segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os três anos ou a idade do toc


Não se pode pisar fora da pequena estrada de paralelepípedo no meio da calçada. Não se pode pisar nas listras brancas da faixa de segurança. Andar sempre que possível pelo meio fio ou em cima dos muros. A cueca não pode entrar no rego, o cabelo não pode encostar na testa. Juntar as coisas pelas cores, as mãos não podem ficar sujas que tem de lavar logo. E um dia não é dia se não ver pelo menos uma vez o filme da Princesa e do Sapo.

E a louca sou eu!

Já é certo que pelo menos a maioria de nós temos alguns amigos que gostam de mostrar o que não são, viver uma vida de aparências e quem não os conhece que os compre (como se diz no Brasil)! Agora com o facebook a auto propaganda atingiu outros níveis, mas se fulano faz ou deixa de fazer não me incomoda assim tanto, agora eu acho um absurdo o meu tio que deve a minha vó toda a herança (visto que ficou com a casa) que a ela pertence e diz não ter dinheiro. Pois, não tem, que inclusive coloca como status do perfil que a gerente do banco anda atrás dele, que não tem condições, que tem dívidas e tal. Mas...o filho está em uma faculdade privada cuja mensalidade ronda os 1500 reais, tem sempre as coisas mais caras, telefone, ipad, tênis de 500 reais e quando completou 18 anos ano passado, ganhou um carro. Tunizou, colocou caixas de som estrambólicas, pneus de liga leve (sei lá o que é isto), computador de bordo. Tudo isto para vendê-lo uns meses depois e comprar um gol novo. Este final de semana anunciou que iria despedir-se do carro e umas horas depois tcharám!!! Um carro toyota novinho em folha! Porra! Sabe que a louca aqui tem uma enorme vontade de perguntar de onde arrumam dinheiro para isto e porque não pagam à vó. Enquanto isto, ela está no Rio, no alto de seus 75 anos, com um joelho para ser operado e simplesmente não pode porque não tem dez mil reais para a cirurgia, cuidando da minha tia com leucemia e dos três netos, uma ainda bebê de 8 meses. Revolta-me!!
 Esta gente não tem mesmo noção de nada? A péssima educação que meus tios dão ao meu primo é lá com eles, embora tenha me valido de lição do que não fazer por minha vez. Viver a adolescência através do filho, dando-lhe sempre compensações sem haver qualquer parte de esforço seja como filho amoroso, seja como estudante dedicado, sem nunca frustá-lo, é de uma irresponsabilidade extrema. Mas é como eu penso, se os pais não educam, a vida tratará disto, agora a minha vó não. Minha vó não merece isto no fim da vida...

Como eu me sinto

...ou melhor, como me sentia tentando entrar no mar em Portugal.



domingo, 13 de outubro de 2013

Recordar é viver (ou não!)


Ontem vimos o The Company Man e nem acredito que o Ben Affleck enfim participou de um bom filme! Já estava no disco há horas e o marido que já tinha visto, garantiu-me que valia a pena assistir. Bem, andamos a relembrar tudo que se passou nestes últimos meses, às vezes só nos olhávamos e perguntávamos: onde é que eu já vi isto? Recomendo: bom, muito bom mesmo. O filme conta a história de desemprego de pessoas de classe alta na crise dos EUA que acabou por virar a atual crise mundial. O que fazer daqui para adiante, depois que a vida nos leva de rebolão como uma onda de um tsunami? Fica-se com a casa (se a tem), vamos morar com os nossos pais (nãoooo!)? Que contas pagamos primeiro? E quando os outros souberem? E a esperança a cada entrevista? E as expectativas depois que elas desmoronam uma a uma? Mudar de área? Trabalhar em subemprego? Mudar de país? E a puta da raiva porque o mundo não pára, porque as pessoas a nossa volta continuam indo de férias, comprando carro, os filhos frequentando as melhores escolas. E o casamento? E os filhos? O tempo e as dificuldades que insistimos em enfrentar juntos? Hoje sinto-me feliz, afinal não é assim tanta gente que passa por isto e sai ainda mais forte. Porque amar em tempos de bonança, com presentinhos, jóias e viagens é fácil. Amar sob o teto dos outros, com medo, engolindo sapos, e vivendo um dia de cada vez, é só para os fortes.

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