sábado, 20 de abril de 2013
#Chateado
Aí você entra em um blog que tem gif com glitter, uma música do nada começa a tocar bem alto que chega até a dar um pulo, o cursor é uma borboleta que deixa um rastro de estrelas:
O Fabian já tem escola
Foi uma legítima novela e história da creche do Fabian. A mãe me acusava de não ter sensibilidade para ver as necessidades do Fabian, que ele precisava urgente de atividade com crianças da idade dele. Ora sensibilidade eu tenho, não tenho é dinheiro, ainda mais para por na escola que ela quer. Meio turno nesta creche custa mais de um salário mínimo e como disse, por mais que trabalhasse ainda ia faltar dinheiro para a mensalidade. Ela disse que iria pagar metade, mas mesmo metade fica muito caro para mim. Depois fala que não quer impor nada, não é verdade, se escolhesse outra escola mais barata, teria de pagar tudo.
Aos poucos fui me enjoando desta história. Era sempre mais do mesmo, mesmas discussões, mesmas acusações, e as tantas estava cansada desta luta de braços. Cedi com a possibilidade de fazer as tarefas domésticas, mas ela não quis. Depois fui procurar emprego porque ou saía de casa ou enlouquecia. Mas cansa muito porque tudo o que a mãe quer é controle, é impor as regras dela. E se não faço sou dura, não aceito a realidade, não vejo o que é melhor para o meu filho, enfim. Hoje o meu padrasto resolveu que iria pagar a escola nos primeiros meses até eu arrumar trabalho, depois vou contribuir com uma parte da mensalidade.
Esta escola se baseia na pedagogia Waldorf que nada mais é do que o resgate à infância de antigamente, o brincar no pátio, na terra, com brinquedos artesanais de madeira e bonecas de pano. A alimentação é toda orgânica, as professoras tem mestrado em pedagogia e são cuidadosamente escolhidas, há aulas de música e expressão corporal. Nas paredes não há números, nem cores, nem figuras com nomes de animais e respetivas fotografias. Na sala há um colchão branco como aqueles sofás das arábias, com almofadas e um dossel. O chão é de madeira e a casa é antiga, da década de 20. Lá fora há um barco afundado na areia, há casas de madeira e pontes e escorregador. Há também uma pequena casa de barro com detalhes em fundo de garrafa de vidro.
Enquanto conversávamos sobre a adaptação do Fabian, o cheiro de pão recém saído do forno inebriava a sala. Estava na hora do lanche das crianças. Já havia passado pela entrada e visto a turma dos bebês a fazer piquenique no parquinho. Duas jarras de suco natural, frutas e bolacha integral. O Fabian correu solto enquanto preenchi a ficha e ainda bem que uma das secretárias se ofereceu para dar uma olhada nele enquanto isto. Creio até que a adaptação nem seria necessário, tamanha é a vontade do Fabian de estar lá. Vai entrar no turma dos de 2 anos e meio até 4 anos, e é o mais novo, porém da altura dos coleguinhas.
Segunda feira vou fazer a entrevista com a professora e terça começaremos a adaptação.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Os preconceitos embutidos
Para dasabar um preconceito é simples. Observa teus sentimentos, observa a forma como colocas as palavras e expressas tuas ideias. Todos tem preconceitos em algum grau e com alguma coisa. Faz parte do ser humano catalogar a realidade que o rodeia. Já falei sobre isto, de certa forma o preconceito tem a função de simplificar o conhecimento, não seria prático em termos evolutivos andarmos sempre a analisar tudo a todo o momento. Sim, nós evoluímos, mas a nossa mente não. Continua a mesma de trinta mil anos atrás, ou quase a mesma.
Entendo que seja complicado assumirmos determinadas crenças, sabemos desde a infância que é feio julgar, é feio dizer coisas sem pensar, é feio dizer que não se gosta disto ou daquilo e sem saber o porquê. Por exemplo, tenho uma série de preconceitos, tenho preconceito com mulheres que tem muitos filhos, tenho preconceito com gordos, tenho preconceito com gente que bebe demais, etc. Admitir um preconceito não é o mesmo que sair por aí a esfregá-lo em nosso alvo. Longe disto. Admitir é enxergar e aceitar. Mas acima de tudo é pensar na possibilidade de modificá-lo, e como poderíamos fazê-lo? Simples, a convivência com pessoas que o estimulam. Lembro-me de um filme muito bom que vi na adolescência: uma outra história americana. Falava de um jovem skinhead que foi preso depois de assassinar um negro. Na prisão depois de um monte de abusos físicos e sexuais ele tem o seu primeiro amigo, um negro. Aos poucos vai modificando o que neste caso do filme é um preconceito mais ferrenho e aberto, o racismo. Conviver com pessoas alvo ajuda a desmistificar o pensamento de que todas as pessoas daquela cor, daquele peso, com aquele comportamento x, são de fato assim. Desconstrói a ideia de coesão de personalidades, ninguém é igual a ninguém. Porém quando uma pessoa desconhece o seu preconceito, ela diz, fulano é bom, mas continua a achar que o resto daquela categoria a qual pertencia fulano estão errados, não prestam ou isto ou aquilo. Quando não se assume o preconceito fica-se em cima do muro, vê-se algo diferente, mas não temos coragem o suficiente para abandonar nossa visão antiga. Estamos presos ao medo e ao preconceito. Talvez, cá entre nós, eu tenha preconceito com as pessoas que fingem não ter preconceito. E preciso mudar isto.
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