quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Porque não sou tão certinha assim



E nem tão egoísta! Foi-se a época em que se alugava filmes e muito torci ansiosamente para que alguém liberasse tal filme ou para ver se o meu nome que estava na fila para alugar, já era o próximo. Hoje com a internet, isto parece um pesadelo distante. Há quem "alugue" filmes sem pagar e há quem baixe da net. Há ainda quem pague para ver filmes? De qualquer forma, se um filme é mesmo bom, faço questão de vê-lo no cinema, mas se é do tipo "ahn...nhé" não tenho dúvidas e baixo (toma lá Twilight). Então agora depois de termos nos desfeito (abandonado) a nossa coleção de filmes originais em dvd comprados na Fnac, não tenho lá qualquer sentimento de culpa quanto a isto. De certa forma é a vida me devolvendo o que era meu!
Para aqueles amigos não puritanos e sem medo de ir para o inferno, recomendo este site para quem é apaixonado por filmes e séries e morre de medo de contrair algum vírus por este "pecado". É um ótimo  site, bem completo e com legendas em português do Brasil. Tem vários formatos, inclusive Blu ray e quando ainda não está bom, eles avisam. E o melhor: é gratuito. Como diria a minha avó: aprende enquanto sou viva.
Importante dizer que é preciso ter um programa para baixá-los: Utorrent ou Bitcomet por exemplo.


Últimas aquisições:
Ana Karenina - 2012
Lincoln - 2012
Fligth - 2012
Les Miserables - 2012

Todos com ótima resolução.

Les Misérables



Pena, a fotografia está linda, o Hugh Jackman é um ótimo ator, mas não passamos da primeira cena. Ok, passamos, mas paramos na hora em que o padre desmente o roubo e dá dois castiçais para o Jean Valjean. Se sabia que era um filme musical? Sabia, mas achava que era mais do tipo Disney, em que há umas cenas em que cabe bem uma música e lá aparece os personagens cantando. Não imaginava que era todo o tempo. E o marido diz: imagina como seria chato se  cantássemos a todo momento? E saca lá um tenor: O Fááááábian já se cagoooooouuuuu. E tá muito fedidooooo! Sim, e imagina uma briga de bar assim: Levaaaaaa este vagabunddoooo daquiiii! Ele não quer pagaaaaarrr, que vá cair em outro lugaaaaaar! Eu não vou. (Ele não vai) Os bêbados cantam em coro. Eu não vou. (Ele não vai). Eu nãããããooo vooou. Antes vou-te aos beiços, porque ninguém come a minha mulheeeer sem apanhaaaaaaar. (Realiza um agudo no fim, que é o grito da mulher atrás do taberneiro). 
Back to reality, oh lord! Vejam os Miseráveis em francês, tem outro encanto. E a mini série é muito boa mesmo, é de prender até o fim.

Facebookeando


A psicóloga vai ao psicólogo

Estava visivelmente inquieta desde a última vez que lhe pusera os olhos. Sorriu e sentou-se como de costume no lado esquerdo do sofá, assim vez por outra, podiam escapar pela janela seus olhos castanhos. Depois do embaraço dos primeiros minutos lhe disse: então?! Então, ele sorriu e lhe devolveu a pergunta: Então, como tem passado? Bem... Os olhos a encarar o tapete retangular e os bicos dos pés. Seguiu-se um silêncio pausado. Ele sabia esperar.
Sabe, tenho pensado que ando a sofrer antecipadamente. Ele nem se foi e já sofro a sua ausência. E tenho tido raiva de mim, acho que o prendi demais. Se talvez não fosse tão dependente, ele já poderia ter ido, arrumado um emprego e já ter condições para nos levar com ele. Mas eu fui fraca. Tive esperanças. "E agora?", lhe pergunta. Elas morreram de tristeza uma a uma. Os olhos queriam fugir através dos vidros, pairar pelo céu azul e de poucas nuvens. As lágrimas também se preparavam para partir, mas ela segurou-as, assim como ao marido. Ninguém a deixaria só, na penumbra de seus medos. 
Ele ajeitou-se na cadeira e com os olhos ternos lhe ofereceu a mão. Era este o seu modo de ajudar. Sorria com os olhos. Sorria firme, com direito a rugas e tudo. Sorria sem vergonha e seguro de que era naquele momento o único porto que ela avistava.
Ela deixou que as lágrimas lhe colorissem os olhos de rubro. Era a cor do amor e da libertação. Escravas de sua amargura e egoísmo, elas podiam correr soltas pelos contornos de seu rosto. E surpreendiam-na com afagos pela pele úmida, nos vincos de um choro compulsivo. Ele apenas olhava e continuava a lhe estender a mão. Desta vez a mão de verdade, a de carne e osso trazia uma caixa de lenços. Ela agarrou com força substancial  em meio a visão desfocada dos sentimentos.
Tenho pensado ultimamente...que vou precisar de um trabalho. Daqueles de braço e alma. Daqueles que esfregamos o chão com escova e os rejuntes até ficarem brancos. Vou precisar de ocupar as minhas forças para que o tempo passe depressa e para que me impeça de construir e destruir expetativas na minha cabeça. 
De certa forma, um psicólogo não deixa de ser um faxineiro. Ele invade a casa com permissão para levantar as sujeiras escondidas embaixo do tapete, tirar o pó dos cantos, lavar o chão com água limpa, esfregar as janelas da inconsciência. Mas o trabalho em si deve continuar a ser do dono da casa. Porque o faxineiro não vai todos os dias e é importante aprender a conservar a casa. Senão o trabalho do faxineiro não renderá o dia que passe a organizar e limpar. 
É importante estarmos bem, e se não estivermos, a pedir ajuda. A ajuda sempre vem para quem a procura. É necessário fazermos uma faxina em nossa casa primeiro, todos os dias antes de sair a faxinar a dos outros. Corremos o risco de levar o nosso pó para casas alheias e o nosso olhar acomodado ante a sujeira. Ninguém disse que ia ser fácil. Afinal limpar é mais complicado do que parece. Pega um pano, molha na água, torce um pouco, desliza nos móveis, torna a repetir. E quando se tem o serviço pronto, passamos o dedo no primeiro móvel e notamos que o pó instalou-se novamente. Limpar é um trabalho árduo. Há que aceitar o pó. Porque ele sempre volta. É da natureza do pó se acomodar. Mas é da nossa natureza continuar a limpar.
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