terça-feira, 19 de março de 2013

Como eu me sinto quando...

ando de carro com a minha mãe





Como odeio os pais do Ruca


Sempre felizes, sempre bem dispostos e com uma paciência infinita. O Ruca é um menino que apesar de fazer algumas besteiras é calmo e não fica aos gritos, pulando e batendo no Riscas. Aqui em casa não é assim. Ou melhor, é suportável quando o Fabian não está perto da minha mãe. Este final de semana fui passar nos meus padrinhos e benza Deus como minha cabeça precisava disto. No entanto foi só voltar para me atacar da rinite e encher-me de dores de cabeça. O Fabian fica impossível, quer chutar e bater com os carrinhos nos cachorros, quer escalar o sofá, quer pular lá de cima, tudo isto quase ao mesmo tempo. Confesso que a minha paciência anda assim como o salário mínimo, curtinha curtinha. Às vezes depois de tanto avisar ele leva um tapão na bunda. Chora e depois vem para o meu colo como a pedir desculpa. Antes quando tinha o pai, era mais fácil: nos revezávamos no mau humor e sempre tinha um com a cabeça mais desafogada para explicar com calma que assim não pode ser (porém ainda que carinhosamente, sempre mantivemos a decisão do outro). 
A minha mãe por exemplo, vem saltando e gritando desesperada quando o neto chora, parece uma emergência e não aceita de maneira nenhuma que ele apanhe na fralda. Diz que nunca apanhei, mas eu era uma menina calma e as minha mal criações eram ficar de cara amarrada. O Fabian é muito expansivo, sei que precisa urgentemente de uma creche, de amiguinhos e de espaço. Sempre que dá levamos a uma pracinha, mas não faço disto uma missa, quando dá dá, quando não dá, paciência. 
Também sei que ele anda agitado e estressado porque eu própria não consigo lidar bem com a nossa situação. Porra quando ia imaginar que o marido ia ficar quase 1 ano desempregado? Quando ia imaginar que o Brasil ia nos fechar as portas e só nos faria perder tempo e dinheiro? Se eu soubesse tinha era o mandado logo para a França mesmo que nós dois ficássemos a espera aqui enquanto ele se organizava. Inclusive já decidimos que assim que ele arrume algo e possa nos mandar a passagem, nós vamos, independente de ser em um apartamento a ou b, de ter móveis ou não. As pessoas de fora olham e pensam que estou louca e estou, é verdade. Ninguém pode entender o que é ficar sem chão por tanto tempo, ficar na ansiedade de que algo irá surgir porque há coisas que não dependem só de nós. Ninguém sabe o que é ficar na casa dos outros mesmo e talvez ainda mais por serem parentes, todos se acham um pouco como diretores da nossa vida e todos sabem o que devemos ou não fazer. É uma merda, uma bela merda. De maneira que ando praí com uns tantos sapos engasgados sem poder soltar e recusando-me a os engolir. 
A ansiedade não deixa-me nem mesmo nos sonhos, quando aparece em todos eles o desejo de uma casa, de um lar...mas estranhamente a casa está sempre ocupada ou é de alguém, ou é muito grande e cara e não podemos pagar. Hoje ainda que em meio à angústia de não ter onde ficar, sonhei com o marido e que o abraçava muito apertado. E este medo é o maior de todos: o medo de que nunca mais possamos ficar juntos.

sexta-feira, 15 de março de 2013

O homem que copiava

Bah mas hoje eu to bem saudosista! Este filme deu um pontapé inicial ao ator Lázaro Ramos, que falei em outro post e foi filmado aqui em Porto (Alegre). Acho que já vi umas cinco vezes, mas gosto sempre de repetir. Sabe o que é? No Brasil não há tanta abertura para o sotaque gaúcho e quando vemos alguma coisa que nos representa, por assim dizer, tem outro gosto. Quem quiser ver tem disponível no youtube o filme completo. 

Gauchês


Um das coisas que sentia mais saudade era de ouvir a "minha língua" ou as expressões que o povo do sul fala. Por exemplo, aqui não se diz semáforo, diz-se "sinaleira", pechada é acidente de carro, nega maluca é bolo de brigadeiro, sendo que brigadeiro aqui é negrinho. Por falar nisto, foi inventado aqui e pelo menos temos direito de dar o nome não?
Depois tem o famoso "Bah" que tanto serve para admiração, surpresa, medo, tristeza e outros, dependendo da entonação. E o "tri" qualquer coisa: tri bonita, tri legal, tri fácil. Para gaúcho tudo é tri. Depois tem o "te larguei", o "não me faz te pegar nojo", "to louco então", vem "na manha" (quer dizer devagar, na malandragem). O "não te fresqueia" é clássica. Quando alguém dá piti, fica "amarelando" com uma situação, solta lá um não te fresqueia, problema resolvido. 
Também tem o tchê (lê-se thíê), usado como o Bah: tchê me alcança o chimarrão? Tchê, esta picanha tá de lamber os beiço.
Guria e guri, então é só aqui (ficou parecendo slogan). É como menina/o, já piá serve para ambos e quer dizer criança. O mesmo que o tal moleque.
Maloqueiro vem de maloca, casas indígenas, mas agora passou a designar as casas precárias das favelas e portanto, favelado para o resto do país, para nós é maloqueiro. 
Fora a história de só falarmos o tu, tu, tu. Não existe você a não ser na escrita. No resto do país é o contrário, só você e o tu é falado pelos marginais, pelas pessoas de pouca instrução. Tantas diferenças, às vezes até parece um dialeto...


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