terça-feira, 29 de outubro de 2013

Estes franceses...


Tenho sido auto-didata. Já entendi que tem de ser assim pois com a quantidade de férias que temos e as aulas a passo de caracol, preciso fazer por mim. Descobri um site muito bom e tenho estudado por ali, pois além de ter as lições, tem no final o vídeo com a pronúncia de cada tópico.
Hoje dediquei-me aos números e não é que chegando pelos 70, dou-me conta que algo de errado aconteceu. Ou tiveram preguiça de inventar nomes para o setenta, oitenta, noventa. Ou é pura sacanagem com os incautos que tentarem aprender sua língua. 
Ora vejam:
70 = soixante-dix - ou seja, sessenta mais dez
80 = quatre-vingts - quantro vezes vinte
81 = quatre-vintgt-un - quatro vezes vinte mais um
90 = quatre-vingt-dix - quatro vezes vinte mais dez
91 = quatre-vingt-onze - quatro vezes vinte mais onze

E depois dizem que os alemães que gostam de palavras intermináveis. Ahhh!!!

Podemos sentir isto por alguém que nunca vimos?

Tenho um tio, um filho fora do casamento (antes mesmo deste) que o meu avô teve. Já falei mais ou menos sobre isto aqui. Pois hoje ele faleceu de câncer como o pai dele. Apesar de nunca lhe ter falado, nem ter escutado a sua voz, apenas vi umas fotos no facebook em que de fato nota-se a semelhança, estou triste. Não pelo destino que não entrelaçou nossos caminhos, não por ter desconhecido até então mais uma prima. Mas porque hoje senti falta do meu avô, senti raiva desta distância, de não estar junto dele nos últimos dias, de não escutar aquele jeito desbocado que herdei quando mandava a gente ao "cu da vó", muito menos a força de vontade e teimosia de não se entregar, a qual infelizmente não lhe agarrei dos genes. Embora tenha a crença espiritualista de que esta brincadeira chamada vida não acaba por aqui, hoje senti falta da presença física, e quando estamos longe, impotentes, quando nos mentem que ainda há chances, mesmo sabendo que não haveria, mesmo quando nos mentem já no velório que tudo está bem, mesmo quando nos querem proteger. Não há respostas, não há consolo, não há tempo. Há apenas uma estúpida duma puta distância que não cura. E quando acordamos no meio da noite lavada em lágrimas porque sonhamos com uma despedida que não houve, temos certeza. Certeza de que tudo que fazemos é pouco, e que no fundo não passamos de crianças com medo do escuro.

Por onde anda?


Há uns bons anos quando assistia o programa "Vídeo Show", tinha um quadro onde os fãs mandavam sugestões. O nome era "por onde anda?" e assim sabia-se que o menino Ferrugem cresceu e ficou muito feio, que a mocinha da novela das seis do ano que nasci estava uma matrona, que o cantor de um só sucesso virou músico de churrascaria. Enfim, no fundo o programa até devia ser uma depressão para aqueles que saíram dos holofotes e hoje vivem como os simples mortais. Mas o que eu queria saber mesmo é por onde anda a Dona Neura. A simpática pessoa que vez por outra habitava meu corpo e se punha a ginasticar, a fazer faxinas como se não houvesse amanhã, que se olhava ao espelho e se empoleirava de saltos e batom para passar o aspirador enquanto escutava música. Sabes Dona Neura, sinto uma falta imensa da senhora, anda, podes voltar, aqui em casa está "quase" tudo como deixaste. Nem toquei em nada porque olha, só tu mesmo para fazeres este corpo voltar ao que era.  Será que resolve mandar uma carta ao Vídeo Show? Não vá a Dona Neura ter me trocado por outra dona de casa qualquer...

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Na vida coisa mais feia é gente que vive chorando de barriga cheia

É uma música do Zeca Pagodinho, mas poderia muito bem servir de trilha sonora a um casal de amigos do marido. Foram na mesma época que ele para Portugal, o homem informático, a mulher técnica de enfermagem, penaram como todo mundo para se adaptar, embora se adaptar recebendo muito bem seja mais fácil. Mesmo assim a mulher foi fazer tudo que foi trabalho temporário, dizia que naquela época fazer promoção em supermercado dava dinheiro. E ela fez. Conseguiu se formar e como não arranjou emprego na área começou a trabalhar de administrativa na própria faculdade em que tirou o curso. Quando chegou a crise para nós, marido ficou desempregado, começaram a pensar em voltar para o Brasil. Pediu demissão, deu adeus aos recibos verdes e foi trabalhar no negócio da família. Ah pois é, muito trabalho, muita correria, completamente diferente de Portugal. Nós vivemos o american way sem a parte boa. O camarada então está há um ano no Brasil e vive reclamando, mas o detalhe é que em primeiro lugar conseguiu não só manter o padrão de vida que possuía em Portugal, como manter os dois (sim dois!!!) apartamentos que possui neste país. Em segundo, conseguiu rapidamente comprar um imóvel no Brasil, tem dinheiro para a hora que quiser ir passar umas férias na Europa e a única coisa que lhe falta é tempo. Sim, tem de trabalhar muito em um negócio que é deles, que não estão sendo explorados por patrão nenhum e que como é ligado a safras e adubos, pode folgar uns meses no período de colheita.  Mas reclama! Ah como a vida é difícil! Ah coitados de nós temos de nos sujeitar a tanto trabalho, não termos o mar perto, termos uma vida muito cara no Brasil (que por mais que seja cara podemos pagar)! Haja paciência, eu bem que tento, mas é sempre a mesma lamúria!!! Não ficaram desempregados mais de um ano, não ficaram a viver com os pais e/ou sogra, não ficaram devendo, não ficaram dependendo de ninguém, mas olha que interessante, o ônus disto é o trabalho e a falta de tempo. Só me dá vontade de dar força, voltem para Portugal! Voltem a trabalhar em promoção de mercado e quem sabe ele consiga um salário que hoje oferecem um terço para esta área. Voltem e vejam que provavelmente o banco lhes tomará sendo otimista, um dos apartamentos porque não devem conseguir uns 1500 para sustentar os dois. Nós bem queríamos voltar, o marido às vezes suspira e diz que se ganhasse no Euromilhões comprávamos uma casa em Carcavelos ou Estoril. Mas porra, daí a largar tudo que conseguimos até agora como se fôssemos bestas, ignorando que o bicho tá comendo por lá, é no mínimo, vá lá, ingratidão para com a vida.
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