sábado, 6 de abril de 2013

A conversa já chegou na cozinha

É isto mesmo, o Brasil tem vindo a crescer e não apenas no campo econômico, mas está trabalhando para   o fazer no meio social. A revolução chegou na cozinha, com o novo pec dos empregados domésticos. Agora caseiros, motoristas, empregadas de limpeza, babás, enfim, vão ter direitos igualitários com relação a outros empregados regulares. Isto quer dizer que além de férias e 13º (que permanecem), acrescem o direito a salário desemprego, alimentação, fundo de garantia, plano de saúde, auxílio cesta básica, seguro contra acidente de trabalho e as mulheres que tem filhos de até cinco anos, podem ganhar auxílio creche. 
Vai ficar mais caro ter empregada e a tendência é se tornar aos poucos como nos países desenvolvidos em que as pessoas que os possuem devem ser ricas para mantê-los. Já tinha ouvido falar da tal crise das babás, fiquei pasma de ver que pagam em média 3 mil reais para uma interna, às vezes chega a 5 mil. Isto é muito mais do que ganha um biólogo, um informático em início de carreira, pessoas que estudaram, se especializaram e não chegam nem perto muitas vezes de um salário destes. 
Minha mãe sempre teve empregada desde que me lembro, já deve fazer uns 15 anos no mínimo que ela ficou poucos dias sem uma. Mandava embora, vinha outra. Agora é uma dificuldade de encontrar, a que ela tinha era muito boa, de confiança, no entanto não pôde mais trabalhar porque já tem quase 60 anos. Ela até pensou em contratar outra, mas logo depois anunciaram o tal do pec e desistiu. Andamos nos revezando, mais eu do que eles, se é que me faço entender. Fiz uma proposta a ela semanas atrás, eu podia ficar trabalhando como empregada e ao invés dela pagar o ordenado, pagava a creche do Fabian que daria no mesmo, só que sem estes encargos todos que teria se fosse uma pessoa qualquer a trabalhar. Mas não quis...e agora fica me enchendo a paciência porque ele precisa de uma escolinha e tals, já disse que a chance passou, agora escola só quando nos mudarmos. 
Enfim...vai ter muita patroa a voltar a lavar louça, quero ver se ainda lembram como é. Vá, não precisam ter medo que não cai os dedos, só descasca as unhas (não digam que não avisei).


As palavras e as emoções


O professor olhou para a sala de aula em busca do rosto de algumas mãos que se ergueram em resposta a sua pergunta: quem fala outra língua fluentemente? Apontou para um dos meus colegas e perguntou se era capaz de dizer fuck you, já que havia dito que falava inglês muito bem. O rapaz não exitou e obedeceu. Acham que as palavras provocam as mesmas emoções em vocês ditas em línguas diferentes? A maioria assentiu. Então, colega, diga a mesma frase em português. O rapaz emudeceu, começou a rir nervosamente enquanto os outros lhe encaravam. Lá disse entre sussurros vai se foder, muito mais baixo do que a primeira vez. 
Já havia reparado nisto quando chamei a atenção de uma amiga, casada com um português, que ela dizia ultimamente: amo-te. Assim. Para mim nunca despertará a mesma emoção de um "te amo", que dá voltas à barriga e aperta o coração à procura de todo o amor que ele guarda. E são apenas a mudança de duas palavras. Para mim amo-te não é vazio, mas carece de algo, como se dissesse chochamente gosto de ti, entende a diferença? Penso que o oposto deve acontecer, pois que a língua mãe a qual se fez nosso primeiro instrumento de comunicação, será a que está mais fortemente ligada à emoção. Se é assim com as peculiaridades entre o português de Portugal e do Brasil, que compartilham muito do vocabulário, imagina com uma língua como o inglês. I love you não me diz nada, a sério. Sei o que significa, consigo fazer uma tradução das palavras e do sentimento, no entanto não desperta-me absolutamente nada. Tinha uma professora de história que costumava dizer: tradução é traição. Isto quer dizer que quando aprendemos um idioma, por mais que tentemos colocar ao mesmo pé de entendimento e significância do materno, é uma tarefa vã. Não é possível ligar-se de uma mesma forma e com igual intensidade às palavras. 
Voltando à aula do professor alemão. Outra aluna que levantou a mão, era indiana e falava corretamente o português. Segundo ela, percebia uma diferença no comportamento e no tom de voz quando mudava de um para outro: quando estava emotiva, enraivecida, xingava em híndi, nunca em português. Automaticamente.  Não é uma coisa de assim me dá mais jeito, mas um processo inconsciente do indivíduo. Talvez por isto tudo que é ligado a inspiração livre como a poesia e a música, por exemplo, nos chame mais atenção a que é feita originalmente em nossa língua mãe. Embora isto não impeça que gostemos de ouvir uma música francesa, ler um autor inglês, no entanto, sempre que tentarmos traduzir, fica faltando alguma coisa, como se a palavra carregasse a emoção e não o contrário.
Daí que entendi mais tarde o esforço da minha amiga, embora scho que deva ser uma via de duas mãos. Falar ou tentar falar a língua do cônjuge é muito importante, pois mesmo que um "amo-te" não tenha a mesma comoção a quem o profere, para quem o recebe deve fazer o mesmo efeito de um "te amo", dito assim com sotaque português de Portugal.
 Penso que assim como a voz dá um corpo à palavra, a emoção despe-se de alma para que possamos traduzir o mundo do outro. Embora no final, só o conseguimos fazê-lo ao reduzí-lo a nossa percepção. Tradução é traição...

Considerações

Tava aqui pensando...o funk brasileiro ao menos dá alguma esperança de que se quiser também posso virar compositora e cantora. Ah le lek lek lek...

Tá rolando no mp3

I wanna go home...let me go home... perdoem minha tpm. Tá forte o negócio.

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