quarta-feira, 15 de maio de 2013

Coisas que eu não gosto

Sempre foi um fato que a escolha da escola do Fabian não passou de uma imposição da minha mãe. É uma escola que cobra o dobro da mensalidade das outras, é longe, e em virtude de ser o dobro ele só pode ficar meio turno. As possibilidades de horários são: no turno da manhã das 7:30 até o meio dia; turno da tarde da uma até as seis e semi-integral das 9 até as 16:30.  Eu entendo que a escola tenha uma proposta diferente em que prioriza o tempo que a criança passa com a família, que dá muito valor ao pátio, às brincadeiras livres ao invés da sala e dos trabalhinhos. Não me incomoda que meu filho aos dois anos não saiba contar até dez, nem que não saiba o nome de todos os bichos, tais como o ouriço e o peixe palhaço. Nem que venha com um cômoro de areia em cada sapato e as roupas sujas de terra e grama. O que me incomoda é que eles não estabelecem um horário para o sono, o qual ainda acho que é muito importante para a idade dele. O Fabian necessita dormir uma hora que seja à tarde, se não consegue fica agitado, agressivo e às sete da noite não se aguenta em pé. No período que fiz a adaptação dele me incomodava de ver as mulheres carregarem as crianças menores que ele e só as levarem quando estavam a dar para o lado. Não existe aquela coisa de todos almoçarem, escovarem os dentes, trocarem fraldas e depois todo mundo deitado para descansar. Eles acham que "respeitam" o sono e o ritmo da criança, mas o que acontece é que tendo o pátio e as brincadeiras, tudo que os pequenos querem é aguentarem ao máximo e alguns até nem sequer dormem porque as outras crianças estão na rua. Quando se rendem tanto pode ser às 14, às 15 ou às 16 horas da tarde. Não há rotina do sono e com o Fabian é ainda pior, pois ele tem mais resistência que um bebê de um ano, ainda que não tenha a de uma criança de quatro que já não tem necessidade de sestear. 
Outra coisa que me incomoda são os lanches naturais. Um dia ele não comeu nada, só tomou suco porque o lanche foi uma tigela de arroz integral com brócolis. Não gosto de radicalismo alimentício, principalmente porque isto me faz lembrar tão bem da minha infância. Quando tínhamos nossa casa, comprávamos os legumes e frutas na feira biológica, mas também comíamos carnes branca e vermelha e iogurtes com açúcar. Não vejo qualquer problema nisto, é uma opção de vida. Não consigo sequer pensar em ser uma natureba ecolouca destas. 
Irrita-me e esta é umas das coisas que estamos com problemas em gerir porque tem me sido muito duro aceitar estas intromissões da mãe na minha vida. Cansa porque para convivermos sempre tem de ser eu a ceder e sei que não faço de boa vontade, fico remoendo e guardando muita mágoa por ela não respeitar nenhuma decisão que tome. Por enquanto o Fabian tem dormido depois do almoço e depois o levamos na escola, mas agora ela determinou que a partir de amanhã levará à uma hora e ele que durma lá se lhe der vontade. Já discutimos, mas o problema é que vitimiza-se, acha que eu sou dura por simplesmente exercer um direito meu que é estabelecer regras para o meu filho. Tem horas que eu já nem sei o que fazer, nem como agir, se fico batendo murro em ponta de fca ou se cedo para não me incomodar. A minha mãe é a pedra mais dolorida que já tive no sapato e não vejo a hora de expulsar esta pedra de vez.

Facebookeando


Faz um ano

Bem na verdade mais precisamente um ano e dois dias que a nossa jornada começou. Há um ano o marido parou de trabalhar, veio a notícia vinte dias antes de que havia perdido o emprego. Gana de vingança à parte, sempre acreditei que as coisas pelas quais passamos pertencem a nós e mais ninguém: nós somos os responsáveis pelo nosso des(a)tino. Neste período quebrei, tomei muitas decisões que hoje sabendo tudo o que sei não teria tomado. Neste período minha vida parou, como se estivesse mera espetadora, a vi passar, me vi a pegar o avião de volta ao Brasil, justamente na mesma situação que sempre temi. Voltar com quase uma mão na frente e outra atrás com as malas e o Fabian. E apesar de muito difícil engolir o orgulho e passar de acampamento nas casas das sogras em um vem e vai ao sabor das tempestades, aprendi algumas coisas que se tivesse paciência talvez desse um livro. Já agora, infelizmente existe um livro chamado "Um ano na merda", teria que pensar em outro título. 
Neste tempo aprendi que por mais sólida que a nossa situação pareça, ela pode mudar a qualquer momento. Não adianta casa, carro, faculdade, sem dinheiro tudo cai por terra. E nunca poderemos imaginar o quanto nosso mundo é frágil a não ser que se passe por uma situação brusca deste gênero.
Aprendi que os amigos que ficam são poucos e os que podemos contar são menos ainda. Aprendi principalmente que no fim nem com estes, que a vida deixa-nos só, à beira da loucura. A vida nos testa até o limite e teve horas que cheguei quase a dar uma bofetada em alguém e ao mesmo tempo senti-me solidária com os psicopatas americanos. No fim sabemos que só podemos contar conosco e com quem sempre esteve ao nosso lado, e se não fosse o marido acho que tinha ido ao fundo do poço.
Aprendi a calar (mais ainda), a não interferir na vida dos outros pois sei o quanto é difícil estar sempre a ouvir que devemos isto ou aquilo. Incrivelmente sempre sabem o que fazer no nosso lugar e é sempre tudo tão fácil, não é mesmo?
Aprendi a valorizar um teto, mesmo que alugado. Aprendi a dar valor as pequenas coisas como  liberdade de assistirmos o canal que queremos, de cozinhar o que nos der vontade, etc. 
Neste tempo pude conviver mais com o marido, muito mais do que em todos os anos que estivemos juntos e pelo menos isto foi bom. Porém quase sempre estávamos em um estado de alerta e de ansiedade intensa, passávamos horas sem falar sobre isto, sabendo que o outro também estava pensando o mesmo. 
Aprendi que há certas coisas que não estão em nossas mãos. Sim, somos nós que fazemos o destino, mas não depende de nós a hora em que é chegada a colheita de nossas ações. Aprendi que dias podem passar mais devagar que meses, e que ao mesmo tempo os meses podem correr como segundos.
Aprendi a sonhar e a cair. Mais a cair que a sonhar. Aprendi que não devo esmorecer, que apenas devo aprender a cair com jeito para doer menos, por as mãos ao chão para proteger a cabeça, sacudir a poeira e começar tudo outra vez.
Aprendi a fazer silêncio. Ninguém merece saber das minhas derrotas diárias, nem tão pouco das minhas vitórias. Aprendi que guardar segredo é fundamental se queremos ter paz e privacidade. Até porque tantas e tantas vezes estivemos quase e escorregamos pelo caminho... 
E finalmente, aprendi a decidir com o coração. Por mais que me digam que no Brasil tenho uma vida pela frente, sei que para isto seria preciso separar-me do Fernando e se um dia esta me pareceu a melhor solução, quando escutei apenas a mim, vi que esta nunca seria a escolha que me faria feliz. Amo o meu marido mais do que tudo que possa enfrentar, mais do que todos os problemas que já passamos e é com ele que quero dividir a minha vida. E em meio a isto tudo, aprendi que a vida é mudança: um ciclo se fecha e outro irá abrir. É só uma questão de tempo.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Morro de inveja


Fico morrendo de inveja quando vejo alguma propaganda de sandália ou de esmalte que mostre um belo par de pés delicados e bonitos. Tenho os  pés muito muito feios. Pés de italiano, do meu avô. Pés de amassar uva! São magros, ossudos e com os dedos um pouco encolhidos. Já tive mais vergonha, mas até hoje não pinto as unhas, só passo uma base que é para não chamar atenção. Acho que é ainda pior do que o meu trauma de peito pequeno, pois que nunca vi cirurgia para embelezar pés...

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