Ontem vimos o The Company Man e nem acredito que o Ben Affleck enfim participou de um bom filme! Já estava no disco há horas e o marido que já tinha visto, garantiu-me que valia a pena assistir. Bem, andamos a relembrar tudo que se passou nestes últimos meses, às vezes só nos olhávamos e perguntávamos: onde é que eu já vi isto? Recomendo: bom, muito bom mesmo. O filme conta a história de desemprego de pessoas de classe alta na crise dos EUA que acabou por virar a atual crise mundial. O que fazer daqui para adiante, depois que a vida nos leva de rebolão como uma onda de um tsunami? Fica-se com a casa (se a tem), vamos morar com os nossos pais (nãoooo!)? Que contas pagamos primeiro? E quando os outros souberem? E a esperança a cada entrevista? E as expectativas depois que elas desmoronam uma a uma? Mudar de área? Trabalhar em subemprego? Mudar de país? E a puta da raiva porque o mundo não pára, porque as pessoas a nossa volta continuam indo de férias, comprando carro, os filhos frequentando as melhores escolas. E o casamento? E os filhos? O tempo e as dificuldades que insistimos em enfrentar juntos? Hoje sinto-me feliz, afinal não é assim tanta gente que passa por isto e sai ainda mais forte. Porque amar em tempos de bonança, com presentinhos, jóias e viagens é fácil. Amar sob o teto dos outros, com medo, engolindo sapos, e vivendo um dia de cada vez, é só para os fortes.
domingo, 13 de outubro de 2013
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Frio, tu tá de sacanagem!
Hoje a mínima é de 2 graus. Não tenho palavras para dizer o medo que estou do inverno. Ele ainda nem dobrou a curva e já tenho vontade de me enfurnar em casa, embaixo de alguma manta e não sair de lá. Não posso chamar isto de outono, isto é o autêntico inverno dos Pampas, daqueles que doem os ossos, em que parece que as orelhas vão cair e o nariz congelar. Respiro e sai aquela fumacinha em que quando criança costumava brincar que era a fumaça do meu cigarro imaginário (blerg!). Ontem saí de calça jeans e tive a sensação de que estava pelada da cintura para baixo. Tem certeza que não está só de calcinha menina? Perguntava-me enquanto vez por outra conferia que estava tudo certo e que por enquanto não me deu para isto. Matriculei-me na academia, já fui uma vez e deu para perceber que se quiser fazer um treino decente, preciso ir de manhã, quando o marido e o filho saem de casa. E cadê a coragem? Jesus e a neve ainda nem deu as caras e já sofro de depressão pré-inverno! E cada vez que rebolo o traseiro para sair de casa fico xingando o marido em pensamento: ora não podia lá arrumar alguma coisa em Nice? E já disse que não vou para Luxemburgo nem a pau e recuso-me a viajar para qualquer lugar que seja mais frio do que já sou obrigada a suportar! Aff cadê o aquecimento global quando mais se precisa?
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Bonequinha russa
Há pessoas que parecem saídas de um livro, podem ser bonitas ou feias e na verdade nem é isto que importa. Há qualquer coisa de exótico ou de familiar em seus traços e gestos que não passariam desapercebidos em um romance. Na minha sala de aula há duas famílias russas compostas pela mãe e filhos. Uma com um casal de filhos e outra com três filhos: um homem e duas moças. Kaputiana, filha da primeira matrona, é uma leoa em forma de mulher. Tem os cabelos encaracolados cor de cobre e os olhos bem marcados em sombra negra para evidenciar sua cor de amêndoa. Poderia dizer que tinha olhos cor de mel, mas Kaputiana (que bem poderia ser nome, mas é o seu sobrenome), tem olhos em chama e um parco sorriso. E tenho a certeza de que as poucas vezes que o faz, é mais com desdém do que com alegria. Kaputiana nem é assim tão bela, mas cativa a atenção por não ter vergonha da juba disposta para cima, como uma trepadeira envolta na tiara e os lábios em formato de botão prestes a desabrochar.
A par disto, a filha do meio da outra família russa é uma mistura que ainda não sei definir justamente. Talvez umas pinceladas de Brigitte Bardot, Ana Paula Arósio e Liv Tyler. Tem estatura mediana e veste-se com saias jeans pelo joelho. Os cabelos castanhos presos em um coque permanecem semi desnudados por um lenço colorido. Além dos olhos profundamente azuis, o lenço era a única coisa que dava cor ao seu vestiário. A irmã mais nova é bonita, mas não tanto quanto ela, a bonequinha russa, cuja timidez e trejeitos desafinados dão-me a convicção de que desconhece a beleza que possui. Poderia muito bem caminhar por meio século atrás com sua pele nevada e qualquer escritor teria o prazer de tê-la como a mocinha do enredo, cujos olhos fugidios e rasos da cor d'água derramariam lágrimas por páginas e páginas sem fim.
Também poderia incluir-se as velhotas da Albânia e seus dentes dourados ou a menina carente de atenção da Romênia, assim como a tez desaforada de Funda: a turca, ou o corpo franzino e deambulante de Hassam, do Blangadesh. Há por aí muito personagem à solta, basta um olhar mais apurado para voltarem à vida em um pedaço de papel.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
A mini saia
Pois bem, estar em um lugar novo e não comparar para mim é quase impossível e faz tempo que pensava em falar sobre isto. Não acho normal mulheres com mais de quarenta usar mini saia. Não acho, pronto. Podem ser magras, ter as pernas em dia, mas é uma coisa que não combina mais. E acho estranho justamente pela França ser considerado o país baluarte da elegância na moda e mulheres com esta idade não são nada elegantes de mini saia. Uma coisa é um vestido ou saia três dedos acima do joelho, uma roupa moderna e jovial, outra completamente diferente são salto agulha e mais da metade das coxas de fora. Uma coisa é mini saia na praia com chinelos de dedo, na piscina, no camping em ambiente informal, outra é desfilar pela cidade, pelo shopping, disputando a atenção com adolescentes com a polpa da bunda à mostra. Ainda estes dias vi uma que devia ter mais de cinquenta, já com os cabelos curtos totalmente brancos de mini saia e saltão ao lado do marido curvado e senil. O problema está em querendo sentir-se mais jovem, acabam por evidenciar mais a maturidade para não dizer, entrada na velhice. O que também é engraçado é a constatação de que no Brasil onde todo mundo sabe que as mulheres adoram roupa curta e provocante, lá pela metade dos trinta as mini saias ganham aposentadoria, salvo seja no período de férias. No Brasil, as quarentonas, cinquentonas, sessentonas começam a vestir-se de acordo com a idade e o corpo que tem, ainda são sensuais, mas sem ser vulgares. E tirando as "eternas" gostosas da mídia (Xuxa, Luma de Oliveira, e demais atrizes sou-gostosa-malho-muito-e-jamais-ficarei-para-coroa), as mulheres no geral sentem que já usaram e abusaram deste estilo e partem para outra. Por isto a pergunta que fica é: será que mulheres que os pais e mais tarde os maridos não deixavam que usasse no tempo aceitável, são aquelas que mais tem necessidade de usar quando sentem que já não devem nada a ninguém? Será este o caso da Maya em Portugal?
O marido pergunta-me quando irei aposentar as minhas, eu realmente não sei, acho que a cara de novita joga ao meu favor, mas com certeza quero aproveitar todo o tempo que tenho, porque esta moda da mini saia na terceira idade não é coisa para me fazer a cabeça (e as pernas).
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