quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A minha sogra é uma alma caridosa



Pois é, muito carola e muito caridosa, assim como manda a cartilha. Desde que vim morar com ela e hoje mesmo estando só nós três, somo invadidos pelo telefone a tocar milhentas vezes ao dia. Sabem porque? Para pedir dinheiro donativos para instituições de caridade. Quando estava aqui a sogra explicava (???) que ia viajar e que só voltaria a contribuir quando voltasse da praia depois de março. Mas elas continuavam a insistir. A insistir. A insistir. Aí davam a volta na velha e lá conseguiam mais um dinheirinho naquele mês. E assim sucessivamente. Agora que ela não está, somos nós a dispensá-las, a inventar desculpas e às vezes a sermos grosseiros.
- Alô
- Alô, poderia falar com a Fulana?
- Ela não está, quer deixar recado?
- Quando ela volta?
- Olha, não sei quem tu é, não vou dar informações.
- Eu sou a Andreia da associação dos enchedores de saco, quero saber quando ela volta.
- Bem, ela não vai mais contribuir, tá?
- Mas ela disse que quando estivesse fora ia deixar o dinheiro com algum filho.
- A Fulana não me disse nada, ok? Tchau.

Isto sou eu a ser educada. Precisam ver a sutileza do marido! Não sei quanto ela dá para cada instituição, mas sei que são muitas, talvez 20, por aí. E estamos falando de uma pensão do exército de um alto cargo, não é qualquer 1000 reais. Por mim, tanto me faz, o dinheiro é dela e se quiser dar para o filho-adolescente-de-55-anos, só posso lamentar. Pois bem, o problema está em dar sem saber para onde e se o dinheiro está mesmo a ir para instituições sérias ou para o bolso de qualquer estelionatário. Já que ela nem se dá ao trabalho de visitar os centros que ajuda. É só bater alguém aqui dizendo que é da associação dos velhinhos coçadores de saco a pedir uma mãozinha de madeira automática para coçarem o dito, que ela dá. E segue dando enquanto pedirem. E estas moças do demo que ficam ligando todos os dias, nada mais são do que um call center a que supostas instituições se utilizam para cobrar as doações (doação não deveria ser voluntária?). Ou são mesmo alguma gang da caridade a ligarem de uma casa com piscina enquanto riem dos otários que lhes bancam os luxos. Não sei, acho que se fosse só por mixaria não se davam ao trabalho de ligar tantas vezes. 


A idade de sair de casa

É cultural, sem dúvida. E também exige um pouco de vergonha na cara, vá lá. Eu saí de casa com 21 aninhos, mas confesso que não foi por mérito meu. Não tinha emprego, não aluguei e muito menos comprei apartamento, mas tão e só porque casei. Como antigamente. 
Nos EUA é comum os jovens trabalharem desde os 16, quiçá talvez antes, e aos 18 fresquinhos irem embora de casa. Alguns sortudos para estudar, custeado pelos pais ou através de um crédito educativo que lhes cobra as suas almas. Mas e os pobres? Os pobres saem mesmo assim. Vão à sua vida, xô, xispa! Ou casam e tem filhos ultra cedo, ou trabalham em 3 ou 4 empregos, recebem o pagamento por semana e vão morar naqueles prédios populares. 


E nós os latinos? Uma mãe norte americana com certeza torceria o nariz ao ver os "jovens" de 30 anos a viver com os pais. Aqui é muito comum, seja porque se emenda o fim do curso com o mestrado e mais tarde o doutorado, seja porque o salário é muito curto para custear a vida sozinho, seja pela mordomia de ter casa e roupa sempre lavada. A verdade é que muitas vezes um jovem tardio, como chamo, só sairá de casa quando encontrar um grande amor, daqueles que possam dividir as contas. E não é raro ver que quando o amor acaba, eles voltem à casa paterna.  
As mães americanas simplesmente não entendem a nossa abnegação com estas crias criadas. Posso até antever os olhos consternados ante à explicação de uma mãe brasileira, na tentativa de amarrar os filhos com os seus braços enrrugados. A primeira mãe também ama os seus, mas entende que é preciso liberar para que alcem voo por si mesmos. Entende que o seu trabalho está feito, embora em momentos de aperto os possa acudir, eles tem prazo de validade e o prazo termina quando fazem 18. A segunda mãe, acha que o filho nunca está pronto na maioria das vezes, está a espera de um trabalho e salário melhor, está à espera de uma nota de dissertação, de um artigo publicado na revista acadêmica, de que o aluguel fique mais acessível ou que ache algum colega para dividí-lo. E assim eles vão ficando e passada a fase da adolescência a convivência é mais ou menos tranquila, não fosse o ônus por estar de certa forma protegido do mundo.
Quando os filhos trabalham e se esforçam para a independência futura, pode até entender e aceitar. Agora um filho com mais de 50 anos, que nunca trabalhou e vive como adolescente, inclusive com mesada e direito a saídas na night (que por acaso é meu cunhado), este sim era capaz de provocar enfarto na mãe americana.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O meu espírito empreendedor diz...

que um dia vou ter uma franquia das Três Marias! 










Com quanto podemos viver no Brasil?

Bem, a pergunta por si já está errada, pois que o país é imenso e também imensos são os padrões de vida. Portanto, reformulando: com quanto podemos viver (bem ou confortavelmente) em Porto Alegre/RS?
Foi feito uma média e todos os valores estão em reais:
Aluguel de um apartamento simples de 2 quartos em um bairro de classe média (baixa): 1000 a 1200
Condomínio: 100 a 200
Mercado mensal: 500
Luz: 80
Água: 60
Internet 15 megas: 100   
Tv a cabo: 100
Gasolina: 2.60 o litro
Carro popular usado: 18.000  a 25.000 
Creche privada: 730 a 1200
Plano de saúde familiar Golden Cross: 908 - para uma pessoa na faixa dos 30, outra quase 60 e um menor de idade.
Restaurante barato: 9 reais
Restaurante caro (para a classe média): 70
Refrigerante de 2 litros coca cola: 3.19
Lata de cerveja de 350ml: de 1.69 a 2.83
Sapato/ sandália no shopping: 90 a 270
Calça jeans feminina no shopping: 70 a 214
Ingresso de cinema para uma pessoa: 16 a 30 (dependendo dos dias da semana)
Mac Lanche Feliz: 16.90
fraldas huggies/turma da mônica tamanho XL contendo 72: 59.90

E isto é só por cima...portanto um ordenado de 3000 líquidos (que é o que ofereceram algumas vezes para o marido, infelizmente o processo também não foi para frente) não seria suficiente. Digamos que para viver bem ou como vivíamos em Portugal (antes desta disparada de impostos), precisávamos de uns 7000 reais. Isto comportava plano de saúde, aluguel, creche, carro usado e as despesas básicas da casa. Conclusão: até em Paris a vida é mais barata!

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