terça-feira, 4 de junho de 2013

A ti

Tenho saudades de Portugal, da minha casinha, do clima, daqueles verões perfeitos de dias de sol após dias de sol. Tenho saudade dos vizinhos, até da voz anasalada da E. e das suas brigas com o seu filho B. Da vizinha estressada da frente, do casal de velhinhos simpáticos de cima. Tenho saudades de morar perto do mar, de vê-lo em tons safira a despejar uma onda após outra, a bater mansamente nas pedras ou a entornar o caldo por cima das barras de proteção. Tenho saudades das pipocas do cinema Lusomundo, como sempre tinham de ser doces e em tamanho médio. Do sorvete Fagoletto sabor arroz doce e coco, do cachorro quente de Cascais de chili com queijo emental. Tenho saudades do sotaque português, do preço acessível ao impulso para  roupas e sapatos. Tenho saudades de buscar o Fabian na escolinha e encontrar as educadoras felizes (e cansadas) com uma tabela que me informava quantas vezes ele tinha feito cocô. Tenho saudade de quando os meus problemas se resumiam em cocôs. Do ginásio do ex-fisioculturista Manel (não vou dizer academia desta vez), em que vi derreterem 16 quilos em pouco mais de sete meses. Tenho saudades dos amigos que deixei, da minha amiga S, minha mineirinha, o coração que mais me adoçou neste tempo. Do casal R. e M. que sempre encontravam motivos para tirar estes bruxos de casa. Da festa dos santos populares, das festas de verão de S. Domingos de Rana, dos algodões doce e churros que comi. Da minha coelha Fuinha que me acompanhou nestes quase seis anos, da minha faculdade, de alguns colegas, de ter prazos de estudo. Tenho saudades do Oceanário e do zoô, do zelo geral das pessoas pelas crianças (e claro pelo meu filho). Tenho saudade ao perceber que este ciclo fechou-se e com certeza aprendi muito. Foi em Portugal que tornei-me mulher, que casei-me, que vivi os melhores (e os piores) momentos com o Fernando. Agradeço por tudo, até pelas lições amargas, muitas talvez devido à minha própria inflexibilidade para com a vida... 
Pretendo voltar um dia para sentir sem pressa aquele mar, aquela gente, aquele sol sem fim. Espero que este novo ciclo traga-me outros aprendizados, faça-me crescer, evoluir. Depois de Portugal percebo que nada é para sempre, cada vez mais vejo urgência em buscar uma segurança interna, pois que mudam as paisagens, mas esta é a "casa" que nunca deixamos para trás.
Portugal, um até logo, porque adeus ainda me parece definitivo demais.

Vizinha sem noção

Porque diabos tenho uma vizinha que a-d-o-r-a escutar música à meia noite em altíssimo som? Esta filha da puta bem podia escutar durante o dia, mas não, ela espera estrategicamente as 23 horas aproximar-se e vai girando o volume devagarinho. Depois desata altos berros a acompanhar a música e o pior: tem a mãe como cúmplice. Meu padrasto já chamou a polícia várias vezes por causa deste hábito e eles vem porque sabem que é coronel da brigada, porque senão nem vinham. É um descaso com os outros, um desrespeito sem fim. Uma coisa é em uma sexta, no sábado, principalmente em alguma ocasião especial, tipo quando o rei faz anos, mas sempre? 
É nestas horas que vejo que o pensamento não tem tanta força assim. Se tivesse...humm deixa para lá.


Hahahah!!


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Reconheço a minha "grossura"

"Sem as pequenas hipocrisias mútuas nos tornaríamos intoleráveis uns para os outros." 
Emanuel Wertheimer

Em que ficamos então? Qual o limite entre hipocrisia e falta de educação? Eu bem disse anteriormente que sou uma pessoa honesta com relação ao que sinto, sinto-me muito desconfortável quando tenho de fingir alguma coisa. Apesar disto sou daquelas que não expressa o que pensa só porque sim, numa de ah sou antêntica e tal, tomá lá com a minha sinceridade. Mas aqui neste cantinho virtual posso dar-me ao direito de dar vazão ao que sou, ao que não digo porque além de muitas vezes ficar mal, não é direito meu dizer. Tenho 90% de certeza que o meu enteado leu o meu blog e que por isto chateou-se comigo pelo que escrevi sobre a morte do padrasto dele. Ora, tenho pena porque nunca me passou pela cabeça que ele viesse aqui parar e as coisas que dito aqui são apenas desabafos e servem para isto mesmo. Já pensei em privatizar o blog, porém gosto desta interação, assim como também respeito quem venha aqui só para ler e não goste de ser seguidor ou comentar. Respeito porque eu também o faço. 
Depois também há o outro lado, ele veio aqui com um propósito, quase como se viesse saber da minha opinião e talvez em busca de resposta ao meu silêncio sobre a notícia indiretamente dada a mim. Então se veio por isto encontrou. Sou assim, fazer o que? Quem me conhece sabe que pode contar sempre com a minha sinceridade se a pedir. Mas é coisa que jamais falaria a ele, pois reconheço que apesar da pessoa em causa não significar nada para mim, ele deve estar sentindo este baque. 
Devia eu ter traído os meus princípios e ter dados os meus sentimentos insinceros? Possivelmente se fosse uma amiga ou uma pessoa próxima com a qual tivesse mais intimidade, não me custaria tanto. Também não sou nenhuma ingênua para saber que há momentos em que é quase inevitável ser falso, porque dói menos, porque nos poupa de incomodações futuras, porque deixa os outros felizes. Quem nunca? 
Mas a eles (aos dois filhos do Fernando) dediquei-lhes o meu silêncio, pois sempre pensei que  se não temos nada de bom para dizer, mais vale ficar calado. Pois tudo foi tratado com a maior das discrições que é no fundo a vontade da família deles por parte de mãe. Respeito e por isto vou continuar na minha, mas também não vou pedir desculpas pelo que sinto.  

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