domingo, 23 de junho de 2013

A fogueira

Escola do Fabian - Festa de São João

Alguém certo dia me disse que há uma fogueira dentro de nós. Sim, podemos ser água, vento ou terra. Podemos inclusive ser uma coisa de cada vez por um longo tempo. Eu desde que me lembro sou terra. Sou chão. Sou a busca de segurança e de acolhimento. Nunca gostei do fogo, ou melhor, talvez até não desgostasse o que havia era medo de queimar-me. Tenho para mim que o fogo é uma energia poderosa, o fogo destrói e prepara a mudança. Como sempre tive medo de mudar, parecia óbvio o porquê de manter-me longe. 
Não pude deixar de sentir um nó no peito quando acenderam uma enorme fogueira diante de mim. Vinham quatro tochas de cada lado. Norte, Sul, Leste, Oeste. Juntaram-se em meio à madeira que jazia no centro de tudo e atearam fogo. Timidamente começou a buscar oxigênio e tomou conta da base, para depois ir gargando o cimo daquela pequena montanha. O fogo fez-se em luz e vida, qual uma entidade tomou-lhe  o corpo, dançando e lançando fagulhas noite à dentro. O fogo brincava de destruir. Sim, tenho a certeza de que gozava o momento com felicidade, como se tratasse de uma criança de tenra idade a destruir o mundo a sua volta. Então senti-o dentro de mim, aceso. Vivo. Pululante. Senti-o tomando conta do meu sangue morno, dos meus órgãos internos e principalmente dos meus pulmões. E parei de lutar contra ele. Aceitei. Deixei que (me) destruísse como se fosse um pedaço de corpo qualquer. A vida é morte e renascimento e eu precisava morrer para que o resto de mim pudesse nascer de novo. E ficamos nesta dança interna alheios às vozes que cantavam: 
acende a fogueira ia iá
acende a fogueira iô iô
cuidado para não se queimar...
Mal sabiam as vozes de que a minha alma já era fogo. E agora era a mim que viam serpentear em chamas engolindo toda a escuridão de minha noite...


sábado, 22 de junho de 2013

Estou com uma dúvida

Será que a minha má vontade para com a música somente instrumental advém das horas que passei para ser atendida em call centers?

Brasil não me faças isto



Já tinha ouvido falar da obcessão por regras que a Alemanha tem por uma prima do marido que viveu lá um pouco mais de um ano. Ela fez-me rir muito das histórias sobre o zelo excessivo das leis, da economia de recursos naturais e do transtorno obcessivo compulsivo para ser um cidadão exemplar até na mínima das coisas. E quem diz Alemanha diz qualquer país supra desenvolvido, onde a democracia é quase a roçar a perfeição, tal como Bélgica, Dinamarca, Holanda and so on. 
O povo aqui nas ruas protestando contra a corrupção e o jeitinho brasileiro de levar a vida, fez-me pensar que mesmo que as coisas mudem, que sei lá de onde brote uma consciência cumpridora da ordem, pelamordedeus não vão ao 80. 
Li isto hoje e não sei o que é pior: se é o cara jogar lixo no chão ou esta psicopatia pela ordem e pela vida dos outros.
"Os holandeses são um povo obcecado com o respeito a leis e regras e com uma necessidade quase visceral de obrigar toda a gente a respeitá-las, mesmo que não os estejam a incomodar minimamente. Hoje vendi a minha cama, e como tal, o casal que a veio buscar parcou o carro à minha porta para facilitar o transporte das peças da minha porta até à bagageira. Ainda o homem não tinha posto as moedas no parquímetro, e já estava a ser chateado por um dos meus vizinhos, muito cioso, porque o estacionamento na rua era para moradores e devia ir estacionar no grande estacionamento recentemente construído a 100 metros de minha casa. Por azar só falava holandês, mas por sorte um vizinho estava a sair de casa e lá me ajudou, e lhe explicou que era só temporário, até carregar umas coisas no carro. Aí dois minutos depois saía outro vizinho igualmente justiceiro a reclamar também, e voltou a ser preciso dar toda a explicação, até que me sugerem pôr o carro a 4 piscas (apesar de já ter pago o estacionamento) para que o bairro não entrasse em histeria colectiva por ter um carro parcado à porta da minha casa a pagar que não era de moradores e que por isso deveria ir parcar a 100 metros. A solução acabou por passar pela mulher do casal ficar ao lado do carro com portas abertas e quatro piscas, enquanto o marido e eu desmontávamos a cama e a metíamos, peça a peça, na bagageira. Estou para ver o pesadelo que vai ser na próxima semana, quando estiver a fazer as mudanças definitivas e tiver um carro a ser carregado várias vezes à minha porta durante um dia ou dois... mesmo pagando parquímetro." 
Luna.

Onde vamos morar?

A princípio eu e o marido achávamos que íamos morar em Paris. Ou melhor, nos arredores de Paris porque não tava a afim de morar em um prédio caindo aos pedaços e em um apartamento minúsculo. Depois quando o marido finalmente conseguiu emprego, pensávamos que íamos morar em Strasbourg, mas depois vimos que era mais barato morar nas pequenas cidades em volta, tais como Cronenberg, Eckbolsheim, Oberhausbergen, etc. E acabamos por conseguir um enorme sobrado em Schiltgheim, há três minutos à pé do trabalho do marido e há cinco da escola do Fabian! Perfeito! Lindo! Uma casa (que na verdade é um prédio de dois andares apenas com dois apartamentos em cima e dois embaixo) em estilo enxaimel. Estou muito feliz por ter novamente uma casa. Nossa, a minha, a nossa casa! É de inflar o peito para dizer, aliás é tão bom, mas tão bom que fico feito boba a dizer: a minha casa! É isto, até que enfim temos uma casa!!

Não é esta, mas é parecida.

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