segunda-feira, 15 de abril de 2013

E agora José (ou será Maria)?

E agora Maria ? São três filhos para criar, um deles recém nascido. Tens 45 anos e tiveste uma pneumonia logo que  saíste do hospital. O marido faz horas extras, as crianças exigem atenção. E agora Maria? Não tens com quem contar, a não ser tua velha mãe com quase 80 anos. Em três meses ela foi e voltou três vezes para o Rio. E agora Maria? Andas a cambalear sem forças para gerir a casa e levar os mais velhos à escola. Tens de ir à pé com a bebê nos braços. Tens o mundo nas costas. E agora Maria? Estás no hospital e não sentes nada. Não sabes de nada, mas sei eu. Sabemos todos. Tens leucemia mas ainda não te diagnosticaram o tipo. E agora Maria? E agora minha tia?

Poema de Drumond, cujo título do post é expressão muito usada por aqui.

      JOSÉ
                  E agora, José?
              A festa acabou,
              a luz apagou,
              o povo sumiu,
              a noite esfriou,
              e agora, José?
              e agora, você?
              você que é sem nome,
              que zomba dos outros,
              você que faz versos,
              que ama, protesta?
              e agora, José?
              Está sem mulher,
              está sem discurso,
              está sem carinho,
              já não pode beber,
              já não pode fumar,
              cuspir já não pode,
              a noite esfriou,
              o dia não veio,
              o bonde não veio,
              o riso não veio
              não veio a utopia
              e tudo acabou
              e tudo fugiu
              e tudo mofou,
              e agora, José?
              E agora, José?
              Sua doce palavra,
              seu instante de febre,
              sua gula e jejum,
              sua biblioteca,
              sua lavra de ouro,
              seu terno de vidro,
              sua incoerência,
              seu ódio - e agora?
              Com a chave na mão
              quer abrir a porta,
              não existe porta;
              quer morrer no mar,
              mas o mar secou;
              quer ir para Minas,
              Minas não há mais.
              José, e agora?
              Se você gritasse,
              se você gemesse,
              se você tocasse
              a valsa vienense,
              se você dormisse,
              se você cansasse,
              se você morresse...
              Mas você não morre,
              você é duro, José!
              Sozinho no escuro
              qual bicho-do-mato,
              sem teogonia,
              sem parede nua
              para se encostar,
              sem cavalo preto
              que fuja a galope,
              você marcha, José!
              José, para onde?

O mundo é dos jovens?



Talvez o mundo de agora não seja dos jovens, mas são eles que de alguma forma preparam o mundo que serão dos nossos filhos amanhã. São eles quem levantam os braços inconformados e lutam por uma realidade menos segmentada, só de relance lembro-me de casos como o movimento diretas já e o impeachment do governo Collor. E agora mais recentemente tivemos o exemplo da revogação do aumento das passagens de ônibus em Porto Alegre de 3.05 reais para os 2.85 anteriores. 
Não é que não existam pessoas com mais idade a lutar, mas é inegável que a "mão-de-obra" massiva para a transformação é jovem. Com o tempo, infelizmente, a tendência das pessoas é ir sedimentando ideias e crenças, principalmente o conformismo com o sistema econômico e cultural. Há o pensamento de que não adianta nada mexer-se do sofá, cancelar compromissos de família ou a simples rotina de um domingo de sol. Para quê ir ao centro da cidade protestar pelo que quer que seja? O jovem, talvez por a recém estar vivendo o mundo adulto, ainda carrega consigo a fantasia da infância de que tudo é possível, basta querermos, irmos em busca. O jovem traz mudança, transgride, choca com seu modo de ser, causa inveja dos que já não são mais jovens e que negam que fizeram o mesmo anos antes. 
O jovem desde os tempos mais antigos é visto com desconfiança por aqueles que repetem as normas sociais como de um rito se tratasse. A maior mágoa é a de que não respeitam a ordem. Pois claro, a ordem vista por olhos jovens é uma coisa absurda. Só olhos jovens e que ainda veem de fora, podem espantar-se com o processo de auto-sabotagem do nosso sistema capitalista. Só um olhar jovem para indignar-se ante privilégios de classe, a admiração tola por deuses do saber que andam a contradizerem-se em atos e palavras. 
Digo eu que tenho o meu lado velha há muito, tinha desconfiança também da juventude. Tinha porque temia a mudança (ainda não somos melhores amigas, mas pronto), idolatrava uma ordem que mesmo sabendo não ser justa, é algo que conhecemos bem. É uma ordem que pagamos caro, a custa de muita alienação e uma mídia cooperante. No exterior  uma manifestação é protesto, no Brasil é bagunça, é furdunço. Na Grécia, Espanha e França é habitual vermos notícias do povo incontido, da força juvenil a querer ser ouvida entre tantas vozes mais poderosas. Não somos um povo habituado a lutar, é verdade, somos um povo que desde os "descobrimentos" tomamos a postura de abdicar quase pacificamente de nossos direitos. Sim, tivemos lutas, guerras e guerrilhas, no entanto em sua maioria foram revoltas feitas pela própria classe abastada quando se encontrava insatisfeita com as decisões do Estado. Foram lutas para perpetuar a ordem e não para pô-la de cabeça para baixo. Porém também somos um povo jovem, um país jovem e que agora está se conscientizando do seu poder de mudança. Na minha cidade em dois meses foram dois protestos que renderam frutos e é só o começo. Mas são pequenas vitórias como estas que vão semeando a ideia de que o poder  está ao nosso alcance, e para isto é preciso muito mais do que um "like", é preciso pernas e mãos e vontade de viver um mundo melhor.


sábado, 13 de abril de 2013

Será a terceira de vez?

Estou tentando há três dias tirar as fraldas do Fabian. Já é a terceira vez!!! O rapaz segura o xixi até não poder mais e depois faz na calça, mesmo eu insistindo e colocando ele sentado no penico frequentemente. Ups, lá se foi mais uma calça e cueca, com sorte não preciso trocar a camiseta. Esta fase é uma merda, um xixi! Tenho dito.

Facebookeando


Web Statistics