quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Dos dias

Tenho andado triste nestes últimos tempos. Nada me anima. Bléc, pra que acordar, mais um dia nublado e chuvoso e frio em que nada acontece?! É um nada dividido em sirenes de ambulância que passam agora de três em três horas. Bem que tento, afinal ainda tenho motivos para levantar da cama: buscar o Fabian na escola, fazer comida, limpar a casa (nem por isto...dona Neura cadê você??). E a parte que me irrita é que nem sei bem porque ando assim, então já tenho a minha casinha que tanto adoro, as minhas/nossas coisas e...suspiro...não me falta nada. Ou falta? É nostalgia ou será que estou caminhando para a lenta e dolorosa adaptação?  
Sempre imaginei que fosse uma pessoa que não se agarrava ao passado, mas isto não é verdade. O que acontece é que de fato mudar é um transtorno, esta parte de se reinventar, de (re)começar, de criar laços e voltar a sentirmo-nos em casa leva tempo. Ainda acho que Deus é um tremendo sacana, me colocou em Portugal, agora me fez subir de nível em um país em que é ainda mais difícil de fazer amizades do que o último. Enfim...um passinho de cada vez.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Tu tens é inveja!


À semelhança do que aconteceu em Portugal com o tal escândalo do milionário brasileiro, aqui (ops às vezes acho que ainda estou no Brasil), lá o pessoal anda em polvorosa por causa do "rei do camarote". Achei muito interessante a crônica que saiu no jornal da minha cidade natal sobre este fenômeno de indignação, e concordo que os supostos policiais da moral e bons costumes são no fundo um bando de invejosos. Porque cada um de nós no fundo sente um sabor azedo quando vê casos deste tipo. E ah não me venham com: não, eu não sou invejoso, o fulano gasta o dinheiro como quer e ninguém tem nada a ver com isto. Mentira: sente inveja sim. E o que nos dá faniquito neste tipo de comportamento entre as pessoas mais abastadas é justamente a ostentação pura e triste (e que de certa forma nós também a fazemos). 

"O argumento de muitos para justificar sua crítica – e seu ódio – é de que é moralmente condenável ostentar riqueza em um país como o nosso, no qual ainda há pessoas que morrem por miséria. É difícil enfrentar essa nobre posição, banhada de amor ao próximo e desejo de igualdade. O que as belas almas filantrópicas esquecem é que, ao crucificar Alexander, buscam expiar um pecado que provavelmente cometem diariamente: todos nós ostentamos. Seja passando de carro ao lado do ônibus lotado, saindo do supermercado cheios de sacolas (e não apenas da cesta básica, quem não gosta de um pequeno luxo?), puxando do bolso o iPhone para telefonar na fila do banco. Claro que não consideramos isso ostentação, gostamos de pensar que nossa condição é o normal: sempre há alguém acima de nós para ser aquele que tem demais, e alguém abaixo para invejar aquilo que nos é de direito. Dificilmente somos os privilegiados ou os invejosos. Mas não são só os bens materiais que se ostentam. Podem ser as qualidades – a beleza, a bondade, a superioridade moral. Sem se dar conta disso, muitos críticos de Alexander incorreram no mesmo pecado que condenaram.Aqueles nos quais Alexander despertou apaixonadas ou compadecidas reações ignoram que, em algum recôndito escondido, o invejam. Não porque gostariam de ser o “rei do camarote”, mas porque ele pode se dar ao luxo de não se preocupar com dinheiro, aparentemente pode ter o que quer. Se, enquanto sociedade, somos pautados por um ideal de fraternidade, Alexander é como o irmão mais velho da prole: sempre vamos encontrar uma razão para criticá-lo, porque nos mostra que podemos menos que ele, que mesmo irmãos não somos iguais. Travestimos de superioridade moral a inveja que subjaz à relação com os irmãos que, imaginamos, podem desfrutar de um gozo que nos é vetado (mas secretamente desejado): poder fazer o que bem se quer."
***

"A superação do egoísmo absoluto dos (fantasiados) dias de rei é condição necessária para uma vida entre semelhantes. O desejo de que possamos viver em uma sociedade mais fraterna e igualitária é nobre, há muitos que trabalham arduamente para isso, não fosse assim as desigualdades sociais seriam ainda mais gritantes. No entanto, linchar em praça pública quem parece indiferente a essas questões em nada contribui para amenizá-las. Apenas apazigua a culpa que carregamos por, apesar das boas intenções, também ostentarmos privilégios – e desejar ainda mais, sejam eles materiais ou não. Condenar Alexander é condenar esse pequeno rei que segue nos habitando, e que não combina muito com a imagem de bom samaritano que preferimos trajar ao sair para a praça, real ou virtual, na qual sempre tentamos ostentar nossa melhor imagem."

Reportagem aqui.

domingo, 10 de novembro de 2013

Os monstros


Meu filho agora teima em dizer que há monstros na casa. Tem medo de ir sozinho ao banheiro, quer que acendamos a luz. Na hora de dormir temos de ficar ao lado até cair completamente em sono profundo, pois caso ousarmos sair antes disto, uma pequena mão nos "manda" deitar a cabeça novamente. 
Queria muito lhe dizer uma coisa: os monstros na verdade existem. Embora a gente balance a cabeça e digamos que não. Eles existem e se alimentam de escuro. De mágoa. De raiva. De passado. De medo. E é difícil controlá-los, com o tempo ele irá aprender a disfarçar, mas invariavelmente terá momentos em que se entregará a eles. E talvez o maior medo de um adulto seja ser engolido por um. 
Fiquei por muitos minutos transtornada quando li a história de Junko Furuta, talvez mais uma entre tantas e tantas outras, mas esta  de forma especial fez-me pensar que os monstros andam aí. Quantas vezes imagino cenas no calor da raiva, quantas vezes não deixo-me cega e incapaz de distinguir entre o bem e o mal, apenas uma vontade urgente de destruir tudo a minha volta? E às vezes tenho medo de mim e penso que só me diferencio de certos criminosos pelo fato de que meus delitos tenham acontecido apenas na minha mente. E se tivesse a frieza e capacidade para tal? Ou se não tivesse nada a perder? Ou se não tivesse mais medo de tornar-me um monstro e dar vazão a todos os impulsos medíocres que atravessam meu pensamento? 
Sim, meu filho, os monstros existem: dentro de nós. Nunca se esqueça disto. E nunca deixe de lutar contra eles. 

O tímido Natal

Não sei  se é por estas bandas, mas se não somos daquelas pessoas que andam sempre a olhar tudo (inclusive o teto) não íamos nos dar conta que estamos há menos de dois meses do Natal. Aos poucos, algumas bolas e guirlandas surgem no alto dos grandes mercados, e talvez este seria o único indício se não fosse o corredor dos brinquedos triplicado. Até agora népia de árvore. O Auchan saiu apenas com uma por 9.90 que era cruzes, muito feinha. No E. Leclerc vão pensar mais à sério no fim do mês. Pode ser que seja uma louquinha por Natal, mas eles também me parecem tão pouco empolgados! Nem tocam bate-o-sino-pequenino, nem Simone, nem nada. 
A Alemanha é logo ali, como sabemos, e parece que os "alemón" já estão vendendo decorações lindíssimas. Quase todos os dias temos panfletos de lá na caixa de correio e eu fico babando e sonhando quando o marido vai se dispor a nos levar a  Khel para finalmente deixar o Natal entrar em casa. Porque até agora só consegui comprar as luzinhas...





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