sábado, 13 de abril de 2013
Qual é o limite do humor?
É um fato: o humor é espremido entre uma combinação de estereótipos em que sempre o lado gozado é o que sai em desvantagem. Seja em piadas de norte-americanos, argentinos, portugueses e brasileiros. E entre os últimos temos o regionalismo subdividido em gaúchos, mineiros, cariocas, baianos e paulistas. Há quem defenda que temos de saber rir de nós próprios e concordo, no entanto, ao mesmo tempo que tento aprender a rir quando acusam os gaúchos de serem todos viados, quero também rir do baiano que é preguiçoso e do carioca que quer levar vantagem e acaba se dando mal. Não aceito piadas de um lado só.
Também há quem defenda que é preciso bom senso por parte de quem faz humor: não é inteligente se por a contar piadas de judeu em um auditório repleto destes, nem de falar de temas delicados como enfiar Hitler goela abaixo apenas para fazer graça. Ainda que provavelmente a mesma piada seria bem recebida em um lugar mais "neutro" por assim dizer.
No Brasil há um programa escandalosamente intitulado "Pânico", supostamente de humor, em que explora até a exaustão mulheres gostosas em roupas indecentes. Chamou-me a atenção uma postagem no Facebook sobre um tal estupro praticado por Gerald Thomas em Nicole Bhals, uma das apresentadoras. Em primeiro lugar, não considero uma passada de mão constrangedora estupro, foi assédio sexual sim, mas estupro é coisa de mídia histérica. Em segundo lugar, deixa aceso o eterno debate mas afinal quem é o culpado: o tarado que se expõe antes às câmeras ou a mulher que deixa-se tocar e perpetua este estágio de objeto sexual? É uma questão antiga a de culpabilizar a mulher pelo comportamento inadequado dos homens. Mas ela estava de saia curta, estava pedindo uma passada de mão na bunda, ou ela estava com os seios saltando, e um não quer dizer um sim disfarçado, é o que dizem. Aqui no caso, o "tarado" defende-se que entrou na brincadeira e que de maneira nenhuma o faria em uma situação normal. Até acredito, mas o que ele quis fazer ao tornar explícito o que segundo ele qualquer marmanjo tem vontade de fazer, foi infeliz... Por exemplo, tenho uma tara pelo George Clooney, assim como outras mulheres, mas nem por isto se o visse iria direto nos seus "documentos".
Por outro lado, não quero pôr-me aqui a comentar a falta de roupa da Nicole, até porque não é um personagem, na vida real veste-se assim também. As francesas usam micro-saias inclusive para trabalhar, mas em nenhuma parte as vejo descritas como meros objetos sexuais. E qual é a diferença? Postura. Minha filha, postura é tudo. Não é o comprimento da roupa em si, mas a forma da mulher se apoderar de seu corpo que determina o modo como este será percebido. Enquanto a Nicole está sendo muito bem paga para mostrar as belas coxas, permitindo por sua vez, um humor baseado no estereótipo de mulher bonita e burra, mulher esta que aceita que os homens lhes digam coisas, que aceita ser (como eu digo) uma mulher-frango, em que se tira a cabeça e aproveita-se as coxas e peito, não pode exigir outro tratamento. É como se plantasse batatas à espera de couves. Não, não é preconceito, só um pouco de ação e reação. Atenção que aqui falo de um caso específico e não de todas as mulheres que usam roupas curtas, até porque eu sou adepta de pele à mostra.
Assim, qual seria o limite do humor? Primeiro ponto: para haver humor é preciso um bobo da vez. Ponto. Não vamos ser ingênuos quanto a isto. Segundo, o humor pode e deve ser inteligente. O humor serve para aliviarnos da realidade da vida, nem sempre com tanta piada como gostaríamos. Agora o tipo de humor que o Pânico (e quem diz Pânico diz Praça é nossa, Zorra Total, e inclusive alguns programas portugueses que tive o desprazer de ver) que exploram a mulher-objeto, para mim não tem a mínima graça.
Reportagem Aqui.
Assim, qual seria o limite do humor? Primeiro ponto: para haver humor é preciso um bobo da vez. Ponto. Não vamos ser ingênuos quanto a isto. Segundo, o humor pode e deve ser inteligente. O humor serve para aliviarnos da realidade da vida, nem sempre com tanta piada como gostaríamos. Agora o tipo de humor que o Pânico (e quem diz Pânico diz Praça é nossa, Zorra Total, e inclusive alguns programas portugueses que tive o desprazer de ver) que exploram a mulher-objeto, para mim não tem a mínima graça.
Reportagem Aqui.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Porque o pai nos faz falta
Talvez por ter tido um pai que foi apenas o progenitor biológico, que a primeira coisa que me vinha à cabeça quando pensava em namorar, era imaginar como seria se o rapaz fosse pai. O marido foi de certa forma o pai que escolhi não só ao meu futuro filho, mas a mim. O Fernando foi daquele tipo de pai que pegou junto sem preguiça desde o primeiro dia. Aquele tipo que segurou as pontas e dividiu-se quase literalmente em dois, ao acalmar um recém nascido em ataque de cólicas e a mãe que vomitava e se cagava com reação aos antibióticos. Ele foi aquele tipo de pai, que mesmo não tendo direito à licença paternidade (tirou apenas 2 dias de férias), levantava todas as noites, e confesso que até na maioria das vezes foi quem atendeu o Fabian nos meses que se seguiram. Dar banho e trocar fraldas é o nível básico no percurso de ser pai. Nível intermédio é fazer papas, brincar sentado ao chão ao invés de por somente desenhos e nível avançado: acordar à noite, atender as birras quando a mãe já está estressada o bastante e só pioraria a situação.
Este tipo de pai é aquele que inventa histórias, que canta e embala. Este tipo é o que leva à praia mesmo detestando, o que entra na água fria de Cascais apenas para satisfazer a curiosidade de pézinhos fofos. É o tipo que dá comida na boca, que faz cócegas, que ajuda a fazer bagunça. É do tipo que chega louco de saudades quando vem do trabalho e a segunda coisa que faz ( a primeira é o café) é pegar ao colo e ficar sentado horas com o filho nos braços, só pela vontade de sentir a sua cria.
Este tipo de pai é aquele mais calejado, que já passou por muita coisa e tem saudade também pelo que deixou de fazer quando fora pai pelas primeiras vezes. Era este tipo de pai que precisava. Um pai com paciência e boa vontade, um que soubesse dizer não, mas também dar o colo tão necessário. Não tenho dúvidas que muitas, mas muitas vezes, nos momentos em que não consegui dar amor ao meu filho, o pai fez-se de pai e mãe. Não vou dizer que é o melhor pai do mundo porque acho que isto é um tanto quanto ridículo, cada um sabe o pai que tem em casa e deve haver por aí muitos pais com P maiúsculo. Mas simplesmente era este o tipo de pai que sonhei e o Fabian um dia saberá o quanto foi acertada a escolha da mãe.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Isto de nomes
Ah a história dos nomes tem muito pano para manga, por exemplo, não gosto daqueles pais que dão os mesmos nomes para os filhos, que acabam por Fulano Filho ou Júnior. O que já se sabe é que o tal fulano será sempre chamado não pelo nome, mas pelo seu diminutivo: assim Paulo o pai e Paulinho o filho. Mariano e Marianinho (exemplo da minha família). Isto dá-me uma enorme má vontade, parece aquela história dos gêmeos em que as personalidades ficam difusas em roupas da mesma cor. Neste caso, a impressão é ainda pior porque remete à ideia de legado, de esperar que o filho carregue não somente o nome, mas a personalidade paterna e principalmente as suas qualidades.
Outra coisa que me faz confusão é colocarem um nome e nunca o utilizarem porque preferem o apelido (em Portugal, alcunha). Dou um exemplo: tinha um conhecido português que era casado com uma brasileira, o nome do filho era Carlos Henrique, no entanto sempre, sempre mesmo, o chamavam de Kaíque. Perguntei porque não haviam posto Kaíque no menino, ao que me respondeu, veja bem, uma coisa é chegar na casa dos pais da namorada e dizer que se chama Kaíque e outra bem diferente é dizer que é na verdade Carlos Henrique. Putz, nem argumentei, melhor deixar para lá. Sério isto? Se tem tanto preconceito com o nome, talvez com aspeto brasileiro, então que chamassem de Carlos ou de Henrique.
Outra coisa que me irrita são as combinações, aquelas que não tem nada a ver, que combinam dois nomes muito fortes ou muito compridos, tais como Guilherme Francisco, Alexandre Daniel, Carolina Madalena, Sofia Gabriela. É ridículo porque só serve para contentar os dois pais ou seja lá quem bateu o pé para que se colocasse o nome no pobre do bebê. Mentira, também serve para personagens de novelas mexicanas e para saber se a mãe está falando mesmo sério. Se gritar Fernando Ricardo já sabem, vão correndo para casa que aí vem bronca. Os portugueses falavam muito dos nomes brasileiros (e com razão), no entanto, nada melhor que olhar para as listas de chamada e ver a imaginação do povo com as combinações de gosto duvidoso que eles fazem.
Depois tem nomes que "caem" melhor nos ouvidos do que outros, não apenas por uma questão de familiaridade, como também da época em que vivemos. Tenho pena de quem se chame Maísa, Mafalda, Aloísio, Soraia. Soraia é triste porra...lembra mesmo uma vilã mexicana.
E por fim, destesto pais que não tem o cuidado de conciliar o nome com o sobrenome, criando desta forma aliterações e casos um pouco vergonhosos. Tive um colega que era Gabriel Gabbardo, outro era Rodrigo Endrigo, uma atriz conhecida chama-se Thayla Ayala. Uma vez vi uma reportagem que os pais lutavam na justiça para porem o nome da filha de Amora Motta (em Minas Gerais, marmota é sinônimo de pessoa panca das ideias, meio burrinha).
Não sei se mais tarde o Fabian vai gostar ou não do nome que demos, mas foi um nome que sempre esteve presente desde que namorávamos e não pensei em outro, mesmo que em Portugal não deixassem registrá-lo. Se ele reclamar, vou dizer o que o funcionário do cartório falou ao meu marido: porque não chamá-lo de Fabião? Ohh céus, ele vai me agradecer por ter deixado meio à francesa o seu nome.
Assinar:
Postagens (Atom)