domingo, 10 de fevereiro de 2013

Amor, vou desfilar no carnaval do Rio



Expetativa:



Realidade...


Brasil, o país do carnaval


Ok todo mundo sabe que foram os italianos ou melhor os venezianos quem o inventaram, mas se não fossem os escravos africanos, provavelmente isto seria uma orquestra sem graça, sem o ziriguidum que conhecemos. O carnaval já adquiriu cidadania brasileira, assim como o futebol, nós não os inventamos, mas acolhemos como uma espécie de mãe de seios e braços fartos e os tornamos parte da nossa cultura. O carnaval divide opiniões: para uns é uma alienação completa, acham que o povo deveria preocupar-se com a política com a corrupção, no entanto discurso feito no alto de seus sofás, para outros é sinônimo de festa, de libertação, para outros ainda é o cúmulo da perdição imoral, carnal e Deus não deve gostar nada deste tipo de coisa. Gente alegre? Deus gosta é de sisudez e sexo sem prazer, só para ter filhos. 
O carnaval para mim começou cedo, quando o vi passar por mim e perdida de amores, larguei tudo, larguei o colo do meu padrinho, larguei os gritos da minha madrinha, larguei a preocupação da minha bisavó, larguei o desespero da corrida da minha mãe. Fui ser feliz. Corri atrás dele como um Bolt em tamanho pequeno. Alcancei por momentos a beleza das saias com lantejoulas, o brilho das mulatas, do pandeiro e surdo da bateria, da alegria de todos que dançavam em volta de luz e cor. Era o ritmo do coração do povo, aquele tim tim tum, e só por inebriar-me de música, aquele passou a ser também o som do meu próprio coração. A alegria durou pouco. O tempo da minha mãe recuperar o fôlego e me trazer de volta à realidade, não dos que passam, mas dos que veem-no passar. Meu coração ficou longe, cada vez mais longe de mim. Voltei ao colo do meu padrinho, desta vez mais triste, e perguntei-lhe na inocência de quem acha que a vida é muito simples: dindo, tu pompa um panaval pá mim? Ele aquiesceu, compraria sim, um dia. Com direito a mulatas e toda parafernália, com o brilho, as fantasias e penas cor de rosa. Quem sabe meu coração voltasse e desta vez pudesse largar tudo novamente, como fazem os apaixonados, sem olhar o absurdo de seus sonhos. Deixaria-me ir perdidamente, ouvindo o meu coração. Cresci, não tenho um carnaval para mim, mas de alguma forma aquela criança deslumbrada que um dia fui, continua a acreditar que a cada ano ele passará por mim e me varrerá as tristezas. É por isto que sou daquelas que amam carnaval e amor não se explica: sente-se em várias batidas de um coração acelerado.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

A propósito do carnaval



Dedicado a todos os que de uma maneira ou outra estão na pindaíba. Tamo junto!!

O sucesso escolar e o sucesso na vida



Estes dias conversávamos o marido e eu sobre o fato de que muitas, mas mesmo muitas das pessoas com quem convivi no período escolar e que eram as melhores, as que tinham as notas máximas e tals, são hoje indivíduos com vidas mais ou menos, que não renderam um décimo daquilo que "prometiam". Aí pergunto a ele o porque daqueles a quem desprezava (por eu ser daquelas criaturinhas que pertencia ao outro grupo) por não estudarem, por irem sempre mal nas provas, por andarem sempre envolvidos na bagunça em sala de aula, serem hoje aqueles que triunfaram comparativamente aos outros, os sempre tão certinhos e bons-alunos-de-futuro. 
Lembro-me de um caso da menina que na altura era considerada a melhor aluna da turma (não, não havia quadro de honra, era apenas uma constatação despretensiosa). Ela estudava muito e tirava as melhores notas (sempre). O sonho dela era passar em medicina na Ufrgs: o curso mais concorrido de todos, na universidade mais concorrida de todas por ser a melhor e por ser pública. Nós acreditávamos piamente que ela ia passar de primeira. Se alguém teria este feito, só podia ser ela. Acontece que não passou. Mas frequentou a faculdade de letras, com ênfase em inglês. Anos mais tarde, ainda não satisfeita, resolveu prestar vestibular novamente. Passou para a segunda opção: enfermagem. Era o mais próximo da medicina que conseguiu chegar.
Tive um colega daqueles que podemos descrever como o "do pessoal lá do fundo". Pronto. Apresentados. Era aquele que gostava de sentar lá atrás para atrapalhar a aula e debochar de tudo e de todos. Não estudava uma vírgula, passava sempre com as calças na mão e hoje, bem hoje deixa-me completamente embasbacada. Formou-se em direito, prestou concurso e atualmente trabalha em São Paulo, viaja o mundo, virou um gato e ganha muito bem. Casos destes tenho uma lista: a que trabalha na delegacia de polícia, o que trabalha com informática na Dell a ganhar a volta de 5 mil, a que formou-se em pedagogia e hoje é dona de uma creche, o que é professor de faculdade, o que tem uma firma de advocacia, o que é construtor, o que é major no exército, etc.
Isto faz-me pensar que a escola não serve de nada no quesito ensinar para a vida. Aliás, este até era o slogan da minha escola. Ensina é a decorar, a ler, a repetir. Ensina a padronizar, a conceituar, a passar horas a tentar entender coisas que não tem utilidade para a vida futura. A escola não ensina de todo a se virar na vida. A puxar o tapete dos outros, a trapacear, a levar o chefe e colegas no papo, a enfeitar o currículo para ter mais vantagem em relação a outros concorrentes. A escola por exemplo, não ensina que um MB ou um A em ciências não vai adiantar nada  na  hora em que estás tremelicando e batendo os dentes antes de uma entrevista. Afinal não nos ensinou técnicas de como controlar o nosso corpo. Não, a escola não ensina para a vida. Na vida vencem os mais despachados, os que não tem vergonha nem medo de se arriscar. Os que  algures depois da adolescência, abriram os olhos para o que realmente importa e correram atrás a fim de construir sua carreira. Na vida não vencem os que passaram horas e horas a estudar, a se preocupar com provas e a não dar importância às provas que a própria vida nos haveria de pregar. São imaturos, são enclausurados naquele mundo entre notas boas, na ilusão de que elas se estendam infinitamente além do percurso escolar.  É só copiar do quadro, prestar atenção no professor, chegar em casa, revisar a matéria, fazer os temas de casa e pronto. 
A vida é uma matéria muito complicada de entender, simplesmente porque exige vivência. E talvez seja por isto que o "pessoal lá do fundo" agora tenham as melhores notas.

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