terça-feira, 5 de novembro de 2013

O dilema das leggings

Já li muita gente falando mal das ditas. Já vi fotos, já vi coisas nas ruas por aqui também que até nem foram tão traumatizantes. Por acaso era uma jovem magra com uma calcinha fio dental a passar de bicicleta. O primeiro ponto a esclarecer é que ao que parece as européias não entenderam as leggings. E isto se deve ao fato de que as que se vendem por aqui não passam de meias-calça muitas nem de um fio 40: completamente transparentes. No Brasil usam-se desde uma década atrás e lá são fabricadas em suplex, que é o mesmo tecido das roupas de ginástica. Não acho vulgar usar com saias e vestidos curtos, vulgar sim é pegar em uma meia calça e sair de blusão estilo boyfriend em que se enxergam até a costura das supostas "leggings".  Portanto, mais uma vez blogosfera: as leggings não estão no mesmo departamento das saruel, são práticas, deixam a mulher elegante (se nos atermos em cores escuras e camisas mais soltas), só é preciso escolhê-las na sessão de esportes. Ou importar do Brasil.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A invenção da infância

As pessoas acham que estudar história é decorar datas, saber os feriados, e não entendem a importância desta disciplina. Esta é uma queixa constante dos meus ex-colegas professores. Para mim a história só faz sentido se nos por a pensar e nos levar para viajar em outros tempos, por exemplo hoje o que chamamos de infância, a tal proteção que temos com nossas crianças, não passa de uma invenção moderna. As crianças até a existência das vacinas e antibióticos eram seres extremamente frágeis tanto que muitas delas só recebiam nome a partir de determinada idade, quando tornavam-se menos fadadas à morte, como se isto fosse possível. Há uma expressão muito antiga: não deixar ir a criança com a água da bacia. Isto porque o banho (quando havia diga-se de passagem) era inaugurado por ordem de importância familiar, portanto o chefe de família, depois a esposa, depois os velhos, depois os filhos por idade cronológica e por último, os bebês. Isto mesmo! Imagina a pureza da água, você mãe que ferve e esteriliza tudo e se possível só daria banho com água engarrafada! As crianças antes da Revolução Industrial já trabalhavam e não refiro-me a trabalhar na roça, mas nas pequenas manufaturas mantidas às vezes pelos beneméritos padres e freiras, nos orfanatos, ou mesmo quando adotadas (até porque geralmente o eram com este fim), retribuíam com horas e horas sentados a coser, pregar, etc. Fotos de arquivo, mostram mais tarde, pedais e maquinário adaptado para pés e mãos de apenas...cinco anos! E nem pensem que ser rico era muito melhor.
As crianças na corte francesa, só para citar um exemplo, eram tidas como pequenos-adultos a partir dos dois anos de idade e obrigadas a vestirem-se como tal, naquelas roupas super confortáveis. Tais infantes eram criados, como se sabe, por amas e pouco contato tinham com os pais. Mesmo os brinquedos dos ricos eram poucos e muito caros, não sendo raro passarem de geração a geração. Ademais, prova mesmo de que a infância simplesmente não cabia no pensamento da época, são os casamentos infantis, muitas vezes consumados antes da menarca da menina. Portanto o que hoje a mídia e tanta gente se escandaliza com a gravidez de uma "criança" de treze anos, há poucos séculos atrás isto seria absolutamente normal, lembrando que mulheres com trinta anos estariam hoje para as nossas coroas de 40/50 anos. Dar este panorama para os jovens que ensinam seria muito interessante, fazê-los pensar em como seriam suas vidas se tivessem nascido  nesta época com pouco ou mais de sorte. Muito provavelmente mais da metade não estaria sentada ali vivinha da silva. É só assim que a História se faz necessária, ao nos dar conhecimento de nossa caminhada até aqui enquanto humanidade, sendo este conceito como quase todos, uma mera construção moderna, inclusive a infância, e convenhamos, nossas crianças nunca foram tão felizes  como hoje.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fomos assaltados

É verdade, mas o que nos roubam é... comida. Não são as aranhas, não senhor. Temos é um gato preto do vizinho que não pode ver a janela aberta que zapt aqui para dentro. A nossa janela dá para o quintal deles e não temos nada que separe um terreno do outro senão um muro bem pequeno, que não espanta nem formiga. Tivemos a certeza do roubo depois de alguma discussão a respeito de uma panqueca que sobrou, a qual o marido jurava que não tinha comido além de uma provinha. E eu pensava que ele tinha era esquecido disto, porque o homem vive no mundo da lua. Como o Fabian não alcança a bancada só restava ele, porque eu até então tenho uma memória RAM de dois teras. Eis que ontem vou na cozinha colocar o prato e deparo-me com o gato de olho nas batatas assadas que o marido tinha feito. Dei um grito e o bicho lá saiu tropeçando nas próprias patas. Eu não odeio gatos, mas detesto gatos ladrões, gatos que andam pela cozinha, em cima da mesa, detesto comida com pelo de gato. Este era um problema que tínhamos seguidamente na casa da minha sogra e se um cão podemos educar, já um gato não é assim tão simples. Agora temos de ter cuidado redobrado com a janela e temos de falar para o vizinho sobre isto (embora ache que não adiante muito). Agora me digam, qual é a pena para um ladrão destes? 

A novela da cozinha

Estamos tentando arrumar a cozinha há uma semana. Primeiro o marido tentou inutilmente contactar com o rapaz que montou ela primeiro, depois lá fui eu atrás de "maridos de aluguel" até que conseguimos tratar com um senhor português. Conversa vai, desculpa vem, nunca podia. Mas nos apresentou o seu pai que também trabalhava com isto. Pois o homem veio sábado passado e ficou oito horas entretido em tirar o plano de trabalho, por mais para cima, arrumar os móveis, cortar o plano de trabalho original, etc. Ficou faltando por os tapa pés de metal e um dos armários superiores. Ficou de vir segunda e não veio. Hoje apareceu para acabar de vez com esta novela. A bucha para pendurar o armário: não trouxe. A serra para cortar: não estava boa. O silicone para impermeabilizar a bancada da pia: estava fora do prazo de validade e completamente seco. O que vale é que volta amanhã. Depois que o marido contou-me que o senhor está enfrentando um processo de divórcio e que descobriu que a ex-mulher lhe deixou um monte de dívidas, até tive pena do homem. Não é à toa que anda todo desbaratado. 
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