domingo, 9 de junho de 2013

Sangue para mim não quer dizer nada

As minhas primas e a família dela do interior tem um jeito de ver as coisas que não compreendo. É que elas consideram até as primas em décimo grau como parente, e é um tal de primo para cá, primo para lá que chega a fazer impressão. Já disse por aqui que tenho um meio irmão. Não, na verdade tenho dois: o Matheus e o Lucas (que coisa original, parece aquela dupla sertaneja lol). Há uns tempos atrás andei fuçando no google o nome do primeiro e o sobrenome que meu pai biológico negou-me. Só então fiquei sabendo que tenho outro irmão. Eles devem ter 25 e 23 anos respetivamente, fazem faculdade de engenharia informática e são uns nerds. Novidade! Só entram em redes sociais para jogarem e comecei a imaginar uma forma de me aproximar do mais velho, visto que para mim fazia mais sentido. Descobri facinho o email dele da faculdade e lhe mandei uma pergunta apenas: oi, você é filho do .....? Não esperei grandes respostas, bem na verdade até esperava, mas não queria criar expetativas. Depois de uns dias ele confirmou-me e me perguntou quem era. Prontos, fisguei. Contei-lhe da minha história, tipo novela mesmo, sou tua irmã e tal, to casada e moro em Portugal, me formei na ufrgs, etc. Depois de um tempo, um smile e uma frase. Era só eu perguntar e ele respondia monosilabicamente, mesmo deixando claro que não queria um centavo da herança do pai deles. Se tem coisa que me irrita talvez mais do que as pessoas curtas e grossas, são estas que a gente puxa assunto e eles não desenvolvem. As tantas ficamos falando para as paredes e desistimos. Acho que era a sua intenção desde o início, embora nunca chegou a ser mal educado comigo. A sério que não entendo, imagino eu no seu lugar, se com esta idade alguém me dissesse que tenho um irmão e que quer me conhecer, ver afinidades. comparar narizes e boletins. A sério que não entendo a falta de interesse, a sério que mandei-lhe a merda em pensamento. Às favas com a porra do sangue! E com desgosto vi que na única foto que ele tem na net, temos algumas semelhanças... 
Para mim bastou de ilusões, a minha família é o meu marido e o meu filho. A estes devo a minha preocupação e atenção. E fico muito satisfeita que nisto estamos em sintonia, que o marido pense exatamente como eu. Para que família? Para retratinho de Natal? Para intromissões? Para fofocas? Não obrigada. Família é aquela que cabe dentro da nossa casa, e a propósito, pouquíssima gente agora vai ter o prazer de visitá-la. Questão de poucos dedos de uma mão (tá bem, só a minha avó, vá).

sexta-feira, 7 de junho de 2013

As "pampufas" e o amor (coisas da escolinha do Fabian)

Na salinha deles não usam os sapatos, logo que chegam vão correndo pegar as pantufas na cesta de vime e a professora guarda os que tem calçados em uma sapateira de pano. Nos primeiros dias o Fabian andou de tênis ou de meias (dependendo de como estava o tempo), isto porque um dos meninos insistia que era dele a pantufa dos carros e a professora na dúvida deixava assim. O Fabian nem se importa de emprestar as coisas quando lhe dão algo em troca, e o mal entendido só foi desfeito quando avisei que já havia trazido as dele. A partir daí o menino não pôde mais colocar as tão adoradas pantufas do Macqueen e desatava a berrar por isto. A situação repetia-se tanto que teve a mãe de ir ao mercado urgente e  trazer-lhe umas pantufas iguaizinhas ao do meu filho. 




Tenho uma amiga a quem chamo de Ju. Um dia disse para o Fabian que ia sair com a Ju, que voltaria logo e que ele ficaria com a vó enquanto isto. Ele disse magoado: a minha Ju não!! Na sala dele tem uma menina chamada Julia, a quem todos apelidaram de Ju. É uma menina linda, loira de chiquinhas e olhos azuis expressivos. É quase tão alta quanto ele e tem um sorriso muito doce de menina recatada. Hoje ao falar com a professora, fiquei sabendo que para o Fabian todas as meninas da sala são Ju e que quando ela vem (agora anda doentinha em casa), ele só quer brincar com ela e faz mil e uma coisas para agradá-la. Ora meu filho tem muito bom gosto! Mas pensei cá pra mim, coitado do meu guri, não tarda vai ser feito de gato e sapato pois que as quietinhas são as piores (bem diz o pai dele). É o meu lado sogra a falar, eu sei, mas filho, aprende que por mais que lhes faça, as mulheres são eternas insatisfeitas. As mulheres querem dizer milhões de coisas com um humhum e quando dizem que está tudo bem, não acredita, filho. É porque não está!! Mas ainda vais a tempo de aprender, aproveita esta fase, hoje a faz feliz uma comidinha caseira, talvez amanhã seja um nº 5 ou uma viagem ao Camboja.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Deixem que pensem

O marido contou-me do casal de clientes com os quais dividiu a mesa estes dias. Falaram do tempo, se esquentava naqueles lados da França, falaram do calor que demorava a chegar, mas que garantiram que chegava. Grande uffaaa para mim. Ao saberem que o marido é brasileiro, lembraram das únicas coisas que sabiam: Copacabana e Pelé. Entristece-me a gringalhada pensar que isto aqui é só Rio de Janeiro e que o Brasil é só futebol. Por outro lado se perguntarmos a um brasileiro o que pensam da França talvez saia: macarrons e baguetes ah e o cancan, a sacanagem sutil dos franceses. 
O marido aproveitou para dizer que somos muito além do carioca da gema, temos praias lindíssimas, campos, hotéis, culinária de todo o mundo, quase como se fôssemos um gigantesco caldeirão onde o tempero, as gentes, a cultura sobre em sabor e vida. Falou-lhe de Florianópolis (Floripa para os íntimos), o pequeno paraíso plantado em uma ilha onde encontramos praias para todos os gostos. Disse-lhes sobre o camarão com queijo gorgonzola gratinado com arroz de açafrão, das ostras, do churrasco gaúcho que também há, dos restaurantes à beira da praia Daniela. Da areia branca e fina e do mar verde e quente. Tá bem, não lhes disse metade disto. Mas poderia ter dito. A verdade é que é melhor continuarem pensando que o Brasil é apenas isto e deixem-nos este lugarzinho mágico para nós...




Ah este mundo acadêmico!

Tenho uma amiga que gabava-se do primo estar a tirar doutorado em Portugal. Ah é? Mas e é sobre o que? É doutorado em surf!
A única coisa que me passou pela cabeça.

Que tipo de cadeira deve existir? Como fazer um bottom turn perfeito ou como chegar ao nível de Big rider? Custa-me crer que o governo brasileiro pagou para este cidadão ir a Portugal tirar sua tese em surf, mas ela acrescentou: a tese é antropológica sobre o diálogo dos surfistas. Jasus...já viram um surfista brasileiro falar? Quero ver se ele vai conseguir preencher duzentas páginas com tanto só...bah...que onda...que demais...


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