terça-feira, 25 de junho de 2013

Estou doente

Será a chuva quem traz melancolia ou só deixa a nu o que já está aqui? Detesto, ai como detesto este tempo, esta chuva fininha, estes dias apressados, esta noite espaçosa. Tenho uma urgência de tempo que não se cura com horas passadas, padeço de saudade e os sintomas são irritação crônica e monomanias. Quando chega o dia, quero que passe depressa e quando chega a noite, quero que dure a eternidade deste tempo que sobra até nos encontrarmos de novo. Antibiótico, ansiolítico, antialérgico não são necessários. Basta tu vestir-me e eu por minha vez vestir a tua pele para que todo este furor dilua entre as paredes de nosso teto. Mas olho todos os dias para o calendário e ainda nos falta mais de dois meses, olho para ti na tela do computador e me exaspero quando percebo que não passas de pixels muito unidos em uma imagem tremida. E me passa mil coisas pela cabeça, medo do desconhecido, impaciência, raiva e ternura em um raio de segundos. Sou apenas mais uma apaixonada neste mundo e minha doença já dura uma década. Acho que devo ser a única que não deseja a cura, mas tão e só, o máximo de exposição possível com este agente perturbador da minha saúde. Tu.

domingo, 23 de junho de 2013

Ah pois é!

"Antes de cuspir no prato que comeu não esqueça que a fome pode aparecer outra vez".


A fogueira

Escola do Fabian - Festa de São João

Alguém certo dia me disse que há uma fogueira dentro de nós. Sim, podemos ser água, vento ou terra. Podemos inclusive ser uma coisa de cada vez por um longo tempo. Eu desde que me lembro sou terra. Sou chão. Sou a busca de segurança e de acolhimento. Nunca gostei do fogo, ou melhor, talvez até não desgostasse o que havia era medo de queimar-me. Tenho para mim que o fogo é uma energia poderosa, o fogo destrói e prepara a mudança. Como sempre tive medo de mudar, parecia óbvio o porquê de manter-me longe. 
Não pude deixar de sentir um nó no peito quando acenderam uma enorme fogueira diante de mim. Vinham quatro tochas de cada lado. Norte, Sul, Leste, Oeste. Juntaram-se em meio à madeira que jazia no centro de tudo e atearam fogo. Timidamente começou a buscar oxigênio e tomou conta da base, para depois ir gargando o cimo daquela pequena montanha. O fogo fez-se em luz e vida, qual uma entidade tomou-lhe  o corpo, dançando e lançando fagulhas noite à dentro. O fogo brincava de destruir. Sim, tenho a certeza de que gozava o momento com felicidade, como se tratasse de uma criança de tenra idade a destruir o mundo a sua volta. Então senti-o dentro de mim, aceso. Vivo. Pululante. Senti-o tomando conta do meu sangue morno, dos meus órgãos internos e principalmente dos meus pulmões. E parei de lutar contra ele. Aceitei. Deixei que (me) destruísse como se fosse um pedaço de corpo qualquer. A vida é morte e renascimento e eu precisava morrer para que o resto de mim pudesse nascer de novo. E ficamos nesta dança interna alheios às vozes que cantavam: 
acende a fogueira ia iá
acende a fogueira iô iô
cuidado para não se queimar...
Mal sabiam as vozes de que a minha alma já era fogo. E agora era a mim que viam serpentear em chamas engolindo toda a escuridão de minha noite...


sábado, 22 de junho de 2013

Estou com uma dúvida

Será que a minha má vontade para com a música somente instrumental advém das horas que passei para ser atendida em call centers?
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