quinta-feira, 11 de abril de 2013

Isto de nomes

Ah a história dos nomes tem muito pano para manga, por exemplo, não gosto daqueles pais que dão os mesmos nomes para os filhos, que acabam por Fulano Filho ou Júnior. O que já se sabe é que o tal fulano será sempre chamado não pelo nome, mas pelo seu diminutivo: assim Paulo o pai e Paulinho o filho. Mariano e Marianinho (exemplo da minha família). Isto dá-me uma enorme má vontade, parece aquela história dos gêmeos em que as personalidades ficam difusas em roupas da mesma cor. Neste caso, a impressão é ainda pior porque remete à ideia de legado, de esperar que o filho carregue não somente o nome, mas a personalidade paterna e principalmente as suas qualidades. 
Outra coisa que me faz confusão é colocarem um nome e nunca o utilizarem porque preferem o apelido (em Portugal, alcunha). Dou um exemplo: tinha um conhecido português que era casado com uma brasileira, o nome do filho era Carlos Henrique, no entanto sempre, sempre mesmo, o chamavam de Kaíque. Perguntei porque não haviam posto Kaíque no menino, ao que me respondeu, veja bem, uma coisa é chegar na casa dos pais da namorada e dizer que se chama Kaíque e outra bem diferente é dizer que é na verdade Carlos Henrique. Putz, nem argumentei, melhor deixar para lá. Sério isto? Se tem tanto preconceito com o nome, talvez com aspeto brasileiro, então que chamassem de Carlos ou de Henrique.
Outra coisa que me irrita são as combinações, aquelas que não tem nada a ver, que combinam dois nomes muito fortes ou muito compridos, tais como Guilherme Francisco, Alexandre Daniel, Carolina Madalena, Sofia Gabriela. É ridículo porque só serve para contentar os dois pais ou seja lá quem bateu o pé para que se colocasse o nome no pobre do bebê. Mentira, também serve para personagens de novelas mexicanas e para saber se a mãe está falando mesmo sério. Se gritar Fernando Ricardo já sabem, vão correndo para casa que aí vem bronca. Os portugueses falavam muito dos nomes brasileiros (e com razão), no entanto, nada melhor que olhar para as listas de chamada e ver a imaginação do povo com as combinações de gosto duvidoso que eles fazem. 
Depois tem nomes que "caem" melhor nos ouvidos do que outros, não apenas por uma questão de familiaridade, como também da época em que vivemos. Tenho pena de quem se chame Maísa, Mafalda, Aloísio, Soraia. Soraia é triste porra...lembra mesmo uma vilã mexicana. 
E por fim, destesto pais que não tem o cuidado de conciliar o nome com o sobrenome, criando desta forma aliterações e casos um pouco vergonhosos. Tive um colega que era Gabriel Gabbardo, outro era Rodrigo Endrigo, uma atriz conhecida chama-se Thayla Ayala. Uma vez vi uma reportagem que os pais lutavam na justiça para porem o nome da filha de Amora Motta (em Minas Gerais, marmota é sinônimo de pessoa panca das ideias, meio burrinha). 
Não sei se mais tarde o Fabian vai gostar ou não do nome que demos, mas foi um nome que sempre esteve presente desde que namorávamos e não pensei em outro, mesmo que em Portugal não deixassem registrá-lo. Se ele reclamar, vou dizer o que o funcionário do cartório falou ao meu marido: porque não chamá-lo de Fabião? Ohh céus, ele vai me agradecer por ter deixado meio à francesa o seu nome.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Facebookeando


Bolinho de arroz

- Pshiu. A mãe disse que não era para falar.
- Não era para falar o que? - pergunta a mais nova.
- Que o Tonico morreu.
- Ah. Mas ela não sabe?
- Saber, sabe. Viu ele.
- Viu?
- Viu. Todo de branco e cheio de flores.
- Mas se viu porque não pode falar?
- É para não lembrar. Cada vez que se lembra chora que só ela.
- Então e o que dizemos? - Aprumou a saia florida e pôs cuidadosamente as sobras de tecido para baixo das pernas.
- Qualquer coisa. Ou talvez nada.
- Acho que é melhor não dizer nada.
- Isto.
-Olá, Martina, olá Maria.
- Olá. Respondem as meninas em  uníssono.
- O que querem para o almoço? - a empregada coloca o avental e dirige-se à sala novamente.
- Quem sabe bolinho de arroz? - diz a mais nova.
A mulher estanca e com os olhos sem vida pára em direção à janela. O reflexo do vidro desenha seu nariz largo e negro. Os lábios amarronzados se entreabrem e começa a balbuciar - ele...ele...- não termina a frase e lágrimas grossas rolam pela sua cara de cera.
As meninas ficam por segundos a olharem-se e depois fogem para o quarto. A mais velha muito enraivecida:
- Está satisfeita agora? O que a mãe disse?
- Mas...eu não falei nada...
- Não lembra, o Tonico que gostava de bolinho de arroz. Agora a mãe vai ficar braba. Quero só ver se ela vai contar e vai sim. Agora é tua vez de ficar sem sobremesa.
A mais nova cala, calou durante todo o almoço. Era o morto que não lhe saía da cabeça, assim como também não lhe saía a ideia de que os bolinhos estavam salgados demais...

Ai ai

Hoje o Fabian senta à mesa da cozinha com o prato de plástico verde. Coloca uma colher cheia na boca e depois outra. De repente pára, os olhos tristes e diz: sodadi... Saudade de que meu filho? Sodadi do papai. Já tinha perguntado à tarde umas quatro vezes onde o papai estava e eu sempre explicando que tinha ido de avião trabalhar para termos nossa casinha. Esperei que tivesse se aquietado um pouco, mas à noite novamente suspiros e mais suspiros. E pronto, corta o coração esta saudade. Está difícil para nós três...até quando meu Deus?
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