segunda-feira, 15 de abril de 2013

Esfriou...


Aqui em uma semana praticamente pulamos dos 27 graus para 9 em Porto Alegre porque para o interior estava previsto 0º. Brrrrrr! Não gosto nada de frio, de outono, de inverno, de folhas caindo, de ranho caindo, de gorros, de luvas, de pés gelados, de tomar banho no frio, de chuva que dura todo um dia, de calçadas escorregadias, de noites longas, de tosse e febre, de árvores nuas, de lavar a louça com água gelada, de céu cinzento. Mas tem uma coisa que gosto no frio. Só uma coisa. Gosto de dormir bem juntinho, com as cobertas tapando as orelhas, com os pés protegidos entre pés maiores e muito mais quentes que os meus (imagine que não precisa muito, uma iguana tem patas mais quentes que as minhas). Infelizmente o que acontece é que durmo eu e o Fabian na mesma cama, um sofá cama improvisado, com um buraco no meio. Coloquei uma toalha para amenizar o declive, mas isto não impede que ele se jogue, me puxe os cabelos e vá pouco a pouco se enrolando como uma múmia e deixando-me sem ter com que me tapar. Humpf... já disse que odeio o frio?

E agora José (ou será Maria)?

E agora Maria ? São três filhos para criar, um deles recém nascido. Tens 45 anos e tiveste uma pneumonia logo que  saíste do hospital. O marido faz horas extras, as crianças exigem atenção. E agora Maria? Não tens com quem contar, a não ser tua velha mãe com quase 80 anos. Em três meses ela foi e voltou três vezes para o Rio. E agora Maria? Andas a cambalear sem forças para gerir a casa e levar os mais velhos à escola. Tens de ir à pé com a bebê nos braços. Tens o mundo nas costas. E agora Maria? Estás no hospital e não sentes nada. Não sabes de nada, mas sei eu. Sabemos todos. Tens leucemia mas ainda não te diagnosticaram o tipo. E agora Maria? E agora minha tia?

Poema de Drumond, cujo título do post é expressão muito usada por aqui.

      JOSÉ
                  E agora, José?
              A festa acabou,
              a luz apagou,
              o povo sumiu,
              a noite esfriou,
              e agora, José?
              e agora, você?
              você que é sem nome,
              que zomba dos outros,
              você que faz versos,
              que ama, protesta?
              e agora, José?
              Está sem mulher,
              está sem discurso,
              está sem carinho,
              já não pode beber,
              já não pode fumar,
              cuspir já não pode,
              a noite esfriou,
              o dia não veio,
              o bonde não veio,
              o riso não veio
              não veio a utopia
              e tudo acabou
              e tudo fugiu
              e tudo mofou,
              e agora, José?
              E agora, José?
              Sua doce palavra,
              seu instante de febre,
              sua gula e jejum,
              sua biblioteca,
              sua lavra de ouro,
              seu terno de vidro,
              sua incoerência,
              seu ódio - e agora?
              Com a chave na mão
              quer abrir a porta,
              não existe porta;
              quer morrer no mar,
              mas o mar secou;
              quer ir para Minas,
              Minas não há mais.
              José, e agora?
              Se você gritasse,
              se você gemesse,
              se você tocasse
              a valsa vienense,
              se você dormisse,
              se você cansasse,
              se você morresse...
              Mas você não morre,
              você é duro, José!
              Sozinho no escuro
              qual bicho-do-mato,
              sem teogonia,
              sem parede nua
              para se encostar,
              sem cavalo preto
              que fuja a galope,
              você marcha, José!
              José, para onde?

O mundo é dos jovens?



Talvez o mundo de agora não seja dos jovens, mas são eles que de alguma forma preparam o mundo que serão dos nossos filhos amanhã. São eles quem levantam os braços inconformados e lutam por uma realidade menos segmentada, só de relance lembro-me de casos como o movimento diretas já e o impeachment do governo Collor. E agora mais recentemente tivemos o exemplo da revogação do aumento das passagens de ônibus em Porto Alegre de 3.05 reais para os 2.85 anteriores. 
Não é que não existam pessoas com mais idade a lutar, mas é inegável que a "mão-de-obra" massiva para a transformação é jovem. Com o tempo, infelizmente, a tendência das pessoas é ir sedimentando ideias e crenças, principalmente o conformismo com o sistema econômico e cultural. Há o pensamento de que não adianta nada mexer-se do sofá, cancelar compromissos de família ou a simples rotina de um domingo de sol. Para quê ir ao centro da cidade protestar pelo que quer que seja? O jovem, talvez por a recém estar vivendo o mundo adulto, ainda carrega consigo a fantasia da infância de que tudo é possível, basta querermos, irmos em busca. O jovem traz mudança, transgride, choca com seu modo de ser, causa inveja dos que já não são mais jovens e que negam que fizeram o mesmo anos antes. 
O jovem desde os tempos mais antigos é visto com desconfiança por aqueles que repetem as normas sociais como de um rito se tratasse. A maior mágoa é a de que não respeitam a ordem. Pois claro, a ordem vista por olhos jovens é uma coisa absurda. Só olhos jovens e que ainda veem de fora, podem espantar-se com o processo de auto-sabotagem do nosso sistema capitalista. Só um olhar jovem para indignar-se ante privilégios de classe, a admiração tola por deuses do saber que andam a contradizerem-se em atos e palavras. 
Digo eu que tenho o meu lado velha há muito, tinha desconfiança também da juventude. Tinha porque temia a mudança (ainda não somos melhores amigas, mas pronto), idolatrava uma ordem que mesmo sabendo não ser justa, é algo que conhecemos bem. É uma ordem que pagamos caro, a custa de muita alienação e uma mídia cooperante. No exterior  uma manifestação é protesto, no Brasil é bagunça, é furdunço. Na Grécia, Espanha e França é habitual vermos notícias do povo incontido, da força juvenil a querer ser ouvida entre tantas vozes mais poderosas. Não somos um povo habituado a lutar, é verdade, somos um povo que desde os "descobrimentos" tomamos a postura de abdicar quase pacificamente de nossos direitos. Sim, tivemos lutas, guerras e guerrilhas, no entanto em sua maioria foram revoltas feitas pela própria classe abastada quando se encontrava insatisfeita com as decisões do Estado. Foram lutas para perpetuar a ordem e não para pô-la de cabeça para baixo. Porém também somos um povo jovem, um país jovem e que agora está se conscientizando do seu poder de mudança. Na minha cidade em dois meses foram dois protestos que renderam frutos e é só o começo. Mas são pequenas vitórias como estas que vão semeando a ideia de que o poder  está ao nosso alcance, e para isto é preciso muito mais do que um "like", é preciso pernas e mãos e vontade de viver um mundo melhor.


sábado, 13 de abril de 2013

Será a terceira de vez?

Estou tentando há três dias tirar as fraldas do Fabian. Já é a terceira vez!!! O rapaz segura o xixi até não poder mais e depois faz na calça, mesmo eu insistindo e colocando ele sentado no penico frequentemente. Ups, lá se foi mais uma calça e cueca, com sorte não preciso trocar a camiseta. Esta fase é uma merda, um xixi! Tenho dito.
Web Statistics