sábado, 14 de setembro de 2013

Viver de renda

Aqui onde moro há muito casarões antigos, estilo enxaimel, de janelas baixas e sótãos íngremes. Acontece que estas casas não são ocupadas por uma família só. Em sua maioria são reformadas e refeitas em mini apartamentos, de forma que seja mais rentável para quem aluga. Nós tivemos a sorte de ficar sozinhos no andar debaixo, pois em cima há dois apartamentos com uma entrada ao lado da nossa porta e outra no extremo da casa, as duas completamente independentes da nossa. O senhor que é o dono desta, ainda tem mais uma que fica nos fundos do terreno, dá-me a impressão que é maior e mais nova, no estilo de construção da escola do Fabian. 
É muito estranho pensar em uma casa como se fosse um prédio, porque por mais que se façam mudanças, uma casa, principalmente uma casa velha, será sempre uma casa, com toda a falta de isolamento que isto acarreta. Eu e o marido fizemos um cálculo por cima e imaginamos que o senhor ganha a volta dos cinco mil euros de renda das duas casas. Mesmo tendo que fazer a manutenção, é ou não um bom investimento?  Diz que esta foi construída pelo bisavô, no tempo que se faziam as coisas à olho. Eu acredito à medida que vou me habituando às suas paredes.

E para quem já não gostava de felinos

Era um zoológico cheio de corredores e as pessoas andavam por exíguos e úmidos caminhos de concreto, por entre plantas que quase os cobriam. Melhor sensação de que se estava na selva não há, era o slogan. As pessoas iam curiosas a fim de observar os animais trancafiados por uma tela quase invisível. Sabiam que soltavam os leões duas vezes por dia, mas avisavam. Avisavam? Dizem que sim. As pessoas que fossem pegas desprevenidas tinham esconderijos como jogarem-se no lago dos hipopótamos com canudos de taquara para respirarem enquanto as bestas passavam. Riscos controlados, portanto. Porém os visitantes se esquecem que na hora do desespero, quando veem sete, oito felinos gigantes a correr como os touros de Pamplona não há muito o que fazer. Estavam em um grupo de dez pessoas talvez, não sabia bem. Mas este grupo logo começou a diminuir. E ela sentiu que se não liderasse nenhum sobreviveria. Começou pelo lago, era o que se lembrava dos avisos na entrada. Depois, ao por finalmente a cabeça para fora, descobriu uma janela que dava para corredores de pedra subterrâneos. Colocou os pés e em dois golpes quebrou o vidro. Os leões rondavam, mas demorariam um pouco para chegar até ali. Talvez houvesse uma saída, puxou os outros para dentro. Caminhou sentindo o cheiro de mofo e urina pelos corredores fracamente iluminados. Em um deles trancou a respiração: uma leoa albina estava acorrentada em uma especie de cubículo e apesar de sentir o cheiro deles, não atacou, permaneceu em pé e em aitude amistosa. O silêncio se desfazia através da respiração do animal e agora dos passos e rugidos  do grupo que os perseguia. Correu pelo labirinto até perceber que aquele tinha ligação com o fundo da jaula dos leões e que estes invariavelmente passariam por ali. Olhou desolada para o que restou das pessoas assustadas atrás de si. Retrocederam. Estavam em um jogo de sombras e de gato e rato. Até que finalmente avistou uma janela no alto de um dos muros. Ia passar por ali quando viu os funcionários do zoológico rirem dos visitantes que a esta hora deviam estar desesperados a correrem em becos sem saída. Era isto ou os leões. Mais valia brigar com alguém que era do nosso tamanho. Passaram. Eu acordei. 

Facebookeando


Eu sei que a sexta já passou, mas não resisti. Só ele mesmo para gostar disto!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Na escola

Ontem o marido foi na reunião da escola do Fabian, ainda bem que demos meia volta porque foram duas horas de palestra. No final, depois que todos os pais se retiraram, ele aproveitou para perguntar sobre como o Fabian estava se saindo. A professora disse que ele estava muito bem, que tenta interagir e cantar, gosta das brincadeiras propostas e já diz pipi quando quer fazer xixi. De manhã já acorda quase com o pai e fica se revirando com medo que ele o deixe em casa porque já sabe que tem escola. Por enquanto está correndo muito bem, melhor do que o esperado. Minha sorte é o Fabian ter puxado o pai ao invés da minha timidez.
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