Daqui há dois dias completará um mês que colocamos os pés na nossa casa. Que estreamos nesta cidade, que viemos com malas e malas e horas de viagem interrompidas por duas paradas. Faz um mês que não escuto minha língua por onde passe, que descobri que sorrisos e monosílabos são mais fáceis de me fazer entender do que ensaiar "désolé, do you espeak English?".
O marido virou-se para mim ao olhar no calendário do celular. Bã, como setembro passou rápido! Disse-lhe que era apenas impressão dele, que para mim parece que estou aqui há um século, que os dias escorreram vagarosos e nem por isto aborreço-me. Era a ansiedade dele que adormecera, era a certeza de que nós preenchemos cada espaço deste tempo que ele tanto perseguiu. Era a paz enfim.
Vai fazer um mês que retomamos nossa vida, e digo que o sabor de estar longe e não depender de ninguém é doce, muito doce.


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