conseguem resolver como se fosse problema meu. Sugeri-lhe que fizessem terapia de casal e a resposta dela: mas eu já faço terapia. Sim, mas se quer mudar alguma coisa, é preciso ser os dois a querer. Mas ela não se interessa nem um pouco, quer é mudar o marido. E eu disse-lhe, ou melhor tentei dizer que o comportamento crítico, super protetor e dominador, reforça o comportamento comodista, irresponsável e imaturo dele. Não gasto meus cartuchos com ximango, o que é o mesmo que dizer para não se atirar pérolas aos porcos. Não quero ter o papel de salvadora da pátria, que por si mesma já é uma luta inglória e vã, mas porra, parem de me encher os ouvidos. As pessoas querem que o mundo se adapte a elas e só. Eu até acho que me daria muito jeito nisto, mas não dá. Ao menos tenho um blog, e acho que os outros deveriam fazer alguma coisa a respeito de sua frustração. Algo como sei lá, fazer jardinagem, tricô, aula de boxe. Sei que não é fácil mudar um padrão de comportamento, e deve ser por isto que os opostos se atraem, pois o modo como o outro me vê, reflete no que sinto e ajo, assim por diante. Talvez esta relação sufocante me faça querer ser cada vez mais silenciosa e distante, digo até indiferente. Quanto mais ela me cobra, mais me esquivo. Quanto mais me exige amor, mais fria sinto-me. E estou um pouco esgotada para lutas, mas estranhamente vejo-me revoltada e incapaz de ter qualquer tipo de empatia com outra pessoa. É verdade que uma relação precisa de dois, mas precisa também de que cada um tenha o seu tempo para mudar. E tenho notado meu tempo tão apertado...
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