quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Brasileiros na França


Ultimamente tenho procurado blogs de brasileiros que moram ou moraram na França...não sei, é  como se eu precisasse de algum tipo de bússola, como se estes blogs pudessem me dar a mensagem de que se conseguiram, eu também consigo esboçar um ça va. Tenho devorado bytes com o blog do Daniel, que já falei aqui, o Chéri à Paris e agora é a vez de Le Croissant com a Carol, que já não escreve mais, mas mesmo assim divirto-me com as histórias que ali dormitam. 
O Domingo de Chuva foi e sempre vai ser o canto para onde venho desabafar e acredito que agora será mais que isto, fará o elo com a minha língua materna, que tanto amo e tenho medo de vandalizá-la com a falta de prática. Espero que não encha isto muito de uh lá lás e "donc "s, e prometo no inverno não trocar para domingo de neve!
As preocupações tem sido tantas que não é raro sonhar que as pessoas a minha volta falam francês. Em um deles eu respondia: oui oui para tudo. O marido que não gostou disto, acha que algum maluco vai me cantar e sem entender vou soltar oui!
Desta vez sou como gato escaldado, não vou com tantas expetativas, não vou achando que todo mundo vai me tratar como eu acho que deveria ser tratada e nem que vou achar lá brasileiros em forma de franceses. Isto não existe, são culturas diferentes, sorrisos ou meio sorrisos vá lá, difrentes. A única coisa que espero de mim é  não sair construindo muros just in case, é estar aberta para quebrar a cara se tiver de ser, cair, levantar e erguer novamente.  Minha sorte é ter um marido com uma paciência do tamanho do Everest. Que agora vai somar mais um papel na minha vida: o de meu tradutor oficial.

Na hora do almoço

Nunca vi nenhuma música retratar com tanta nitidez e poesia o retrato das famílias até então na década de 70. Quando vemos o choque das gerações, a falta de diálogo entre parentes, a situação ritualística que era sentar em torno de uma mesa como se aquilo assegurasse a união e talvez o amor que não se tinha. Cada vez que a escuto, transporto-me para uma cena que ainda bem, não vivi, mas não sei porque toca-me fundo. A música tem o seu quê de terapia e por isto algumas vezes utilizamos dela no consultório do meu antigo psicólogo. Para mim é a imagem crua do quanto somos estranhos uns para os outros, no quanto vivemos em um mundo próprio e sem pontes com os vizinhos, mesmo que estes vizinhos sejam a nossa família. 


"No centro da sala diante da mesa, no fundo do prato comida e tristeza. A gente se olha, se toca e se cala e se desentende no instante em que fala. Medo, medo, medo, medo, medo, medo. Cada um guarda mais o seu segredo, a sua mão fechada, a sua boca aberta, o seu peito deserto, a sua mão parada,  lacrada, selada  e molhada de medo.
Pai na cabeceira. É hora do almoço. Minha mãe me chama, é hora do almoço. Minha irmã mais nova, negra cabeleira. Minha vó reclama: é hora do almoço! E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza, deixemos de coisas, cuidemos da vida. Senão chega morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida. Ou coisa parecida ou coisa parecida..."


quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ilariê

Não consigo dançar em público, não consigo. Faz parte do pacote sobre ser tímido deve ser. Das poucas vezes que fui a boates ficava sempre disfarçando com um copo de coca na mão e a fuga eterna em direção ao banheiro. Claro que levava minutos a passar no meio daquela aglomeração no escuro e era esta a intenção. A minha amiga J. nestas horas balançava a cabeça e entortava a boca em uma maneira muito particular dizia: tu ainda vai acabar como aquelas velhas dançando em festinha de criança! A simples imagem de uma velha de seios caídos e de  saia comprida, sacudindo as pernas cambotas ao som de Ilariê é tenebrosa! Deus, por favor me tira deste filme!! Esta cena acompanha-me a cada vez que decido não participar em uma aula de zumba, fico vendo outras até mais descoordenadas que eu. Ilarilariê ô ô ô. Eu vou me sentir ridícula. Dá um pulo vai para frente, de peixinho vai para trás. Traseiro grande se rebola e as crianças deixam cair pedaços de docinho pelas bocas abertas. E se eu piso no pé de alguém? Irraa se esgola a Xuxa. E se pior, eu caio em direção ao espelho e?... Jesus, a velha toma conta da sala e a transforma em pista de dança. Mais ilariê ilarilariê ô ô ô. A velha dança e se diverte da minha vergonha. E continua pelos mais de cinco minutos que dura a música ou até quando a professora bate palmas e termina com a aula. Na próxima eu vou, digo para mim enquanto faço o sinal da cruz mentalmente.

Nosso lar


Vamos morar em uma casa estilo enxaimel como já havia dito. Só que a casa é do século 19 ou 18, agora não lembro bem. E a casa é de alemães, já se vê pelos degraus que tem em algumas peças. Até aí tudo bem, o problema está nas alturas diversas que tem em cada cômodo, por exemplo, no quarto do Fabian temos 2.20, na cozinha 1.95 (simm quase que o marido precisa andar de cabeça baixa) e o nosso quarto 2.05. Isto é que está nos dando uma dor de cabeça, já temos a sala completa e mesa e cadeiras, o quarto do Fabian completo, a cozinha, nossa cama...e está faltando o nosso roupeiro. Ou são daqueles minúsculos que não cabem nada ou são de 2.20 ou 2.30. É 8 ou 80 grrrr!!! Já pensamos que podíamos colocar trilho embaixo e em cima, colocar as portas e por dentro colocar armários modulares, utilizando de um lado a outro da parede. Acontece que até os armários modulares são grandes demais para o nosso quarto... Ainda tenho esperança no ikea, de repente há alguma coisa com bom preço e que o marido não ache caro. Ultimamente o Fernando tem me saído um pão duro de primeira e eu ao contrário, estou cheia de caprichos! Deve ser a revolta por me ser tirado tudo e só quero que desta vez as coisas sejam do meu jeito (embora muitos móveis tenham sido de segunda mão)... 
Web Statistics