quarta-feira, 22 de maio de 2013

Olhar o mundo pelo umbigo



Tenho reparado muitas vezes por mim que quanto mais se implica (ou torna-se obcessivo) com uma coisa, mais ela aparece diante de nossos olhos. Na minha opinião a realidade não muda, o que muda é a forma como olhamos para ela. Lembro de olhar nos fóruns de infertilidade e ler continuamente a mesma reclamação de que parece que o mundo está grávido. Eu mesma tinha vezes que chegava a contar cinco grávidas e achava que só eu não conseguia. A julgar pelas notícias, a população está envelhecendo (pasmem mas a do Brasil também), ora algo está errado, se as pesquisas apontam para o lado totalmente oposto porque na minha perceção a realidade tem outra cara?
Um dos fatores que me indispus com a minha cunhada foi o fato de constantemente andar a falar mal dos brasileiros. Olhem bem que admito que não somos um povo particularmente preocupado com a cidadania e admito que há por aí muitos mais que prezam a boa educação. Mas só ver coisas negativas o tempo todo? Porque nunca fala das nossas universidades, dos nossos profissionais, dos nossos escritores, dos nossos músicos? Enfim, só para variar. Até parece que os americanos são um povo assim tudo de bom, que não tem uma alienação geográfica crônica, que são os tipos mais saudáveis, os que acham naturalíssimo uma criança de seis anos portar armas e que se dá na telha brincam de tiro ao alvo nos cinemas e escolas. Ah e para não dizer dos processos mais descabidos que existem, só agora lembro daqueles gordos a culparem o Mc Donalds pela sua obesidade. Dã!
Sabe porque? É que brasileiro trabalhador, honesto, que é educado e não joga lixo no chão não vende notícia. E claro que aí é um pouco de culpa da mídia fazer-nos acreditar que a maioria é assim. O que chama atenção: alguém que vive sem perturbar a ordem ou alguém que fez um escândalo em um avião e foi expulso por mau comportamento? Agora também é da inteligência da pessoa acreditar que todos são uns mau educados e estúpidos, inclusive ela.
A maneira como vemos as coisas vai ditar a realidade que enxergamos, é uma constante, um ciclo. Vejo os brasileiros desta forma, logo valorizo tudo o que confirma as minhas crenças, logo estou correta sobre meu julgamento sobre os brasileiros. E isto é só um exemplo dos muitos que existem sobre extremismos, estereótipos e bitoladas visões de mundo. As pessoas tem a tendência a acreditarem que determinado fato que observam faz parte de uma realidade imutável, concreta. O problema das pessoas, e nisto me incluo, é achar que existe uma realidade concreta. E até existe. Água, céu, mar. Mas a realidade subjetiva abarca tudo e depende dos valores e da experiência de vida de cada um. Esta é aberta a interpretações, daí o meu lema de não haver certo ou errado e sim sentimentos. Para a minha cunhada os brasileiros são realmente as criaturas mais egoístas e hipócritas da face da terra. Para uma infértil não importa o que as pesquisas digam, o mundo está realmente grávido. Para um extremista político a ditadura foi mesmo boa, etc, etc. É compreensível, é humano ver as coisas como se fossem prontas em caixotes. Mas de vez em quando faz bem tirar os olhos do umbigo e perceber  a vida com outros olhos...quando saímos de nossa zona de conforto, crescemos.

A ditadura da alface

Sou uma pessoa muito chegada na picanha, afinal sou da terra que nasceu o churrasco, começaria mal se fosse o contrário. Acho que todos temos direito de escolha, sem exceção, e claro que isto inclui os filhos. Talvez por ter tido uma mãe que resolveu que repentinamente iríamos frequentar um restaurante macrobiótico, que me faça alergias quando vejo pais vegetarianos a envergarem a ditadura da alface. Enquanto estão em uma redoma zelados pelos hábitos alimentares paternos tudo bem, afinal o que a língua não prova, o estômago não sente. Mas e depois que vão para a escola e começam a conviver com outras comidas, doces, carnes, frituras e afins? E o pior é que é difícil criança que não goste de bobagens, de batata frita, de bife à milanesa, de bolo de chocolate. Acho errado proibir, saber dosar sim parece-me menos traumatizante. Gostei muito da decisão de uma conhecida que ao tornar-se vegetariana, fez disto uma escolha própria e não quis arrastar junto toda a família. Clap clap calp! O respeito às preferências deve partir de todos os lados, tanto dos vegetarianos quanto dos carnívoros. É por isto que não consigo admitir pais vegetarianos que impõe uma dieta destas para os seus filhos. E sim, caso um dia o Fabian queira seguir por este caminho, darei força, mas ele já sabe que o negócio da mãe dele é e sempre será um bom churrasco.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Coisas que fazem meu lado mauzinho despertar

Vai ser original assim lá na puta que pariu, ops no facebook.

Pessoas que fazem sinais com as mãos para tirar fotos. Corações grrr.... Sinal com o polegar para cima...sinal símbolo do heavy metal, sinal de "v" da vitória...grrrrrr.... Dá vontade de lhes fazer um sinal, aquele do dedo médio para cima.
À propósito de gestos, gostei muito deste post sobre a interpretação gestual em várias culturas. Quem viaja muito sabe que mímica é o "idioma" mais falado do mundo pelos turistas.

Se...se...se...

Se tem uma coisa que me irrita é esta minha mania de querer adiantar o tempo, de sofrer antecipadamente com uma coisa que pode mudar ao final da esquina. Mas não adianta, posso tentar me controlar, não dar tanto tempo para remoar pensamentos, porém quando vejo já estou imaginando as minhas reações a isto ou aquilo. Lembro de quando morava em Portugal que vivia tecendo planos de comprar o apartamento em que vivíamos, de fazer uma bela reforma naqueles azulejos horrorosos, trocar os armários da cozinha, pintar o quarto, etc. Imaginava em quantos anos poderia juntar o dinheiro para a entrada e já sofria porque a idade do marido provavelmente impossibilitaria a realização deste sonho. Hoje fico nervosa com o tempo a passar e a calcular quantos meses mais tenho de ficar aqui, em quanto tempo seria possível ele juntar dinheiro para a nossa passagem, quanto seria necessário para mobiliar o apartamento, em que mês seria melhor para inscrever o Fabian em uma creche, etc, etc. Seria tão bom se conseguisse ser menos ansiosa...é porque quanto mais me preocupo, parece que mais os objetivos escapam. Às vezes penso que sou como o burro com a cenoura... E segundo sei não sou a única, recordo-me em uma aula na faculdade andarmos a rir porque no século 19 a maior preocupação das pessoas eram o que iam fazer com a quantidade de cocôs de cavalo nas grandes cidades. Imaginavam engenhocas para recolhê-lo, com base na conclusão óbvia de que quanto mais as cidades cresciam, se tornava ainda mais necessário carroças para o deslocamento, portanto, mais animais haveriam para cagarem nas ruas. As autoridades andavam em desespero em busca de soluções práticas para evitar este descalabro. Só não contavam que logo ao virar do século inventaram o carro. 


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