Tentando ensinar-lhe o (pouco) que sei de francês:
- Sabe como se diz cabeça em francês?
- Cabeça.
- Tête.
- Tête...teto. - apontando para cima.
- E nariz?
- Naliz.
- Não, nez (nê).
- Nê..nê. Nenê mãe?
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Se fosse hoje era musa, ah se era!
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| Carol Castro: até a tatuagem foi à vida. |
Sentados no sofá, o marido vai ditando os nomes das musas em sua juventude. Googlamos juntos e passeamos pelas fotos digitalizadas e que pouco tinham além de maquiagem e a farta cabeleira dos anos 70/80. Seios naturais, pneuzinhos, aquelas dobrinhas de pele que teimam em resvalar fora da roupa: estava tudo lá. Mulheres normais, claro que um tanto quanto abençoadas pela natureza, mas nenhum pouco se assemelham às deusas que a mídia faz crer que coexistem conosco, mulheres mortais. Mulheres que "matam" a academia, a dieta e ainda tem o despudor de ostentarem celulite e estrias (e peso a mais). Mulheres que cansam, que borram o rímel, tem calos ou bolhas nos pés. Mulheres que roem unhas, que acreditam que fazem tudo mal porque não conseguem seguir o regime da moda.
| Rose di Primo na esquerda, com os pneuzinhos dos lados partilhados por quase toda ala feminina. |
Quando vi mais uma vez o enunciado: veja os dez segredos das Angels, estupidamente sorri, nem sei se de enjoo ou inveja. Genética, genética, passar fome, genética, genética, maquiagem, genética, photoshop, genética, dinheiro, genética.
São aquelas a quem chamamos magras de ruim, são capazes de parir e sair desfilando da maternidade! Puff.. No entanto mesmo elas tem um grande suporte editorial, que faz com que sua cintura fiquei ainda mais fina, os seios mais empinados, as pernas tenham o ar saudável que muitas vezes não tem, o rosto fique com pele de bumbum de bebê. E às tantas pergunto-me se a perfeição pixelônica está aí porque nós mulheres somos umas eternas insatisfeitas-que-buscam-qualquer-defeitinho-em-outras-mulheres, ou porque o que é atraente mesmo que irreal vende mais. E não deixo de imaginar que este suposto ideal plastificado tem um quê daqueles fetiche por bonecas sexuais modernas.
Dos dias
Tenho andado triste nestes últimos tempos. Nada me anima. Bléc, pra que acordar, mais um dia nublado e chuvoso e frio em que nada acontece?! É um nada dividido em sirenes de ambulância que passam agora de três em três horas. Bem que tento, afinal ainda tenho motivos para levantar da cama: buscar o Fabian na escola, fazer comida, limpar a casa (nem por isto...dona Neura cadê você??). E a parte que me irrita é que nem sei bem porque ando assim, então já tenho a minha casinha que tanto adoro, as minhas/nossas coisas e...suspiro...não me falta nada. Ou falta? É nostalgia ou será que estou caminhando para a lenta e dolorosa adaptação?
Sempre imaginei que fosse uma pessoa que não se agarrava ao passado, mas isto não é verdade. O que acontece é que de fato mudar é um transtorno, esta parte de se reinventar, de (re)começar, de criar laços e voltar a sentirmo-nos em casa leva tempo. Ainda acho que Deus é um tremendo sacana, me colocou em Portugal, agora me fez subir de nível em um país em que é ainda mais difícil de fazer amizades do que o último. Enfim...um passinho de cada vez.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Tu tens é inveja!
À semelhança do que aconteceu em Portugal com o tal escândalo do milionário brasileiro, aqui (ops às vezes acho que ainda estou no Brasil), lá o pessoal anda em polvorosa por causa do "rei do camarote". Achei muito interessante a crônica que saiu no jornal da minha cidade natal sobre este fenômeno de indignação, e concordo que os supostos policiais da moral e bons costumes são no fundo um bando de invejosos. Porque cada um de nós no fundo sente um sabor azedo quando vê casos deste tipo. E ah não me venham com: não, eu não sou invejoso, o fulano gasta o dinheiro como quer e ninguém tem nada a ver com isto. Mentira: sente inveja sim. E o que nos dá faniquito neste tipo de comportamento entre as pessoas mais abastadas é justamente a ostentação pura e triste (e que de certa forma nós também a fazemos).
"O argumento de muitos para justificar sua crítica – e seu ódio – é de que é moralmente condenável ostentar riqueza em um país como o nosso, no qual ainda há pessoas que morrem por miséria. É difícil enfrentar essa nobre posição, banhada de amor ao próximo e desejo de igualdade. O que as belas almas filantrópicas esquecem é que, ao crucificar Alexander, buscam expiar um pecado que provavelmente cometem diariamente: todos nós ostentamos. Seja passando de carro ao lado do ônibus lotado, saindo do supermercado cheios de sacolas (e não apenas da cesta básica, quem não gosta de um pequeno luxo?), puxando do bolso o iPhone para telefonar na fila do banco. Claro que não consideramos isso ostentação, gostamos de pensar que nossa condição é o normal: sempre há alguém acima de nós para ser aquele que tem demais, e alguém abaixo para invejar aquilo que nos é de direito. Dificilmente somos os privilegiados ou os invejosos. Mas não são só os bens materiais que se ostentam. Podem ser as qualidades – a beleza, a bondade, a superioridade moral. Sem se dar conta disso, muitos críticos de Alexander incorreram no mesmo pecado que condenaram.Aqueles nos quais Alexander despertou apaixonadas ou compadecidas reações ignoram que, em algum recôndito escondido, o invejam. Não porque gostariam de ser o “rei do camarote”, mas porque ele pode se dar ao luxo de não se preocupar com dinheiro, aparentemente pode ter o que quer. Se, enquanto sociedade, somos pautados por um ideal de fraternidade, Alexander é como o irmão mais velho da prole: sempre vamos encontrar uma razão para criticá-lo, porque nos mostra que podemos menos que ele, que mesmo irmãos não somos iguais. Travestimos de superioridade moral a inveja que subjaz à relação com os irmãos que, imaginamos, podem desfrutar de um gozo que nos é vetado (mas secretamente desejado): poder fazer o que bem se quer."
"A superação do egoísmo absoluto dos (fantasiados) dias de rei é condição necessária para uma vida entre semelhantes. O desejo de que possamos viver em uma sociedade mais fraterna e igualitária é nobre, há muitos que trabalham arduamente para isso, não fosse assim as desigualdades sociais seriam ainda mais gritantes. No entanto, linchar em praça pública quem parece indiferente a essas questões em nada contribui para amenizá-las. Apenas apazigua a culpa que carregamos por, apesar das boas intenções, também ostentarmos privilégios – e desejar ainda mais, sejam eles materiais ou não. Condenar Alexander é condenar esse pequeno rei que segue nos habitando, e que não combina muito com a imagem de bom samaritano que preferimos trajar ao sair para a praça, real ou virtual, na qual sempre tentamos ostentar nossa melhor imagem."
Reportagem aqui.
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Reportagem aqui.
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