sábado, 23 de fevereiro de 2013

Facebookeando


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Estereótipos e questões de identidade entre brasileiros e portugueses

Há um mês atrás a mamã de peep-toe deixou um comentário que só vi ontem. Ela estava perplexa por ter visto um vídeo no youtube e ter se deparado com animosidade dos dois lados. Perguntou-me se era assim mesmo, se os brasileiros tinham  tanta raiva assim dos portugueses. Este vai ser um post longo...
Em primeiro lugar, posso falar com mais propriedade sobre o meu estado, o Rio Grande do Sul, e aqui além das piadas de português, além dos atores Ricardo Pereira e Paulo Rocha, o país e seus nativos não são sequer lembrados. Os argentinos ocupam todo espaço para raivas e querelas que um gaúcho pode ter. Depois, nossa capital foi fundada por açorianos, os doces mais famosos são os de Pelotas, que são derivados dos doces portugueses, embora isto não seja levado em conta. 
No meu caso por exemplo, só conheci um pouco da cultura porque a minha tia morou em Lisboa alguns anos e sempre que vinha nos visitar, trazia qualquer coisa, um lenço, um dvd da Mariza ou do Silent 4. Não tinha raiva, tinha curiosidade. No entanto isto mudou quando casei e fui morar em Portugal. Porque pela primeira vez senti preconceito. Sou branca, de classe média, era magra e relativamente bonita, nunca sofri preconceito no Brasil por ter estes requisitos. Isto foi a primeira coisa que me chocou, estarem a dizer que falo brasileiro (nunca imaginei que pudessem ter preconceito com a forma que falo) aliás, para quem nunca viveu aí isto é inconcebível, nós falamos todos português. Depois era com a forma de vestir e às vezes nem mesmo com uma roupa discreta, se sabiam que era brasileira era logo taxada de fácil, de puta. Sei disso porque trabalhei em um restaurante no qual homens (casados em sua maioria) queriam saber na latinha o meu nome e telefone. Além de olhar para a minha bunda de forma lasciva e espalhafatosa. Aí pensam, mas então é brincadeira, não sabes brincar? Gostariam que me pusesse a contar piadas e chamá-los de burros? Gostam? Gostam? É só uma brincadeira...
Comecei a sentir ódio profundo por todos os portugueses e este ódio aumentava cada vez mais. Aos poucos fui percebendo que era uma idiota, que este ódio era uma espécie de proteção para não me  ferir e que por ele, deixei de conhecer muita gente boa. E quem diz portugueses, diz lisboetas porque aquela altura era só o que conhecia, tanto que quando fui ao Porto fiquei maravilhada com aquela gente tão bem humorada e prestativa. Não tinham nada a ver com os portugueses que odiava. E além disto, odiava ainda mais os brasileiros que forçavam o sotaque para não parecerem brasileiros, a fim de se enturmar e não sofrerem preconceito. Tinha até uma amiga que ficava feliz quando diziam: nossa, nem pareces brasileira, tão bem que te portas, te vestes e falas!
Com o tempo fui aprendendo a desarmar-me, mas confesso que o sangue até hoje ferve quando leio alguma coisa a respeito de nós. Sim, digo nós porque é uma questão de identidade. Sou brasileira e ofendo-me por consequência se encontro alguém a escrever que os brasileiros são todos ladrões e as mulheres umas putas. Como não sentir um nó na garganta? Porém hoje opto por não falar nada, não me interessa mais ficar a discutir e enervar-me com este tipo de gente. Não vale a pena e acho que isto serve para os dois lados.
Não há qualquer sentido em os brasileiros ficarem a acusar e sentir raiva desta geração pela invasão portuguesa, pelo ouro que nos levaram, isto é completamente absurdo. É como culpar os alemães de hoje pelo holocausto. Até quando eles tem de levar a culpa por algo que não fizeram? Lá está, assim como é ridículo por outro lado, os portugueses continuarem a se referir a nós como seres rudimentares das ex-colônias, não reconhecendo que a nível econômico e cultural os ultrapassamos há anos. A literatura, a música de qualidade ( porque só é lembrado o forró e sertanejo, mas  há coisas realmente boas), no meio acadêmico, etc, etc. Não acho que deva ser um fato de andar a se esfregar na cara do outro, analisando bem e friamente, é apenas uma constatação, porque apesar disto nosso país ainda deixa (muito) a desejar no que se refere a bem estar social.
Tá mas e de onde vem este ódio? Vem tão e simplesmente do efeito que causam os estereótipos em nossa identidade, aqui falo de ambas as partes. O brasileiro é tido como perturbador da ordem, ladrão, malandro, as mulheres são putas profissionais ou não. O português é visto como tacanho, mau humorado, burro, desconfiado. E a questão dos estereótipos além de tudo se volta para o regionalismo brasileiro. Assim, o baiano é preguiçoso e lento (como o alentejano), o gaúcho é viado (de transviado, gay), o carioca é malandro e às vezes ladrão a querer se passar por "exxxxperrrto", o mineiro é pouco inteligente, o paulista é o corno porque está trabalhando 20 horas por dia.  Os etereótipos são uma forma simples de dar significado ao nosso meio, é uma forma feia, é estúpida, mas obviamente não é raro ver quem se utilize delas para classificar o outro. Eu mesma admito que já me passou várias vezes pela cabeça que os gordos são preguiçosos, que os cariocas não são confiáveis, and so on, and so on.
Sabemos que todo mito de pensamento, como é o caso dos estereótipos tem um fundo de verdade. Sim, foram brasileiros para assaltar bancos, foram mulheres para prostituir-se voluntária ou involuntariamente. E por isto muitos que foram para ganhar seu dinheiro honesto são vistos com maus olhos, às vezes sem sequer abrir a boca. Este é o principal problema dos estereótipos: não darem a chance da pessoa reverter a imagem que já se tem sobre ela. Aquela é puta e pronto. Aquele vai embora pro Brasil e não vai pagar o aluguel. Perguntem para qualquer brasileiro imigrante na década de 90, cujo visto deveria ser renovado no consulado  de Portugal e na maioria das vezes se optava por ir a Vigo, quem era a Pilar. A mulher que desmanchava-se em educação quando eram alemães, franceses e que era um poço de despeito quando ouvia o "bom dia" brasileiro. Isto é apenas um exemplo.
Por acaso depois de deixar Portugal, sinto saudades até do sotaque português. Acho que é um país muito bonito do pouco que vi, acho que a imagem que tenho hoje da maioria do povo é que são pessoas divertidas (ao menos pela blogosfera), e que imbecis há por toda parte aqui e aí. Acho que sobrevalorizei-os e sinto pena de ter sido tão bobinha, mas sempre é tempo de revermos nossas crenças. E nada melhor para quebrar um estereótipo do que a convivência. Enquanto nos mantivermos atrás de ideias pré-concebidas a respeito de seja o que for, perdemos a oportunidade de ser seres humanos mais ricos. Ficamos como os cavalos que só vem o que as rédeas "deixam". E o que são duas pessoas a discutir tendo como base estereótipos senão dois animais irracionais com antolhos?  

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ó Senhor

Fiquei sabendo o nome da nova namorada do meu primo: Luany Nichele.


Ça vá? Bah...não, saravá!

um curso de francês e uma aulas de mímica também...


O meu pior defeito com certeza é o pessimismo. E ele é tão antigo e tão presente que me é difícil andar a silenciá-lo. Não só difícil como também cansativo. Já o segundo pior defeito é ser medricas. Detesto mesmo!! Acho que fui criada tão protegida em um colégio de freiras, desestimulada a trabalhar em part time quando estava na faculdade, convencida a não ser boêmia pelos micos constantes que meus pais me fizeram passar que acho o resultado compreensível. Tenho medo de mudanças. Tenho medo de tudo que é desconhecido. Tenho medo de mudar novamente de país, desta vez para um que não falo patavinas e que entendo muito menos. Ler eu até chego lá, fiz um ano de francês instumental com ênfase em leitura e interpretação acadêmica. 
Fico verde só de pensar em ir ao mercado sozinha, em ir em busca de escola para o Fabian. Em que falem comigo na rua e eu fique tal qual um surdo mudo a fazer mímicas com uma baguete a balançar. As pessoas vão achar que sou louca. Já até decorei uma frase: désolé, je ne parle pas français. Tá mas e daí, o que me salva depois disto? O inglês? 
Tem horas que eu só penso, segura na mão de Deus e vai e vai. Não sei quando o marido vai conseguir nos buscar, mas é uma questão que me aflige. Será completamente diferente de Portugal onde mal ou bem entendíamo-nos, onde fui acolhida pelos amigos dele, onde fui perdendo o medo de andar sozinha porque a qualquer momento podia parar alguém e pedir ajuda. Já pensamos que será primordial a minha inscrição em um curso de francês quando lá chegar, mas tem outra coisa que me incomoda: o tal biquinho. Não gosto de fazer biquinho, sei lá, dá a impressão que to pedindo beijinho por aí, tal e qual aquelas peruas velhas. E depois são aqueles erres impronunciáveis, as élision chatas que me perseguem. 
O que me consola, é que ao menos vou realizar o sonho de toda pessoa civilizada que é soltar palavrões no meio da rua e ninguém entender. 

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