segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Se eu fosse celebridade
Todo mundo especularia sobre o porque de estar com um homem 30 anos mais velho que eu.
Perguntariam o porque de ainda não ter engravidado.
Cada vez que engordasse dois quilos, anunciariam que estava esperando a cegonha.
Colocariam fotos nos ângulos mais estranhos, com a boca torta, fotos de mim saída da academia suada e sem maquiagem, fotos em que maldosamente poderia ver-se gordurinhas a mais, and so on.
Quando finalmente engravidasse, fariam capas e mais capas com as minhas compras com close na cor da roupinha, para saberem o sexo do bebê.
Perguntariam-me pelo nome e de quanto tempo estava.
Invadiriam a maternidade para pregar um flash na minha cara inchada, na minha barriga sem formas, na esperança de também visualizar o bebê.
Não poderia ir à praia descansada com medo que alguém tirasse fotos e em reportagem saísse que ainda não recuperei a forma.
Não poderia ir no cinema sem que fosse anunciado o filme que vi.
Não poderia sair na rua sem as unhas feitas, sem o cabelo escovado, nem para levar o lixo.
Se pusesse meu nome do google, ficaria com depressão a ver o que as pessoas poderiam escrever sobre mim, embora possivelmente houvesse quem gostasse do meu novo corte de cabelo.
Não poderia ter amigos homens sem que fosse apontado como um novo affair e consequentemente dado como fato a separação do meu marido.
Qualquer coisa que dissesse seria elevada a potência dez, descontextualizada, geraria polêmica e renderia muitas notícias e twitters.
Finalmente, nem nas pessoas próximas poderia confiar, já que não é raro os casos de amigos que vazam informações para a imprensa em troca de dinheiro.
E aí, vocês ainda acham que ser famoso é fácil? Decididamente não seria para mim...
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Brasil, o país do carnaval
Ok todo mundo sabe que foram os italianos ou melhor os venezianos quem o inventaram, mas se não fossem os escravos africanos, provavelmente isto seria uma orquestra sem graça, sem o ziriguidum que conhecemos. O carnaval já adquiriu cidadania brasileira, assim como o futebol, nós não os inventamos, mas acolhemos como uma espécie de mãe de seios e braços fartos e os tornamos parte da nossa cultura. O carnaval divide opiniões: para uns é uma alienação completa, acham que o povo deveria preocupar-se com a política com a corrupção, no entanto discurso feito no alto de seus sofás, para outros é sinônimo de festa, de libertação, para outros ainda é o cúmulo da perdição imoral, carnal e Deus não deve gostar nada deste tipo de coisa. Gente alegre? Deus gosta é de sisudez e sexo sem prazer, só para ter filhos.
O carnaval para mim começou cedo, quando o vi passar por mim e perdida de amores, larguei tudo, larguei o colo do meu padrinho, larguei os gritos da minha madrinha, larguei a preocupação da minha bisavó, larguei o desespero da corrida da minha mãe. Fui ser feliz. Corri atrás dele como um Bolt em tamanho pequeno. Alcancei por momentos a beleza das saias com lantejoulas, o brilho das mulatas, do pandeiro e surdo da bateria, da alegria de todos que dançavam em volta de luz e cor. Era o ritmo do coração do povo, aquele tim tim tum, e só por inebriar-me de música, aquele passou a ser também o som do meu próprio coração. A alegria durou pouco. O tempo da minha mãe recuperar o fôlego e me trazer de volta à realidade, não dos que passam, mas dos que veem-no passar. Meu coração ficou longe, cada vez mais longe de mim. Voltei ao colo do meu padrinho, desta vez mais triste, e perguntei-lhe na inocência de quem acha que a vida é muito simples: dindo, tu pompa um panaval pá mim? Ele aquiesceu, compraria sim, um dia. Com direito a mulatas e toda parafernália, com o brilho, as fantasias e penas cor de rosa. Quem sabe meu coração voltasse e desta vez pudesse largar tudo novamente, como fazem os apaixonados, sem olhar o absurdo de seus sonhos. Deixaria-me ir perdidamente, ouvindo o meu coração. Cresci, não tenho um carnaval para mim, mas de alguma forma aquela criança deslumbrada que um dia fui, continua a acreditar que a cada ano ele passará por mim e me varrerá as tristezas. É por isto que sou daquelas que amam carnaval e amor não se explica: sente-se em várias batidas de um coração acelerado.
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