Talvez por ter tido um pai que foi apenas o progenitor biológico, que a primeira coisa que me vinha à cabeça quando pensava em namorar, era imaginar como seria se o rapaz fosse pai. O marido foi de certa forma o pai que escolhi não só ao meu futuro filho, mas a mim. O Fernando foi daquele tipo de pai que pegou junto sem preguiça desde o primeiro dia. Aquele tipo que segurou as pontas e dividiu-se quase literalmente em dois, ao acalmar um recém nascido em ataque de cólicas e a mãe que vomitava e se cagava com reação aos antibióticos. Ele foi aquele tipo de pai, que mesmo não tendo direito à licença paternidade (tirou apenas 2 dias de férias), levantava todas as noites, e confesso que até na maioria das vezes foi quem atendeu o Fabian nos meses que se seguiram. Dar banho e trocar fraldas é o nível básico no percurso de ser pai. Nível intermédio é fazer papas, brincar sentado ao chão ao invés de por somente desenhos e nível avançado: acordar à noite, atender as birras quando a mãe já está estressada o bastante e só pioraria a situação.
Este tipo de pai é aquele que inventa histórias, que canta e embala. Este tipo é o que leva à praia mesmo detestando, o que entra na água fria de Cascais apenas para satisfazer a curiosidade de pézinhos fofos. É o tipo que dá comida na boca, que faz cócegas, que ajuda a fazer bagunça. É do tipo que chega louco de saudades quando vem do trabalho e a segunda coisa que faz ( a primeira é o café) é pegar ao colo e ficar sentado horas com o filho nos braços, só pela vontade de sentir a sua cria.
Este tipo de pai é aquele mais calejado, que já passou por muita coisa e tem saudade também pelo que deixou de fazer quando fora pai pelas primeiras vezes. Era este tipo de pai que precisava. Um pai com paciência e boa vontade, um que soubesse dizer não, mas também dar o colo tão necessário. Não tenho dúvidas que muitas, mas muitas vezes, nos momentos em que não consegui dar amor ao meu filho, o pai fez-se de pai e mãe. Não vou dizer que é o melhor pai do mundo porque acho que isto é um tanto quanto ridículo, cada um sabe o pai que tem em casa e deve haver por aí muitos pais com P maiúsculo. Mas simplesmente era este o tipo de pai que sonhei e o Fabian um dia saberá o quanto foi acertada a escolha da mãe.