domingo, 17 de fevereiro de 2013

As despedidas

A criança pequena chorava. Chorava. Chorava e seu lamento era tão forte e monótono que a certa altura parava de incomodar. A criança maior lhe puxava a saia, um pouco escondida pelos raios do nascer do sol. Ficaram a ver a diminuta embarcação ficar cada vez menor e mais diminuta a medida que o horizonte a engolia.
- Mãe, porque temos de ficar aqui a olhar toda vez que o pai vai embora?
- Tens de aprender filho. A vida é feita de despedidas.
- E reencontros... - Completou o menino sonolento.
- Sim, filho. Mas temos de aprender a dizer adeus.
- Tu não amas o pai? Não queres que fique conosco?
- Eu amo. E é por amor que ele também se vai. 
- Já me disseste que é preciso trazer o peixe. Precisamos do peixe para comer e para vender. Para comprar roupas e outras coisas.
- É verdade. Olha, já passou da arrebentação. 
O menino encara o mar de um profundo azul escuro depois de todas as ondas furiosas que o pai passara. Mal suspirava. Tinha medo. E se o pai não voltasse desta vez?
- Filho, olha. 
- Não entendo o porquê de ficar a olhar! - Explodiu em lágrimas. A mãe abaixou-se e lhe agarrou um ombro.
- Toda vez que o teu pai vai embora eu finjo gostar um pouco menos. Finjo amá-lo um pouco menos...que é para que não doa tanto. Aprende, filho. Quanto maior a despedida, maior o preço da  afeição. Maior são as possibilidades dos deuses nos arrancarem os nossos. É por isto que uma despedida é sempre uma entre as outras da tua vida. Melhor que sejam pequenas a uma só: grande e definitiva. 
O menino limpou as lágrimas no dorso dos braços salgados do mar. Seu mar interior. A mãe levantou-se, agarrou a criança pequena que chorava ainda e voltou para a tapera. Enquanto isto, o horizonte engoliu o pai.

Como o corno, o último a saber

Fez tempo que tenho ouvido falar da tal série Game of Thrones, mas eu lá meio entretida com os meu walking dead, deixei passar. Adoro séries e filmes com fundo histórico ou mágico, vi Roma, mas com muita pena, pararam pela segunda temporada. Parece que esta é uma série americana, mas filmada no estilo inglês de Senhor dos Anéis. Ainda bem, porque aquilo que os americanos quiseram fazer com os gladiadores era realmente uma porcaria, só sangue e sexo sem qualquer enredo. Parece mesmo que foi feito para a mente de um adolescente de 13 anos. Adiante, Game of Thrones é simplesmente vi-ci-an-te, devorei duas temporadas em dois dias e não conseguia parar. Não é só por ter uma história que prende, não é só por ter aquele sotaque charmoso, não é só pela fotografia, pelas roupas, pelo sexo, pelas ironias de um anão inteligente. É por tudo e pela sensação de que afinal há gente muito bonita na Inglaterra (pelo menos querem fazer crer que sim), o que me surpreendeu de fato. É ainda mais por um tal Khal Drogo que pelamordedeus, isto é um homem ou um deus? Eu que nem sou de homem de barba e cabelo comprido...enfim. Vejam.
ps: há no filmescomlegenda.tv


Tudo eu, tudo eu



Às vezes fico pensando o porquê do jornalismo ser assim tão maçante na forma de nos entupir de tragédias, de corrupção, de mortes, de assaltos. Como se quisessem que nos sentíssemos mal por estarmos neste país de merda. Porquê a imprensa quer-nos tão frustrados a ponto de achar que isto não tem solução? Sou burra às vezes para estas coisas, mas é por isto que viver em outro país nos ajuda a ter uma perspetiva melhor sobre a nossa realidade. Descobri que em Portugal acontece o mesmo, embora com menos violência, é verdade, mas com os mesmos problemas (dos) políticos, de casos pontuais de mães que acabam com a vida dos filhos, de pobreza e crise. 
A bola da vez não é de hoje, baseia-se na crença de que o ano só começa no Brasil depois do carnaval. É certo, o país pára, ou melhor, fica em stand by, porque ainda há muita gente a trabalhar para que as coisas funcionem minimamente. São férias escolares, é verão, é a busca pelas praias, é a busca por descanso depois de um ano intenso de trabalho. Ah pára! Devíamos fazer como a Alemanha. Prontos, provavelmente quem o diz nunca esteve lá e não sabe que eles tem mais férias que nós e que se trabalha menos ainda que nós, com menor carga laboral que nós. Peraí, então em julho e agosto não desce Portugal inteiro para o Algarve? Os americanos não vão também em busca de suas praias ou da Disney? Para nós calha  o carnaval bem no fim das férias, acho natural que depois disto comecemos o ano, ou deveríamos fazer igual a quem?  Bem, já estou cansada de bater contra as rochas da ignorância e dos que adoram este sentimento de espezinhar sua terra. Não acho que devemos ser cegos para nossas mazelas, só acho que devemos abrir os olhos para o resto. E o resto é bom.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Tenho um nó na gartanta

Tempo, pode desatá-lo por favor?
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