Parafraseando Fernando Pessoa para falar de subemprego. Ahn? Como assim? É isto, de acordo com o dicionário subemprego é definido por:
"Emprego não qualificado e que mal satisfaz as necessidades de sobrevivência.
Aplicação (de valores) com rendimento baixo e sem garantia: subemprego de capital.
Situação em que a mão-de-obra só encontra trabalho periodicamente ou em que o número de oportunidades não alcança o de pessoal habilitado."
Então é assim, não sou contra os brasileiros irem ganhar o mundo e fazerem coisas que em sua terra jamais fariam, tais como lavar o chão de hotel, ser empregada doméstica, babá, etc, etc. Não sou contra viver em subemprego se a pessoa tiver um objetivo de vida, seja juntar dinheiro para comprar sua casa, seja estudar, ter um curso superior, seja viajar, conhecer novas culturas ou simplesmente aprender uma outra língua. Todos os motivos são válidos. Por exemplo, tive uma amiga em Portugal que foi trabalhar de promotora em supermercado (na época que ainda se pagava relativamente bem), ela juntou a grana e pagou toda a faculdade com este dinheiro. Ela tinha um fim que era sair daquele degrau e avançar, crescer, mudar. Agora uma coisa que nunca vou entender é quem saia de "casa" para viver com mais dez brasileiros em um apartamento, que trabalhe de dia para comer de noite e fique estagnado naquilo como se fosse a melhor coisa do mundo. Ah claro, posta fotos na net para os outros dizerem, olha o fulano tá ná Europa. Mas ninguém sabe o que o fulano faz. O fulano não conta que trabalha por turnos e que limpa merda de desconhecidos. E o fulano não tem qualquer perspetiva de vida a não ser viver um dia após o outro e pagar de vip em sua terra natal.
A minha definição pessoal de subemprego é aquilo que está conjugado entre se esta ocupação proporciona meios para além da sobrevivência e o fator de realização pessoal. Por acaso não conheço ninguém que um dia acordou e disse que seu sonho era ser lixeiro. Nada contra a profissão que é digna, mas sejamos honestos quem é que sonha isto para a sua vida ou a de seus filhos? Principalmente vindo de alguém que estudou e que tem dicernimento suficiente para render mais?
Não quero entrar na separação das profissões que são valorizadas em detrimento de outras, tais como medicina, advocacia, em relação à camareira, a atendente de mesa, etc. Eu mesma como já disse, trabalhei em uma fábrica. Não me orgulho e também não me envergonho. Eu mesma candidatei-me a uma vaga de camareira, não tenho qualquer vergonha nisto, mas é uma solução temporária, pois que valorizo a educação e esforço que tive e também reconheço que consigo mais e melhor. Não é a profissão em si que faz alguém ser mais que os outros, o que me refiro é uma separação óbvia entre a pró-atividade dos sujeitos. Não há nada de mal em ser empregado do Mc Donalds, nem em ser faxineira. O que está mal é ver uma pessoa com curso superior se contentar em ser isto indeterminadamente. Para uma pessoa que não possui quase instrução e que digamos bem a verdade nem tem vontade de crescer, varrer as ruas da cidade está de bom tamanho. Agora estranho, muito estranho é uma pessoa que teve uma boa formação se contentar em subempregos para o resto da vida. E pior, ainda achar que a culpa disto tudo é de seu país, o que é no mínimo incoerente. Mas lá está, nem sempre instrução anda de mãos dadas com maturidade emocional.