Nem mais.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
A imagem mental
Estou encurralada entre uma onda após outra. A onda é furiosa, um punhado de água com vontade própria. Bate-me nas costas, na cabeça, na barriga. Tento defender-me e quando consigo respirar em uns segundos de sossego, ela ataca novamente. Eu debato-me, as mãos e pés instintivamente, procuro permanecer viva. É isto, trata-se tão e somente de sobrevivência. E nestes momentos quem já passou por isto sabe que a cabeça pouco pensa: quem assume o controle é o corpo. Se fossem apenas as ondas...mas não, de um lado as ondas, do outro as rochas. Sinto-me a afogar em medos, mágoas e desilusões. A raiva de permanecer em um lugar cuja convivência beira o insuportável. A minha inércia ante as ondas, a minha raiva perante elas, inócua, pois dou socos incessantes sem obter qualquer sucesso. As rochas castigam-me com a sua rudeza, e reviro-me contra elas também indignada por não me oferecerem a saída para este pesadelo. Debato-me, protejo-me. E tenho a sensação de que nunca é suficiente. Tudo parece querer derrubar-me ao fundo. A tão sonhada paz e segurança se faz longe, angustia-me a solidão, a exclusão social e linguística. O desconhecido, os desconhecidos. O medo de enclausurar-me entre quatro paredes e andar por ali a construir muros e brincar de fossos e cercos, de ataque e defesa. Quando é que irei parar de procurar a idealidade nas coisas? O futuro brinda-me com duas escolhas: permanecer ou abandonar. Na dúvida convivo com as duas, as ondas e as rochas. E elas vão me minando o juízo aos bocados, deixando-me o corpo cansado e a mente em processo de permanente estado de emergência. Crescer dói. Mudar dói. Amar dói. Perder dói. Pensar dói. Lutar dói. Principalmente quando sente-se o mundo todo a empurrar para uma decisão.
sábado, 6 de julho de 2013
O que fazer?
O que fazer quando já não há paciência, quando lê-se os emails dos pais a relatarem o mesmo com mensagens pouco sutis de que o meu filho é tão e só o único culpado da situação? Dedurar, pois claro! Não sou de fazer isto, mas também não era de chorar na frente de estranhos e bem...a vida tem me feito lidar com as coisas de uma maneira completamente diferente. Reenviei todos os emails para a professora e inclusive liguei para ela para explicar o que estava acontecendo. Disse-lhe que estou muito chateada não só com a questão do meu filho andar batendo nos outros, como também com estes dedos todos apontando para mim. Não me sinto confortável para ir em qualquer tipo de encontro destes, porque não estou para brigar com ninguém e como me conheço, do jeito que estou até a tampa, vou acabar falando o que não devo. Agora, uma coisa que me intriga: só mesmo o meu é o Judas da história? Really? É que estava aqui lembrando que no aniversário uma das meninas mordeu-o e puxou-lhe os cabelos duas vezes e ele não reagiu. Acho que briga de criança é normal, não quero de maneira nenhuma que o Fabian as fomente, no entanto, o que percebo como mãe e como pessoa que já lidou com crianças desta idade, é que geralmente nestas histórias não há um lado só. Ah e também a professora comentou-me que estes pais de repente tão preocupados com o comportamento do meu filho, não comparecem à reunião para falar dos desvios de comportamento dos seus próprios filhos, só a mãe aqui. A chata, a ruim. Pois é...como eu digo, hipocrisia me enoja.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
E quando o nosso filho é o bullying?
Esta é uma questão que me aflige, tenho quase diariamente nestas últimas semanas recebido carta na agenda ou recado direto da professora sobre o Fabian estar batendo nos amiguinhos. Há alguns em que a situação ocorre com mais frequência pois são aqueles que como o meu filho são os mais teimosos em emprestar determinado brinquedo. Ainda esta segunda, recebi um aviso dizendo que ele bateu em uma colega com um pedaço de toco que eles tem para brincar na sala. Não sei como reagir, falo e explico exaustivamente que isto não se faz, que não se bate nos amiguinhos salvo em situações que precise se defender. Mas ensino-lhe a nunca começar uma briga, que devem emprestar seus brinquedos, etc etc. Mas eu sei no fundo que o Fabian anda em ebulição tal como eu. Angustiado, com raiva e inseguro. E pergunto-me, se é certo que devo ter mais paciência e tentar na medida do possível amenizar esta turbulência, mas como conseguir se eu mesma não encontro meu ponto de equílibrio? Às vezes tenho muita raiva entalada aqui dentro e fico pensando, aliás agora mesmo pensei sobre isto enquanto li o conjunto de emails de pais relatando os casos de agressão e deixando subentendido que o meu filho é o único causador desta. Fico com raiva porque lá falam da família e mimimi que não lhes falta nada, que tem suas casas, suas vidas estruturadas e grana claro, porque para colocar um filho naquela escola! Ninguém esteve nem perto da nossa situação, de estar AINDA sem lugar para viver, sem as suas coisas, de estar longe do pai por meses a fio. Ontem tive uma reunião com a coordenadora pedagógica e a professora e debulhei-me em lágrimas quando a última me contou, que quando algum pai vem buscar o filho, o Fabian sai correndo, abraça e dá beijinhos e chama de titio. Além de falar muito no pai, que tá longe, que tá lá na "Fança". Eu sei que isto não desculpa nada ou talvez sim, mas pronto, é o que sinto. Raiva de quem nem sabe o que é viver isto, tá lá com o cu bem confortável a ensinar sobre amor para os seus filhos. Ninguém diz para eles que o amor não é garantido, que o amor vai embora e que o amor não pode dar colo pelo computador. Raiva. Não sei como gerir isto. Insegurança. Não sei como desatar este nó. Falar, não sei quem merece escutar e quem sabe escutar.
Dizem que o tempo resolve, mas o tempo também é o culpado por não dar licença para minha impaciência passar...
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